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O Eternauta: sucesso na Netflix reacende busca por família de autor
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O Eternauta: sucesso na Netflix reacende busca por família de autor

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Aventuras Na História
12/05/2025 13h37
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©Arquivo Pessoal
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Nas últimas semanas, uma produção que vem chamando grande atenção dos assinantes da Netflix é a nova série 'O Eternauta', uma adaptação da clássica história em quadrinhos de mesmo nome publicada originalmente em 1957. Criada pelo argentino Héctor Germán Oesterheld, inicialmente como uma obra de ficção científica, a narrativa acabou se mostrando uma previsão sombria dos duros anos da ditadura militar na Argentina, que começou em 1976.

A história é ambientada em Buenos Aires e, logo no início, acompanhamos o surgimento de uma neve misteriosa e tóxica, que dizima quase todos os seres humanos por onde quer que passem. Por isso, os sobreviventes precisam ficar isolados e protegidos da neve, enquanto o mundo mergulha em profundo caos.

Enquanto isso, acompanhamos um homem chamado Juan Salvo, protagonista da história, que embarca em uma jornada e luta desesperada pela sobrevivência. Nos desenrolares da trama, o que descobrimos é que a nevasca e todo o caos teve início com alienígenas que invadiram a Terra — de forma que a mensagem central dos quadrinhos é um discurso anti-imperialista.

Cena de 'O Eternauta' / Crédito: Divulgação/Netflix

Porém, apenas duas décadas após a publicação, foi instaurada na Argentina uma ditadura militar, que hoje é lembrada como uma das mais brutais da América do Sul. Estima-se que, entre 1976 e 1983, os militares esmagaram pesadamente qualquer potencial oposição, matando ou fazendo desaparecer um total de cerca de 30.000 pessoas.

Em busca de respostas

Esquerdista, Oesterheld foi um dos alvos dos militares, sendo preso por eles em 27 de abril de 1977. Junto a ele, também foram levadas suas quatro filhasEstela, Diana, Marina e Beatriz — e seus quatro genros. Além disso, vale destacar que duas delas, Diana e Marina, que tinham 23 e 20 anos, estavam grávidas.

Conforme repercute o The Guardian, na ditadura militar da Argentina, várias prisioneiras grávidas foram mantidas vivas pelos militares até o parto e, só então, eram assassinadas. Seus recém-nascidos, por sua vez, eram entregues a casais militares que os criavam como se fossem seus — a estimativa é de que cerca de 500 bebês tenham sido roubados no período.

Filhas de Héctor Oesterheld / Crédito: Arquivo Pessoal

Um grupo que ficou bastante conhecido após o fim da ditadura são as Abuelas de Plaza de Mayo ("Avós da Praça de Maio", em português), que passaram décadas procurando pelas crianças roubadas e, inclusive, já encontraram mais de 100 delas. E agora, com a popularização de 'O Eternauta', na Netflix, o grupo, ao lado da organização de direitos humanos Hijos, lançou um novo apelo público.

"Você sabia que dois netos do criador de El Eternauta estão desaparecidos e podem estar vivos?", publicou a Hijos em suas redes sociais. "Se você nasceu em novembro de 1976 ou entre novembro de 1977 e janeiro de 1978 e tem dúvidas sobre sua identidade ou conhece alguém que tenha, nós lhe diremos quem podem ser suas avós".

Vale mencionar ainda que, na década de 1980, a viúva de Oesterheld, Elsa, se uniu à organização das Abuelas de Plaza de Mayo e, segundo Claudia Victoria Poblete Hlaczik, porta-voz do grupo, "ela procurou pelos netos desaparecidos até morrer. A busca por esses netos e pelos outros 300 ainda desaparecidos continuou durante todos esses anos".

Agora, Hlaczik afirma esperar que a adaptação de 'O Eternauta' volte a chamar atenção para os valores de "verdade, memória e justiça" no país, nesses tempos de "negacionismo". "O Eternauta fala de valores humanos de caridade, coragem e esforço coletivo — o que é muito importante nestes tempos de individualismo", acrescenta.

Infelizmente, caso os netos de Oesterheld sejam descobertos vivos, eles já não teriam mais para quem retornar: Elsa Sánchez de Oesterheld faleceu em 2015 após um infarto, porém, antes de sua morte acreditava que os netos poderiam ser encontrados, e esperava que eles um dia "soubessem quem são e onde pertencem, suas origens, suas raízes. Minha luta todos esses anos é para que meus netos saibam a verdade deles", conforme ela mesma disse anteriormente.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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