'Cazuza: Boas Novas': Documentário conta a vida do ícone do rock nacional
Aventuras Na História

O documentário 'Cazuza: Boas Novas' chega aos cinemas nesta quinta-feira, 17, trazendo à tona a história de vida e a carreira do renomado cantor brasileiro, Cazuza. Com direção de Nilo Romero e codireção de Roberto Moret, a obra explora as complexidades e controvérsias que marcaram a trajetória do artista.
A produção revisita um dos períodos mais significativos da vida de Cazuza, especialmente quando, mesmo diante das dificuldades impostas pela AIDS, ele atravessou uma fase criativa intensa e prolífica. Através de imagens raras e depoimentos impactantes, o documentário promete uma visão abrangente da sua contribuição para a música brasileira.
Polêmica
Um dos momentos mais controversos da carreira do artista ocorre durante uma apresentação no Canecão, em 18 de outubro de 1988, quando ele cuspiu na bandeira brasileira enquanto interpretava a canção 'Brasil'. Este ato se tornou um símbolo de protesto e é amplamente discutido no documentário.
A canção, coescrita por Nilo Romero, George Israel e Cazuza, é considerada um hino de resistência da música popular brasileira nos anos 1980. Lançada em 1988, 'Brasil' critica abertamente a hipocrisia social, a corrupção política e o moralismo vigente no país com versos incisivos como: "Brasil! Mostra a tua cara! Quero ver quem paga pra gente ficar assim". Tal manifestação musical consolidou o cantor como um artista comprometido com as questões sociais.
No evento, Cazuza estava promovendo seu álbum 'Ideologia'. Ao receber uma bandeira do Brasil arremessada por um fã, ele decidiu cuspir duas vezes no símbolo nacional. Posteriormente, declarou não ter arrependimento sobre o gesto. Ele argumentou que sua ação não era um desdém ao país em si, mas sim uma crítica ao uso vazio da bandeira por alguns setores da sociedade: "para todos acordarem", frisou, referindo-se à sua visão sobre o patriotismo oportunista.
Segundo a 'Rolling Stone Brasil', Cazuza usou essa atitude para destacar as desigualdades e injustiças que assolavam o Brasil naquela época, como a inflação galopante e os conflitos sociais exacerbados.
A repercussão do ato foi massiva; muitos admiradores identificaram-se com sua mensagem de descontentamento, enquanto outros expressaram indignação. Personalidades públicas também reagiram contra o gesto. O jornalista Humberto Saad chegou a criticar o artista publicamente por considerar ofensiva tal atitude em relação à bandeira nacional.
Após a controvérsia, Cazuza escreveu uma carta elucidando suas intenções com o gesto. No entanto, este texto só foi publicado postumamente pelo jornal 'O Globo' semanas após sua morte. Em suas palavras:
"Eu realmente cuspi na bandeira e duas vezes. Não me arrependo... A bandeira de um país é o símbolo da nacionalidade para um povo. Vamos amá-la e respeitá-la no dia em que o que está escrito nela for uma realidade".
Documentário
O filme 'Cazuza: Boas Novas' destaca os anos entre 1987 e 1989 como um período emblemático na vida do cantor. Durante este intervalo, mesmo lidando com os desafios impostos pela AIDS e deterioração de saúde, Cazuza lançou três álbuns aclamados e realizou mais de 40 apresentações do show 'O Tempo Não Para', solidificando seu legado na música brasileira.
A produção é realizada pela 5e60 Filmes sob a direção de Nilo Romero e conta com distribuição da Kajá Filmes e Curta Cine-Distribuidora.


