'2012': O fim do mundo e a profecia maia que foi mal interpretada em filme
Aventuras Na História

Em 2009, o diretor Roland Emmerich lançou '2012', um épico de destruição global que explorava o fim do mundo com maremotos, terremotos e erupções vulcânicas em escala monumental.
Com John Cusack no papel principal e um elenco estelar, o filme foi um sucesso de bilheteria, arrecadando impressionantes US$ 769,7 milhões ao redor do mundo. No centro da narrativa estava a temida data de 21 de dezembro de 2012 — supostamente o dia em que os antigos maias previram o fim da humanidade.
Mas enquanto '2012' levou o público a uma corrida frenética contra o apocalipse, a realidade por trás da profecia maia é bem menos explosiva — e muito mais simbólica. A data marcava, de fato, o fim de um ciclo de 5.126 anos no calendário maia de contagem longa, um sistema cronológico sofisticado que refletia sua profunda conexão com a astronomia e a espiritualidade. Para os maias, esse marco era motivo de renovação e celebração, não de destruição.
O filme, no entanto, optou por dramatizar a previsão com base em interpretações sensacionalistas e teorias da conspiração, como as defendidas pelo personagem Charlie Frost (Woody Harrelson), que alerta para um cataclismo global causado por mudanças polares — algo sem qualquer respaldo nos textos originais maias.
Na trama, Frost é inicialmente tratado como lunático, mas suas previsões se revelam cruciais para a sobrevivência do protagonista Jackson Curtis (Cusack) e sua família.
Explicação
Essa visão distorcida da profecia ganhou força nas décadas anteriores graças a autores ocidentais como Michael D. Coe e William S. Burroughs II, que ajudaram a popularizar a ideia equivocada de que os maias previram o fim do mundo.
No entanto, evidências arqueológicas e traduções recentes de textos antigos indicam que o verdadeiro significado de 21 de dezembro de 2012 era mais um ponto de transição espiritual do que um juízo final.
Segundo o 'Screen Rant', obras de arte e inscrições maias encontradas após a década de 1980 mostram cenas de festividades e referências a eventos ocorrendo bem além do ano de 2012 — uma clara indicação de que eles não viam essa data como um término definitivo, mas como parte de um ciclo contínuo.
Assim, '2012' permanece como um espetáculo cinematográfico cativante, mas profundamente desconectado da realidade histórica que o inspirou. O filme pode ter ajudado a gravar a data no imaginário coletivo, mas o verdadeiro legado maia segue sendo um testemunho da complexidade e riqueza cultural de uma civilização que via o tempo de forma cíclica, não terminal.

