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O Grande Gatsby: O homem que pode ter inspirado o romance
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O Grande Gatsby: O homem que pode ter inspirado o romance

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Aventuras Na História
19/04/2025 14h00
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©Reprodução/Warner Bros. Pictures / Getty Images
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Era 1925 quando foi publicado pela primeira vez o romance 'O Grande Gatsby'. Escrito por F. Scott Fitzgerald, o livro — que inspirou um filme de 2013 de mesmo nome, estrelando Leonardo DiCaprio e Tobey Maguire — se passa na Nova York da década de 1920, sendo um relato do caos dos Estados Unidos pós-Primeira Guerra Mundial, e também uma crítica ao "sonho americano".

"Na primavera de 1922, Nick Carraway chega a Nova York e vira vizinho do misterioso e festeiro milionário Jay Gatsby quando vai viver do outro lado da baía com sua prima Daisy e seu marido mulherengo Tom Buchanan. Assim, Nick é atraído para o mundo cativante dos ricos, suas ilusões, amores e fraudes. Ao testemunhar fatos dentro e fora do mundo em que habita, Nick escreve um conto de amor impossível, sonhos e tragédias que espelham conflitos em tempos modernos", narra a sinopse do filme.

Leonardo DiCaprio como Jay Gatsby em 'O Grande Gatsby' / Crédito: Reprodução/Warner Bros. Pictures

Embora hoje, um século após o lançamento, o livro seja considerado um clássico, na época ele foi um fracasso. Ainda assim, um personagem central na trama, Jay Gatsby, sempre intrigou todos aqueles que tinham contato com a história — ainda mais porque o personagem, uma figura bastante controversa, "começou como um homem que eu conhecia, e depois se transformou em mim mesmo", nas palavras do próprio Fitzgerald.

E décadas após o lançamento, em 1951, um homem de 65 anos chamado Max Gerlach chamou grande atenção quando ligou para uma estação de rádio e alegou não só ter conhecido Fitzgerald, como também disse: "eu sou o verdadeiro Jay Gatsby".

Verdadeiros Gatsbys?

Conforme repercute o New York Post, durante décadas, acadêmicos, detetives e fãs tentaram desvendar a identidade do "verdadeiro Gatsby", mencionado por Fitzgerald.

"Parece haver um fascínio infinito em descobrir quem poderia ter sido o verdadeiro Jay Gatsby, quase como se Fitzgerald fosse incapaz de imaginar tal homem", afirma ao veículo o professor aposentado da Universidade Estadual da Pensilvânia e autor de vários livros sobre o escritor, James West.

E ao longo do tempo, surgiram vários suspeitos. Um deles foi o jornalista Herbert Bayard Swope, que dava luxuosas festas em sua mansão em Great Neck (que inclusive eram frequentadas por Fitzgerald e sua esposa, Zelda); outro foi o imigrante russo Joseph G. Robin, que fez fortuna no setor bancário e deu "festas de automóveis" igualmente luxuosas em Long Island, antes de ser preso por suborno e peculato.

Por isso, quando Gerlach fez o anúncio na rádio, após ouvir sobre uma biografia de Fitzgerald, em geral ninguém deu muita atenção. Na época, ele era apenas um ex-mecânico de automóveis que vivia momentos difíceis; e que inclusive passou seus últimos anos tentando se comunicar com o biógrafo do autor de 'O Grande Gatsby', pedindo para contar sua história.

F. Scott Fitzgerald / Crédito: Getty Images

Infelizmente, não houve tempo suficiente para Gerlach ser descoberto. Em 1958, aos 73 anos, ele morreu no Hospital Bellevue, em Nova York, como uma figura praticamente esquecida.

Max Gerlach

Porém, isso mudou 40 anos depois, quando o biógrafo de Fitzgerald, Matthew Bruccoli, da Universidade da Carolina do Sul, encontrou um bilhete em um dos álbuns de recortes do autor escrito por um tal de "Max Gerlach" em 1923. E em uma linha, ele escreveu "como vão você e a família, meu velho?" — uma frase típica de Gatsby no livro, aparecendo um total de 42 vezes.

