Os riscos do uso precoce de maquiagem por crianças

Anamaria






A maquiagem sempre fez parte da história da humanidade. Com diferentes funções ao longo do tempo, como expressão artística, símbolo de status ou impulso à autoestima, os cosméticos exercem forte atração, especialmente no universo feminino. Mas o que fazer quando esse desejo surge cedo demais?
Cada vez mais meninas de 7, 8 ou 9 anos demonstram interesse por batons, sombras e delineadores. O espelho se transforma em um palco, e o make passa a ser visto como ponte para pertencimento, aprovação e comparação.
Segundo a psicóloga e hipnoterapeuta Yafit Laniado, criadora da Relacionamentoria, é preciso olhar além da superfície. “A maquiagem está associada ao mundo adulto e à indústria da beleza. Para muitas meninas, usá-la pode ser uma tentativa de se encaixar em padrões, se sentir parte de um grupo ou corresponder a expectativas externas, principalmente nas redes sociais.”
Busca por pertencimento
De acordo com Yafit, a necessidade de pertencimento é parte essencial do desenvolvimento infantil. “Primeiro, a criança busca se sentir aceita pela mãe e pela família. Depois, amplia esse círculo para o grupo social, como na escola, no prédio, entre amigas. Essa busca acompanha a vida e se intensifica na adolescência.”
É por isso que o uso da maquiagem deve ser observado com atenção. “Aos 7 anos, meninas estão moldando sua imagem corporal e sua autopercepção. Se a vontade de se maquiar estiver ligada a uma insatisfação com a própria aparência ou a uma dependência da validação externa, isso merece atenção”, explica.
Brincar ou compensar inseguranças?
Imitar a mãe, brincar com batom ou usar glitter em uma festa são atitudes naturais da infância. O problema surge quando o uso da maquiagem deixa de ser lúdico e passa a representar uma tentativa de compensar inseguranças ou obter aceitação.
“Se a criança começa a se sentir mal sem maquiagem, ou passa a buscar elogios, curtidas e comentários para se sentir bem, esse é um sinal de alerta”, aponta Yafit. A psicóloga lembra que a base da autoestima deve ser construída com foco em habilidades, afetos, interesses e valores e não na aparência.

A importância do diálogo e dos limites
Na dúvida, a recomendação é conversar com a criança, entender o contexto do pedido e estabelecer regras claras em casa. “O papel dos pais é orientar com afeto, firmeza e coerência. Determinar quando é apropriado usar maquiagem, em uma apresentação, por exemplo, e quando não é.”
Yafit reforça que regras saudáveis não precisam ser justificadas com longas discussões. “Quando os pais estão seguros do que decidiram, não precisam gritar ou tentar convencer. Basta manter a coerência com os valores da família.”
Para a psicóloga, a chave está no respeito mútuo e na construção de limites com empatia. “A criança é um ser social, em desenvolvimento. Ela aprende a contribuir e a respeitar valores quando se sente incluída e compreendida.”
Resumo:
A matéria discute o uso precoce da maquiagem por meninas e os riscos emocionais envolvidos, como a busca por aprovação e a construção da autoestima baseada na aparência. A psicóloga Yafit Laniado orienta os pais a acolherem, conversarem e estabelecerem limites com clareza e afeto.


