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'A antiga Emmanuelle está morta', afirma diretora de nova versão do clássico erótico
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'A antiga Emmanuelle está morta', afirma diretora de nova versão do clássico erótico

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Cinebuzz
26/04/2025 17h03
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16514241/original/open-uri20250426-19-xuww37?1745687613
©Divulgação/Imovision
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Quem for ao cinema assistir ao novo Emmanuelle, que está em cartaz no 1º Festival de Cinema Europeu Imovision, esperando por uma experiência que remeta ao clássico de 1974, pode sair frustrado. "A antiga Emmanuelle está morta", afirmou a diretora Audrey Diwan em conversa com CineBuzz sobre a novidade.

Assim como no clássico erótico, protagonizado por Sylvia Kristel, o novo Emmanuelle é inspirado no livro homônimo de Emmanuelle Arsan, que conta a história de uma mulher em uma jornada de descoberta sexual.

No filme, Emmanuelle, vivida por Noémie Merlant, de Retrato de uma Jovem em Chamas (2019) e Tár (2022), procura por um prazer perdido. Ela voa sozinha para Hong Kong para uma viagem profissional e, neste sensual mundo urbano, multiplica experiências ao encontrar um homem misterioso.

Pela segunda vez no Brasil — há primeira foi há quinze anos —, Audrey falou sobre as suas expectativas pela recepção dos brasileiros com sua a reinterpretação do clássico erótico. “Quando se fala sobre sexualidade, eu sei que cada território e cada cultura vão reagir de maneira diferente, mas eu não consigo prever qual vai ser a reação", afirmou.

No entanto, ela destacou uma surpresa positiva: “Tenho que dizer que, pelas conversas que tive hoje, talvez eu esteja em um dos países que mais entenda o que eu quis fazer.” Essa conexão, segundo ela, é sempre surpreendente e provoca reflexões sobre a cultura do país. “É ótimo quando isso acontece.

'A antiga Emmanuelle está morta', afirma diretora da nova versão do clássico erótico (Divulgação/Imovision)
'A antiga Emmanuelle está morta', afirma diretora da nova versão do clássico erótico (Divulgação/Imovision)

Relação entre a sua versão e o antigo Emmanuelle

Audrey reconhece que a antiga versão de Emmanuelle é muito conhecida no Brasil, graças às exibições nas madrugadas do Cine Privé, e revela que o reconhecimento também aconteçe na França.

No entanto, ela afirma com franqueza: “Honestamente, eu nunca vi o Emmanuelle antigo. Só os primeiros 17 minutos.” Por isso, a diretora não baseou sua abordagem na obra anterior e nem se sentiu influenciada por ela, também não sabendo como os fãs da icônica sessão erótica da TV aberta poderão reagir:

“Não posso tentar prever como as pessoas vão reagir em relação ao filme antigo, porque eu não conheço o filme antigo", justificou.

Nascimento do projeto

O projeto de Emmanuelle começou quando os produtores entregaram o livro para Audrey. A princípio, ela recusou: “Disse: ‘Obrigada, é um livro engraçado, mas não vou fazer um filme sobre isso.’

Meses depois, a imagem de uma mulher com o prazer quebrado surgiu em sua mente: “Essa mulher ficou na minha cabeça.” Foi nesse momento que ela decidiu seguir a jornada dessa personagem e voltou a falar com o produtor: “Ainda é possível? Porque acabei de ver essa mulher e estou interessada nela.

'A antiga Emmanuelle está morta', afirma diretora da nova versão do clássico erótico (Divulgação/Imovision)
'A antiga Emmanuelle está morta', afirma diretora da nova versão do clássico erótico (Divulgação/Imovision)

Adaptação do livro

Embora o filme tenha origem no livro de Emmanuelle Arsan, a cineasta francesa revela que quase não utilizou o material original: “Mantive pouquíssimas coisas.” Para ela, o mais importante foi a inspiração conceitual: “O livro me inspirou porque abriu perguntas.

Audrey menciona uma longa conversa entre a personagem Emmanuelle e um homem mais velho sobre o que é erotismo, uma questão que ficou com ela: “Podemos usar o erotismo como uma linguagem hoje em dia? Ainda é uma linguagem que interessa às pessoas?” E complementa: “Erotismo não é só sobre cenas de sexo. É algo que você tenta definir por meio da atmosfera do filme inteiro.

Audrey cita como exemplo o filme Amor à Flor da Pele, de Wong Kar Wai: “Mesmo sem mostrar corpos nus, mesmo sem sexualidade, são apenas pessoas se esbarrando em corredores. Isso é erotismo.

'A antiga Emmanuelle está morta', afirma diretora da nova versão do clássico erótico (Divulgação/Imovision)
'A antiga Emmanuelle está morta', afirma diretora da nova versão do clássico erótico (Divulgação/Imovision)

Desafios no set de filmagens

Ao ser questionada sobre o maior desafio durante as filmagens, Audrey revelou que foi retratar o orgasmo feminino: “Porque, obviamente, muitas mulheres fingem orgasmos, já que é difícil chegar lá.

Ela comenta que gosta de desafiar os compositores com quem trabalha. Em seu filme anterior, O Acontecimento (2021), ela pediu que os músicos transformassem contrações em música. “Eles disseram: ‘Mas somos homens.’ E eu respondi: ‘Sem problema. Tive dois filhos, vou explicar o que são contrações’", relembrou, entre risos.

