Os remédios inusitados usados por curandeiros na Idade Média

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A imagem comumente associada à Idade Média como um período de escuridão e ignorância pode estar prestes a ser reavaliada, especialmente no que diz respeito ao conhecimento sobre saúde e bem-estar.
Recentemente, pesquisadores descobriram uma série de remédios que remontam a mais de mil anos, indicando que os europeus medievais tinham um entendimento surpreendentemente avançado sobre saúde.
De acordo com a Dra. Meg Leja, professora associada de história na Universidade de Binghamton e uma das líderes da pesquisa, os habitantes da Europa medieval estavam profundamente envolvidos com a ciência e a observação.
Eles se dedicavam a investigar as propriedades de substâncias naturais e tentavam identificar padrões para prever resultados. "As pessoas na Idade Média eram bastante interessadas em ciência, observação e na utilidade de diferentes substâncias naturais", afirmou Leja em entrevista ao Science Daily.
Revisão
Essas descobertas lançam nova luz sobre práticas que hoje são frequentemente promovidas como medicina alternativa. "Muitos dos tratamentos que encontramos nesses manuscritos estão sendo divulgados atualmente como remédios alternativos, mas já existem há milênios", explicou a pesquisadora.
Um exemplo curioso de remédio para dor de cabeça do século 9 sugere uma mistura de caroço de pêssego triturado e óleo de rosa aplicada na testa. Embora isso possa soar mais como feitiçaria do que medicina, um estudo recente revelou que o óleo de rosa pode proporcionar alívio temporário para dores de enxaqueca. Já o uso do caroço de pêssego permanece incerto.
Outra recomendação para melhorar a saúde capilar incluía limpar o couro cabeludo com sal e vinagre infundidos com ervas para afastar parasitas. Mesmo hoje, muitas pessoas utilizam enxágues com vinagre — especialmente vinagre de maçã — como remédios caseiros para problemas como caspa e eczema.
Embora o vinagre possua propriedades antibacterianas, antifúngicas e antivirais, a evidência científica que suporta sua eficácia contra descamação do couro cabeludo é limitada.
Os esfoliantes capilares à base de sal marinho também estão disponíveis em lojas especializadas, como Sephora e Ulta. No entanto, os curandeiros medievais não paravam por aí; eles recomendavam finalizar o tratamento com um unguento feito com óleos misturados às "cinzas de um lagarto verde queimado" para maximizar os benefícios. A aceitação dessa prática moderna ainda está em discussão.
Entretanto, nem todos os métodos sobreviveriam ao crivo da ciência contemporânea. Um exemplo notável é uma sugestão para mulheres grávidas amarrarem penas de abutre à perna esquerda para garantir um parto mais tranquilo – algo que mesmo marcas conhecidas por seus conselhos excêntricos ainda não adotaram.
Essas revelações fascinantes provêm do Corpus of Early Medieval Latin Medicine, uma coleção digital desenvolvida ao longo de mais de dois anos por Leja e sua equipe.
Este projeto quase dobrou o número conhecido de manuscritos sobre saúde anteriores ao século 11, muitos dos quais foram encontrados escritos nas margens de livros sobre gramática, teologia e poesia.



