Címbalos antigos revelam papel da música na conexão de civilizações

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Um par de címbalos de cobre descobertos no norte de Omã está oferecendo novas pistas sobre como as sociedades antigas se conectavam — não apenas por meio do comércio, mas também pela música.
Encontrados em 2018, no sítio arqueológico de Umm an-Nar, em Dahwa, nos Emirados Árabes Unidos, os instrumentos datam do terceiro milênio a.C. e são os primeiros de seu tipo a serem bem contextualizados na região.
Segundo um estudo recente publicado no periódico Antiquity, arqueólogos da Sultan Qaboos University realizaram análises visuais e químicas para rastrear a origem dos címbalos.
Embora sua forma se assemelhe a instrumentos do Vale do Indo, os testes confirmaram que o cobre utilizado é local, extraído em Omã — indicando produção regional e possível apropriação cultural de elementos estrangeiros.
Linguagem comum
Mas o valor da descoberta vai além da metalurgia. Os címbalos estavam posicionados de forma deliberada em uma estrutura importante do assentamento, sugerindo uso ritualístico, semelhante a práticas observadas na Mesopotâmia e no Levante.
Para os pesquisadores, esses objetos podem ter desempenhado papel central em cerimônias públicas e momentos comunitários, funcionando como uma ponte sonora entre diferentes culturas.

O som desses címbalos pode ter reverberado pelos vales de Dahwa, unindo as pessoas por meio de experiências coletivas e rituais", comentou o professor Nasser Al-Jahwari, coautor do estudo.
A hipótese ganha força diante de outras evidências culturais encontradas na região, como brinquedos, utensílios e contas típicas do Indo — sugerindo a presença de migrantes integrados à vida local entre 2600 e 2000 a.C.
Segundo o 'Archaeology News', a presença desses instrumentos reforça a ideia de que o contato entre as civilizações da Idade do Bronze não era apenas econômico, mas também profundamente humano e simbólico.
"A música, o canto e a dança já atuavam como linguagem comum entre os povos, ajudando a construir identidades multiculturais há mais de quatro milênios", concluem os autores no estudo.


