Home
Entretenimento
A famosa pintura da Virgem Maria que ficou irreconhecível após uma restauração desastrosa
Entretenimento

A famosa pintura da Virgem Maria que ficou irreconhecível após uma restauração desastrosa

publisherLogo
Aventuras Na História
22/11/2025 17h00
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
https://timnews.com.br/system/rss_links/images/50839/original/Aventuras_na_Histo%CC%81ria.png?1764190102
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE

Um incidente desastroso ocorrido recentemente em Valência reacendeu o debate sobre a fragilidade das leis espanholas de conservação artística. Tudo começou quando um colecionador particular contratou, por 1.200 euros, um restaurador de móveis que garantiu ser capaz de limpar e recuperar uma cópia da Imaculada Conceição dos Veneráveis. A obra original, criada no século 17 pelo barroco Bartolomé Esteban Murillo, retrata a Virgem Maria envolta em luz, vestida de branco e azul, elevada sobre nuvens e rodeada por pequenos anjos. Mas o resultado dessa restauração improvisada acabou se tornando um grande fiasco, digno de manchetes internacionais.

A primeira intervenção já havia deformado completamente o semblante da Virgem. Os fios de cabelo desapareceram, os contornos delicados se dissolveram e o rosto, antes sereno, ganhou um aspecto rígido e estranho, comparado por especialistas a uma figura saída de O Grito. Ainda assim, o mesmo profissional tentou corrigir o erro com uma segunda rodada de “restauração”, que só agravou a tragédia. O novo rosto da Virgem parecia agora quase demoníaco, irreconhecível até para quem conhecia a obra original.

Mas o estranhamento público não se restringiu ao resultado final. Como destacou o portal All That’s Interesting, muitos se perguntaram por que o dono da pintura confiou a peça a alguém sem formação na área. Pior do que isso, permitiu uma segunda intervenção. Para especialistas, porém, essa imprudência não é incomum na Espanha, justamente porque a legislação atual permite que praticamente qualquer pessoa execute serviços de restauração.

Leis mais rígidas

Fernando Carrera, professor da Escola de Conservação e Restauração de Bens Culturais da Galícia, foi direto: esse caso é mais uma prova de que o país precisa de leis mais rígidas. “Você consegue imaginar qualquer um sendo autorizado a operar outras pessoas? Ou alguém que pode vender remédios sem licença de farmacêutico? Ou alguém que não é arquiteto tendo permissão para construir um prédio?”, questionou. “Não acho que esse cara — ou essas pessoas — devam ser chamados de restauradores. Vamos ser honestos: eles são uns malucos que estragam tudo. Eles destroem coisas.”

A legislação espanhola, de fato, não exige certificação formal nem treinamento adequado para realizar restaurações. Em um país com uma herança artística vasta, que conta com inúmeros templos, afrescos, esculturas e pinturas que atravessam séculos, essa brecha legal se torna especialmente perigosa.

Por isso, María Borja, vice-presidente da Associação de Restauradores e Conservadores (ACRE), classificou o episódio como um verdadeiro ato de vandalismo. Segundo ela, situações assim são muito mais frequentes do que o público imagina. “Só descobrimos sobre eles quando as pessoas os denunciam à imprensa ou nas redes sociais, mas há inúmeras situações em que trabalhos são realizados por pessoas que não são treinadas”, afirmou.

Casos semelhantes

E exemplos não faltam. Em 2018, uma peça do século 15, restaurada por Figuras de Rañadoiro, acabou se transformando em algo que lembrava um ornamento natalino de mau gosto. Em 2020, a escultura La Dolorosa de Arucas sofreu um processo igualmente catastrófico. O caso mais famoso, porém, continua sendo o da pequena capela da Sierra de Moncayo, onde, em 2012, uma pintura de Jesus Cristo foi tão mal restaurada que ganhou apelidos como “Jesus Macaco” e “Jesus Batata”. A figura distorcida tornou-se viral no mundo todo.

icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE
Confira também