A recém-lançada série “Tremembé: A Prisão dos Famosos“, disponível no Prime Video, reacendeu o debate sobre crimes que chocaram o Brasil ao explorar o cotidiano do presídio conhecido por abrigar conhecidos detentos. Protagonizada por Marina Ruy Barbosa no papel de Suzane von Richthofen, a produção combina episódios reais com liberdade artística para construir a narrativa.

Recentemente, Cristian Cravinhos, condenado pelo assassinato de Manfred e Marísia von Richthofen em 2002, chamou atenção nas redes sociais ao criticar sua representação em Tremembé.

Em uma publicação no Instagram, ele demonstrou irritação com a série: “Bora galera! Muita mentira”. Posteriormente, em interações com seguidores, reforçou o descontentamento: “A série é mentirosa! Acordem!”. Ao ser questionado sobre quais pontos estariam incorretos, afirmou que “praticamente tudo” teria sido distorcido e acusou a produção de buscar apenas ibope.

Cristian está em liberdade desde março deste ano, sendo o último dos três envolvidos no crime a deixar o regime fechado. Seu irmão, Daniel Cravinhos, cumpre pena em regime aberto desde 2018, enquanto Suzane von Richthofen passou para o mesmo regime em janeiro de 2023.

Repercussão

As declarações de Cristian dividiram opiniões no ambiente digital. Parte do público concordou com ele e levantou dúvidas sobre a fidelidade dos acontecimentos retratados. Outros, porém, defenderam a obra, ressaltando que se trata de uma dramatização baseada em fatos — com espaço para adaptação e narrativa ficcional.

A história se baseia principalmente em dois livros-reportagens do jornalista Ullisses Campbell: “Suzane: Assassina e Manipuladora” (2020) e “Elize Matsunaga: A Mulher que Esquartejou o Marido” (2021). Fruto de anos de pesquisa e entrevistas dentro e fora da penitenciária, as obras são a espinha dorsal da série.

O que de fato aconteceu

Segundo Campbell, “as coisas mais absurdas que estão na série aconteceram de verdade”, e o roteiro passou por um extenso processo de revisão jurídica antes de chegar à tela, garantindo que fatos sensíveis fossem tratados com respaldo documental.

De acordo com o portal Metrópoles, na trama, Suzane é enviada para Tremembé após uma rebelião na Penitenciária Feminina de Ribeirão Preto colocar sua vida em risco. Lá, cruza com Elize Matsunaga (Carol Garcia), Anna Carolina Jatobá (Bianca Comparato) e se envolve com Sandrão (Letícia Rodrigues), personagem que vem chamando a atenção do público.

A série também apresenta figuras do setor masculino da prisão, como os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos (Felipe Simas e Kelner Macêdo), Alexandre Nardoni (Lucas Oradovschi) e Roger Abdelmassih (Anselmo Vasconcelos), que compõem um retrato amplo do universo de Tremembé.

Vera Egito, diretora-geral e responsável pela adaptação dos livros para o audiovisual, explicou ao Estadão que os fatos mostrados têm base real, mas foram reorganizados com recurso dramático. “Existiu o triângulo amoroso entre Suzane, Sandrão e Elize; existiu o romance entre Duda e Cristian; existiu o Roger tentando burlar a Justiça fingindo estar doente. Mas a ficção entra para organizar tudo isso em uma linha narrativa coerente”, destacou.