Casamento Letal nos EUA: O caso real por trás do novo documentário da Netflix

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Tem estreia nesta sexta-feira, 9, o documentário Casamento Letal nos EUA, que expõe um dos crimes mais chocantes dos últimos anos: o brutal assassinato do empresário irlandês Jason Corbett em sua residência na Carolina do Norte, em agosto de 2015.
O caso, que envolveu disputas por guarda, alegações de violência doméstica e decisões controversas da Justiça americana, ganha agora uma nova perspectiva no catálogo da Netflix. A seguir, confira detalhes sobre o crime.
Morte brutal
Jason Corbett, então com 39 anos, foi espancado até a morte em seu quarto. O empresário, que havia se mudado da Irlanda para os Estados Unidos com os dois filhos após a morte da primeira esposa, Margaret, morreu vítima de um ataque violento com um taco de beisebol e uma pedra de concreto. O número de ferimentos, vale destacar, foi tão grande que o legista não conseguiu contabilizá-los completamente.
Pouco tempo depois, sua segunda esposa, Molly Martens, e o pai dela, Thomas Martens, — um ex-agente do FBI — foram presos e acusados de assassinato em segundo grau. O júri entendeu que ambos agiram com malícia, condenando-os a penas entre 20 e 25 anos.
Em 2020, no entanto, um tribunal de apelação optou por anular o julgamento com base na exclusão de declarações dadas pelas crianças.

A reviravolta abriu caminho para um novo acordo: em outubro de 2023, Molly não contestou a acusação de homicídio culposo e Thomas se declarou culpado, de modo que receberam penas de 51 a 74 meses. Os dois, porém, só precisariam cumprir cerca de sete meses adicionais por já terem cumprido 44 — e graças também a uma recompensa por bom comportamento.
Relacionamento conturbado
Conforme destacou o portal Daily Mail, o relacionamento de Jason e Molly teve início em 2008, quando ela foi contratada como babá dos filhos do viúvo.
Jovem, carismática e com um passado como ex-rainha da beleza no Tennessee, Molly rapidamente se aproximou da família e, em pouco tempo, ela e Jason estavam apaixonados. O casamento veio em 2011, logo após a mudança definitiva da família para Winston-Salem, na Carolina do Norte.
Nos primeiros anos, tudo parecia bem. Os filhos de Jason chamavam Molly de "mãe", e a nova esposa dizia sentir-se preenchida pelo papel de madrasta. Contudo, com o passar do tempo, o casamento começou a se deteriorar. O irmão de Molly, Connor, notou discussões frequentes entre o casal. Segundo relatos, Molly desejava adotar Jack e Sarah legalmente, mas Jason resistia — o que se tornaria um ponto de tensão crescente.
Cena do crime
Em agosto de 2015, a tensão explodiu de forma trágica. Molly afirmou que Jason a estrangulou após um desentendimento, e que seu pai interveio para salvá-la.
Thomas, que estava hospedado com a esposa na casa do casal, alega ter ouvido barulhos vindos do quarto e, ao entrar, viu o genro atacando sua filha. Munido de um taco de beisebol, ele golpeou Jason para protegê-la. A cena, descrita por ambos como uma reação desesperada, terminou com Jason morto no chão, cercado por sangue.

No entanto, as evidências forenses e as falas do júri pintaram outro cenário. A promotoria argumentou que os ferimentos indicavam uma violência contínua, que ultrapassava qualquer alegação de legítima defesa. Jason teria sido atingido várias vezes mesmo após estar imobilizado.
Os jurados, impactados pelas imagens da cena do crime, descartaram a narrativa de defesa desesperada. Uma jurada, inclusive, chegou a vomitar após ver as fotos do corpo de Jason.
A complexidade aumentou com as declarações conflitantes dos filhos do casal. Inicialmente, Jack e Sarah disseram à polícia que o pai era verbal e fisicamente abusivo com Molly. Chegaram a relatar que tinham um plano de emergência com palavras-código para chamar ajuda.
Anos depois, porém, ao retornar à Irlanda sob os cuidados de parentes da família Corbett, ambos retrataram essas declarações, afirmando que haviam sido influenciados por Molly. Isso enfraqueceu o argumento da defesa e levantou dúvidas sobre a manipulação emocional e psicológica exercida ao longo do tempo.
Gravações secretas
O novo julgamento trouxe à tona gravações feitas secretamente por Molly, nas quais Jason surge gritando com ela por não ter preparado o jantar que ele queria. Para a promotoria, o áudio não provava abuso físico, apenas desentendimentos típicos de um casal em crise. Já para a defesa, era uma prova de um padrão de comportamento controlador.
Surgiram então especulações sobre a morte da primeira esposa de Jason, Margaret, cujo falecimento por asma foi reavaliado por um especialista forense como "inconclusivo", embora sem provas diretas de homicídio.


