Italo Ferreira revela objetivos no surfe e avalia critérios da WSL

Sportbuzz






Italo Ferreira busca grandes mudanças em 2025. O potiguar, que aprendeu o esporte em uma tampa de isopor da caixa térmica de seu pai (vendedor de peixe à época) e foi até o topo do pódio na Olimpíada de Tóquio, quer uma temporada constante em vitórias. Até o momento, o cenário é de confiança: chegou às semis de Pipeline e conquistou Abu Dhabi.
O atleta acredita que a piscina de ondas possa ser um grande trunfo em sua preparação. Para além da reluzente e macia areia da ‘praia’ do São Paulo Surf Club, em contraste com os esguios prédios da capital paulista, Italo Ferreira estreou o primeiro estabelecimento do tipo na cidade. Entrou na água, testou suas habilidades e se sentiu em casa.
Sob o guarda-sol, com os olhos entreabertos pela luz das 11h da manhã, a voz tranquila e um sorriso no rosto, o medalhista olímpico recebeu o SportBuzz no clube para uma entrevista exclusiva. A conversa passou pela evolução de Italo Ferreira nas ondas, as polêmicas de 2024 da WSL, sua vida pessoal e mais. Confira abaixo!
SportBuzz entrevista Italo Ferreira
P: Você está vindo de uma vitória lá em Abu Dhabi, a primeira em piscina artificial. O que você achou? Como foi sua experiência? Você acha que é o futuro do surfe?
R: É, realmente, foi uma das minhas melhores performances até hoje em competição, né. Para ambos os lados, tanto para a direita, quanto para a esquerda. Então, realmente, a piscina te exige esse nível. Você também consegue enxergar a falha dos adversários, consegue trabalhar nisso em alguns momentos.
Foi uma vitória muito especial pra mim, um campeonato que eu queria muito vencer. E realmente, as piscinas de ondas vem mudando o cenário do surfe e acrescentando cada vez mais ao nosso esporte.
P: Nos últimos campeonatos você ia engrenando durante a temporada, nesse você já começou arrasador. Teve alguma diferença na preparação ou foi uma evolução natural da sua performance?
R: Eu tenho me dedicado muito. Depois do Finals do ano passado eu tirei uma semana e pouco de férias e aí eu realmente voltei aos trabalhos, a parte física, mental, na água também. Então, realmente, eu tô bem mais preparado, e coloquei na minha cabeça que eu precisava começar o ano bem. E Deus me abençoou, me deu a direção, e aí as coisas vêm acontecendo.
Tô liderando o circuito, mas é tudo muito no início, então tem uma jornada muito longa até o final. É se manter confiante, continuar os trabalhos, que as coisas vão acontecendo.
P: A temporada de 2024 foi um pouco polêmica em questão de arbitragem, os brasileiros ficaram um pouco revoltados quanto a isso. O que você acha que pode ser alterado para que isso não seja um fator determinante?
R: Ah, é, sempre acontece. É subjetivo, o esporte às vezes tem dessas de ‘puxa’ pra um lado, ‘puxa’ pro outro. E realmente, em alguns momentos acaba prejudicando algumas pessoas. Na minha cabeça, eu acho que eu não posse deixar dúvidas na hora que eu estiver competindo. Então é isso que eu vou fazer esse ano. Eu realmente tô pra vencer e vou fazer de tudo pra que isso aconteça e, na hora da dúvida, isso nem passar pela cabeça de quem tá por trás dando as notas.
P: Você sentiu alguma diferença em questão de critério para 2025?
R: Achei bem exigente. Eles estão realmente puxando o nível. Isso é bom, porque coloca alguns caras em evidência, e outros acabam ficando limitados por terem um surfe mais conservador. Isso acaba favorecendo alguns caras. Eu gostei de como tá esse ano, e não sei o que mais eles planejam mais pra frente, mas a gente joga o jogo, né? É só fazer o que eles pedem que acontecem os bons resultados.
P: A gente sabe que o surfe exige muitas viagens, você fica muito tempo fora do Brasil, da sua casa. Como isso impacta suas relações pessoais, com família, namorada, amigos? Como é isso pra você?
R: É, eu faço isso já há bastante tempo. Eu viajo desde os meus 13 anos de idade e vou fazer 31, é só inverter os números (risos). É algo que sempre pesou no final do ano. Você estar com a família, com os amigos, com a pessoa que você ama, sua namorada.
Então eu tento trazer isso pra perto nas competições, onde te dá um pouco mais de conforto, de confiança, um suporte a mais, e isso vem acontecendo esse ano. A Sofia tem me acompanhado nas competições, ela tá sendo uma peça fundamental. Em alguns momentos, onde você acaba tendo dúvidas, essa pessoa acaba te mostrando o teu real valor, então isso é muito positivo para quem vive um esporte individual.
P: Campeão olímpico, campeão mundial… o que falta na carreira de Ítalo Ferreira? O que você ainda almeja no surfe?
R: Acho que ter uma piscina de ondas só pra mim (risos). Brincadeira, eu tenho alguns desejos. De ser campeão do mundo novamente, algumas vezes, e ganhar mais uma medalha de ouro.
P: Qual a principal lição que o surfe te ensinou? Como esporte, na vida…
R: Acho que o respeito pelo próximo. A dedicação, a entrega, a perseverança em todos os momentos, acreditar que é possível. Acho que foram os maiores ensinamentos até hoje.
P: Pra fechar: a gente que trabalha com o esporte sabe que a relação com ele muda um pouco quando nos tornamos profissionais. Você ainda surfa por lazer? É uma coisa que você se diverte fazendo?
R: Se eu fizer uma boa sessão, realmente, é muito divertido. Mas se eu não surfar bem, acaba com o meu dia (risos).


