A ciência e filosofia do livre-arbítrio: afinal, será que ele existe?

Tecmundo






Existe livre-arbítrio? Diferentes frentes de estudo vêm tentando responder a essa questão metafísica ao longo dos séculos. Tão complexa quanto onde nasce o "eu", filósofos e cientistas vem perscrutando a mente e o corpo biológico onde essa batalha nasce.
Para algumas correntes científicas, nossas escolhas são determinadas por nossos genes e pelos espaços onde nos desenvolvemos. Já para outras, apesar de toda essa bagagem, podemos ser agentes de transformação do nosso próprio eu, escolhendo a trajetória da nossa vida.
E para você, temos realmente liberdade de escolha ou somos determinados a pensar, ser e agir como agimos? Saiba mais sobre livre-arbítrio.
Para você, o livre-arbítrio existe?
Uma definição simples de livre-arbítrio pode ser descrita como a liberdade de escolher entre alternativas de forma independente. Essa escolha pode variar entre os itens mais simples do dia-dia, como tomar ou não um café pela manhã , ou então mudar de carreira, país e de vida, simplesmente porque você assim deseja.
Para teístas criacionistas, o livre-arbítrio existe desde a criação da humanidade, sendo um presente divino para o homem, que pode escolher livremente seguir a Deus a ou rejeitá-lo conforme fosse seu desejo.
No entanto, essa dádiva vem acompanhada de uma responsabilidade. Visto que você é livre para escolher, também deve ser responsável por suas escolhas. Já outra vertente filosófica diz que o livre-arbítrio é apenas uma ilusão e suas escolhas são determinadas pela sua genética e o contexto onde você cresceu.
Deste ponto de vista, sua responsabilidade perante suas escolhas é quase nula, já que você, independentemente de qual fosse de fato sua vontade, será sempre levado às escolhas que não estão sob seu controle. Entre um ponto e outro, não temos uma resposta definitiva.
Nosso pensamento nasce na ativação de diversos conjuntos de neurônios que ditarão como uma atividade será escolhida ou realizada. Mas essa escolha poderia estar pré-programada nos seus genes.
Herdamos a genética de nossos ancestrais e crescemos em culturas que nos moldam socialmente . Esse "receita" forma quem somos, como pensamos e como devemos agir em uma conduta moral. A essa construção, que ditará um desfecho, é dado o nome de Determinismo.
Tudo já está nos seus genes, você só precisa de um gatilho para a escolha pré-determinada ser realizada.
Para essa corrente filosófica, não importa qual desejo realmente tenhamos, a escolha final sempre será marcada por algo que foi ditado a nós. Sendo assim, o livre-arbítrio seria apenas uma ilusão. Você acha que escolheu, mas a cultura que o cerca, seus amigos, crenças e tudo o mais, já haviam escolhido antes que você ao menos pensasse em se levantar.
Partindo desse pressuposto, já que não somos nós que escolhemos, em quem recaí a responsabilidade por nossa conduta?
Em uma corrente contrária, os que defendem o livre-arbítrio, somos nós os agentes ativos de transformação de nossa própria história. Por isso, não apenas temos a capacidade de escolher segundo nossa própria vontade, mas também devemos arcar com a responsabilidade por nossas decisões.
Para os indeterministas, fatores genéticos são relevantes, no entanto, assim como a cultura são fatores contribuintes para decisões e não algo que irá ditar como a história termina. Quem luta contra o status quo, que o diga.
Os detalhes do funcionamento do nosso cérebro ainda não são completamente esclarecidos. Sabemos como as sinapses ocorrem e como a comunicação celular se desencadeia para ser quem somos, no entanto, onde nasce a consciência ?
A metafísica continua muito presente ao discutir onde nasce o "eu", as escolhas e como desempenhamos nossos papéis no mundo. A complexidade do ser humano vai muito além de um desempenho ótimo de um organismo celular.
Apesar de fatores não modificáveis herdados geneticamente, como a cor dos olhos, da pele ou o nariz, que você pode detestar, como você pensa e age, ainda que influenciada pelo contexto onde vive, pode ser alterada pelo contato com outras culturas e novos conhecimentos.
Somos um conglomerado de células muito complexo.
Há inclusive na neurociência o conceito de plasticidade cerebral, que pode ser conceituada como a capacidade do cérebro em se modificar, criando novos caminhos neuronais em resposta a estímulos do ambiente, ou cognitivos, em um constante aprendizado.
Considerando os diversos cenários, é fatídico dizer que não há uma resposta concreta sobre o livre-arbítrio, baseado na ciência atual.
No entanto, pode chegar o dia em que nosso cérebro seja completamente mapeado e finalmente tenhamos respostas para essa e outras questões singulares que transitam entre a ciência e a filosofia da existência e singularidade humana.
Gostou do conteúdo? Então, fique por dentro de mais assuntos como esse aqui no TecMundo e aproveite para saber também sobre a descoberta do mecanismo que pode ser responsável pela consciência humana .