Neste novo trabalho, Audrey pediu algo ainda mais ousado: “Uma música que contasse sobre um corpo voltando à vida, órgão por órgão, célula por célula.” O momento mais marcante, para ela, foi a longa sequência de gravação do orgasmo, com a atriz Noémie Merlant. “Passamos 10 horas tentando fazer isso. E, no fim, quando estávamos realmente cansadas, quando não tentávamos mais controlar, aconteceu.

'A antiga Emmanuelle está morta', afirma diretora da nova versão do clássico erótico (Divulgação/Imovision)
'A antiga Emmanuelle está morta', afirma diretora da nova versão do clássico erótico (Divulgação/Imovision)

O uso do coordenador de intimidade

A diretora afirma que trabalhar com um coordenador de intimidade foi essencial. “O mais importante foi antes da filmagem,” explicou. Ela afirmou que não queria coreografar as cenas: “Sexo não é dança para mim. Se você coreografa algo, vai ser perfeito. E o filme todo trabalha contra a ideia de perfeição.

Para isso funcionar, Audrey criou um espaço aberto de conversa com toda a equipe para que todos entendessem o significado das cenas de sexo. “Sou tímida”, confessou. Ela ainda disse que muitos questionaram a sua escolha de aceitar o trabalho: “‘Você vai fazer Emmanuelle? Mas você é muito pudica para isso.’ E eu respondia: ‘Não, vou ultrapassar meus próprios limites.’”

As conversas entre a equipe se tornaram naturais: “Você acha que ela deveria pedir para ele lamber o mamilo dela?”, relembrou. “De repente, eu não sentia mais vergonha.” A presença do coordenador possibilitou liberdade e segurança: “A Noémie me disse: ‘Nunca fui tão longe porque sabia que estava no controle.’

'A antiga Emmanuelle está morta', afirma diretora da nova versão do clássico erótico (Divulgação/Imovision)
'A antiga Emmanuelle está morta', afirma diretora da nova versão do clássico erótico (Divulgação/Imovision)

Participação de Naomi Watts

A atriz Naomi Watts tem uma pequena participação em Emmanuelle como uma executiva da rede de hotéis em que a personagem de Merlant está hospedada. Audrey elogiou a capacidade da atriz em lidar com a ambiguidade. “Quando criei essa personagem, ela tinha autoridade, mas era um pouco dura.” Foi a atriz quem sugeriu suavidade: “‘Acho que ela deveria estar sorrindo, porque ela é suave e, ao mesmo tempo, tem autoridade.’

Segundo a diretora, é daí que vem a força da personagem. “Ela trouxe essa ideia de que está sempre sorrindo, mas você não sabe o que ela está pensando.” A diretora ainda associa a atriz a um clima à la David Lynch: “Onde quer que apareça, ela carrega isso.

'A antiga Emmanuelle está morta', afirma diretora da nova versão do clássico erótico (Divulgação/Imovision)
'A antiga Emmanuelle está morta', afirma diretora da nova versão do clássico erótico (Divulgação/Imovision)

Escolha de Noémie Merlant como protagonista

Sobre a escolha de Noémie Merlant para viver Emmanuelle, Audrey contou que a atriz leu o roteiro e, em uma hora, já queria o papel. “Ela queria esse papel por um bom motivo: ela não se importa com marcas ou fama.” A conexão com a personagem era profunda: “Ela já viveu essa desconexão entre mente e corpo.

A diretora revelou que Merlant fala abertamente sobre prazer feminino. “Ela disse em entrevistas: ‘Aconteceu comigo de eu não sentir mais prazer.’” Após um café, a decisão foi tomada: “Meia hora depois, eu disse: ‘Você quer ser a Emmanuelle?’ Estava muito claro que ela era a pessoa certa.

'A antiga Emmanuelle está morta', afirma diretora da nova versão do clássico erótico (Divulgação/Imovision)
'A antiga Emmanuelle está morta', afirma diretora da nova versão do clássico erótico (Divulgação/Imovision)

Reações do público às cenas de sexo

Existe uma parcela do público atual que questiona e rejeita a presença das cenas de sexo nos filmes. A diretora mostra empatia por elas, caso não queiram assistir ao seu filme: “Se as pessoas não quiserem ver cenas de sexo na tela – e eu respeito isso – elas simplesmente não virão [assistir a Emmanuelle]. E tudo bem pra mim.”

Audrey acredita que essa rejeição muitas vezes vem de traumas, especialmente por cenas de sexo mal conduzidas: “Porque os atores foram usados da forma errada.” Entretanto, ela defende o propósito das cenas de seu filme: “Nunca faria uma cena de sexo sem saber qual o seu papel na narrativa.” Seu objetivo é provocar reflexão e compreensão da sexualidade, e por isso, sentia-se confiante com o processo.

"A antiga Emmanuelle está morta"

Audrey ainda deixou uma mensagem aos leitores de CineBuzz, que pretendem assistir à sua versão de Emmanuelle: “Minha expectativa é que as pessoas consigam se libertar do que já sabem sobre ela [a antiga Emmanuelle] para poderem embarcar em uma nova jornada.” E concluiu, em tom de brincadeira: "Diga aos seus leitores que a antiga Emmanuelle está morta."

LEIA TAMBÉM: 1º Festival de Cinema Europeu Imovision começa nesta quinta-feira (24)

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