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Os estranhos remédios medievais que ressurgiram na era das redes sociais
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Os estranhos remédios medievais que ressurgiram na era das redes sociais

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Aventuras Na História
19/07/2025 13h00
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©Divulgação/Corpus of Early Medieval Latin Medicine; TikTok/theaussierapunzel
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A imagem de uma medicina primitiva e grotesca durante a Idade Média está sendo cada vez mais contestada por pesquisadores, que revelam um cenário bem mais complexo e, curiosamente, até familiar para quem navega pelas tendências de saúde no TikTok.

Estudos recentes mostram que muitas receitas e práticas daquela época ecoam surpreendentemente nas redes sociais atuais, disfarçadas de "novidades" em perfis de medicina alternativa.

A Dra. Meg Leja, professora associada de história na Universidade de Binghamton, afirmou em entrevista ao Daily Mail: "Muitas coisas que você vê nesses manuscritos estão sendo promovidas on-line atualmente como medicina alternativa, mas existem há milhares de anos".

Claro, é preciso uma boa dose de coragem para experimentar certas "curas" que aparecem nos manuscritos medievais. Um texto do século 5, por exemplo, propõe um tratamento radical para "cabelos soltos": cobrir a cabeça com ervas frescas, sal e vinagre, seguido de uma esfregada com cinzas de um lagarto verde, misturado com óleo.

O shampoo de lagarto definitivamente não é uma tendência de beleza que deve ser revivida, mas o uso de vinagre e óleos naturais — que também aparecem nesse ritual — está em alta nas redes, sendo promovido como um "hack" capilar eficaz.

Creme e remédio

Outro manuscrito sugere misturar suco de erva-sabão com banha para produzir um creme para mãos e pés. Parece absurdo? Nem tanto. Hoje, tanto a banha quanto a erva-sabão são promovidas como alternativas naturais a sabonetes e cremes industrializados. A ideia de evitar ingredientes sintéticos e apostar em substâncias mais "limpas" vem ganhando força entre influenciadores de beleza e bem-estar.

Documentos medievais analisados pelos pesquisadores / Crédito: Divulgação/British Library/Corpus of Early Medieval Latin Medicine

As dores de cabeça também tinham sua solução medieval: esmagar caroço de pêssego, misturá-lo com óleo de rosa e aplicar na cabeça. Embora o primeiro ingrediente cause estranheza, o óleo de rosa já foi estudado e, segundo pesquisas recentes, pode mesmo ajudar a aliviar a dor da enxaqueca.

Misturas estranhas

Mas nem todos os conselhos eram exatamente sensatos. Para tratar crostas nas pernas, um texto recomenda aplicar uma mistura de queijo velho e mel por sete dias.

Ainda mais ousada é a receita de bebida para soltar o intestino, rabiscada à margem de um texto teológico do século 6. A mistura inclui dezenove cascas de ovo cheias de água, três de vinagre e uma de sal. Estranho, sim — mas não tão distante das receitas modernas com vinagre de maçã e água, amplamente divulgadas como detox ou auxiliar digestivo.

Manuscritos

Esses tratamentos incomuns estão sendo analisados pelo Corpus of Early Medieval Latin Medicine, um projeto que reuniu centenas de manuscritos médicos anteriores ao século 11.

A coleção mais que dobrou o número de textos conhecidos da medicina antiga e revelou o quanto as pessoas daquela época se preocupavam com aparência, saúde, dieta e higiene pessoal.

Segundo a Dra. Carine van Rhijn, historiadora medieval da Universidade de Utrecht, as pessoas do período cuidavam dos cabelos, tentavam eliminar espinhas, se preocupavam com o hálito e até com as unhas. "Isso talvez não seja o que você esperaria encontrar no início da Idade Média", comenta. Ela ainda destaca que havia conselhos dietéticos mensais para manter o corpo em equilíbrio: comidas que refrescassem no verão, outras que aquecessem no inverno.

Recomendações como beber vinho e tomar banhos quentes em fevereiro ou adotar o chá de poejo em março eram comuns. Uma outra receita peculiar sugeria evitar o sexo no mês de novembro e substituí-lo por vinho.

Apesar de estranhas, essas práticas revelam um interesse real pelas ciências da saúde. Leja observa que "as pessoas estavam se envolvendo com a medicina em uma escala muito mais ampla do que se pensava anteriormente".

Claro, os historiadores alertam: ninguém deve tentar essas "curas" por conta própria. Como lembra van Rhijn, os pesquisadores são "historiadores, não especialistas em farmácia".

Mas isso não impede que possamos aprender com esse passado inusitado e reconhecer que a medicina medieval talvez não estivesse tão distante assim dos nossos tempos de influenciadores e hacks virais.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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