Quando assumi como editor-geral das obras completas de Fitzgerald, recebi e-mails e cartas de pessoas que 'sabiam absolutamente' quem era o Jay Gatsby original", relatou James West ao New York Post. "Respondi a todos, mas nunca deu em nada".

Porém, quando o nome de Gerlach surgiu, esse cenário finalmente mudou. Nascido em 1885 na Alemanha, ele era filho de um soldado alemão que morreu quando ele tinha apenas 2 anos, e posteriormente, aos 9 anos, foi para os Estados Unidos com a mãe e o padrasto.

Mais velho, Gerlach estudou engenharia automobilística, e trabalhou como maquinista, mecânico de garagem, vendedor de carros e promotor de carros de corrida em Nova York, Chicago e Cuba.

Quando a Primeira Guerra Mundial eclodiu em 1914, ele estava na Alemanha, mas rapidamente buscou a embaixada americana para fugir da Europa — e acabou candidatando-se ao Exército dos Estados Unidos em 1918, perto do fim da guerra, provavelmente para se livrar de qualquer suspeita de simpatizar com o inimigo, devido suas origens.

Mundo de luxo

Em fato, não é muito claro como Gerlach e Fitzgerald se conheceram, mas é indiscutível que eles andaram lado a lado. Especialistas acreditam que eles se conheceram devido ao trabalho do migrante como mecânico especializado em automóveis de luxo, que o colocou em contato com vários nova-iorquinos elegantes de sua época.

F. Scott Fitzgerald com a esposa, Zelda, e a filha, Scottie / Crédito: Getty Images

Vale mencionar que carros possuem importância na trama de 'O Grande Gatsby', tanto como símbolo de poder, quanto de velocidade e destruição, o que ainda reforça a teoria de que Max Gerlach realmente possua relação com o personagem.

Em algum momento de sua vida, Gerlach começou a se apresentar como Max von Gerlach — o que lhe conferia certo status, como se pertencesse a uma posição nobre —, e tal como o personagem de Fitzgerald, começaram a circular rumores sobre ele, inclusive de que ele poderia ser parente do Kaiser Wilhelm II.

Ele também afirmou em meio à elite que estudou na Universidade de Oxford, cultivou um sotaque elegante e, nessa época, também começou a chamar todo mundo de "velho amigo". E até mesmo as controversas coincidem com o personagem: ele se envolveu com contrabando, e se associou ao chefão do crime Arnold Rothstein — que manipulou os resultados de um campeonato de basebol em 1919, da mesma forma como faz o chefe de Gatsby, Meyer Wolfsheim.

"Ele tentou se reinventar", disse o estudioso da literatura americana, Horst Kruse, ao The Post. "Ele conta uma história atrás da outra, ao escrever formulários para o exército, em entrevistas, em pedidos de passaporte — ele sempre evita o fato de ser um imigrante alemão. Ele inventa histórias sobre si mesmo, todas essas histórias para se tornar um americano, para ser aceito, para ser reinventado. E é isso que Gatsby faz".

Fitzgerald morreu em 1940, aos 44 anos, e sua esposa faleceu anos depois, em 1948, durante um incêndio no hospício em que estava internada. Porém, antes de falecer, ela contou a Henry Dan Piper, um estudante universitário que posteriormente escreveria um livro sobre o autor de 'O Grande Gatsby', que seu marido criou o personagem inspirando-se em um homem chamado "von Gerlach", que "estava em apuros por contrabando".

F. Scott e Zelda Fitzgerald / Crédito: Getty Images

"Quando comecei a estudar Fitzgerald, pensei que fosse fácil — que havia uma relação direta entre uma pessoa real e um personagem, mas quanto mais você se aprofunda, descobre que é muito mais complicado", afirma West, por fim. "Jay Gatsby, no romance, é uma invenção. Ele contém características de várias pessoas diferentes... incluindo o próprio Fitzgerald".

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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