Dorinha Durval: Primeira Cuca se afastou da TV após assassinar o marido

Dorinha Duval, conhecida por dar vida à icônica Cuca na primeira versão do Sítio do Picapau Amarelo exibida na década de 1970, morreu nesta quarta-feira, 21, aos 96 anos. Muito antes de assustar gerações de crianças na televisão, a atriz já havia deixado sua marca na teledramaturgia brasileira.

Nascida Dorah Teixeira, em São Paulo, Dorinha iniciou a carreira artística como cantora na boate Oasis, localizada no subsolo do edifício Esther, no centro paulistano, acompanhada por Moacyr Peixoto, irmão de Cauby Peixoto.

Trajetória

Com talento multifacetado, também foi bailarina, vedete em teatro de revista, atriz de cinema e de radionovelas. Sua beleza rendeu três vitórias consecutivas no concurso "Certinhas do Lalau", criado por Stanislaw Ponte Preta.

Na televisão, teve passagens pelas emissoras Tupi, Rio e Excelsior, antes de ser contratada pela Globo em 1969. Participou de três novelas marcantes: Irmãos Coragem (1970) e Selva de Pedra (1972), escritas por Janete Clair, e O Bem-Amado (1973), de Dias Gomes — a primeira novela exibida em cores no Brasil, onde interpretou Dulcinéia Cajazeira, uma das três irmãs solteironas ao lado de Ida Gomes e Dirce Migliaccio.

Entre 1977 e 1978, deu vida à temida Cuca, figura folclórica brasileira que se tornou símbolo de sua carreira. Além das novelas, atuou em programas humorísticos, séries e casos especiais na televisão.

A notícia de sua morte foi comunicada pela filha, a também atriz Carla Daniel, de 59 anos, fruto de seu casamento com o diretor Daniel Filho. “É com tristeza, mas alívio, que nos despedimos. Mãe, avó, amiga e que trouxe bons momentos de alegria para o público brasileiro. Te amo”, escreveu Carla nas redes sociais.

Daniel Filho, com quem Dorinha foi casada entre 1962 e 1972, também se despediu: "Uma longa vida, com um valioso legado, nossa filha", escreveu o cineasta.

Crime

A trajetória artística de Dorinha teve um fim abrupto em 1980, quando, aos 52 anos, matou o então marido, o publicitário Paulo Sérgio Garcia, com três tiros, em sua casa no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro.

No livro de memórias "Em Busca da Luz", narrado por ela a Luiz Carlos Maciel e Maria Luiza Ocampo, afirmou ter agido em legítima defesa. Condenada a seis anos de prisão, cumpriu apenas oito meses em regime semiaberto e, após o episódio, afastou-se da vida pública e passou a se dedicar à pintura.

Seu primeiro casamento foi com o produtor Mário Pamponet Júnior, diretor da TV Tupi em São Paulo. Com Daniel Filho, a relação profissional e afetiva teve início ainda na juventude, quando foi descoberta pelos pais do diretor, os atores Maria Irma e Juan Daniel. Os dois trabalharam juntos em diversas produções televisivas.