Diabetes em pets: como má alimentação e sobrepeso interferem na saúde de cães e gatos?

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Você sabia que, assim como nos seres humanos, o diabetes representa uma ameaça silenciosa e séria para cães e gatos? A doença pode levar a complicações severas. Em casos extremos, pode ser fatal. No entanto, com detecção precoce e um plano de tratamento adequado, a boa notícia é que os pets diabéticos podem desfrutar de uma vida plena e com qualidade. A Dra. Fabiana Volkweis, professora de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB), oferece orientações valiosas para os tutores sobre como identificar os sinais de alerta, a importância do diagnóstico preciso e os cuidados diários fundamentais para a saúde desses animais.
Diabetes em cães e gatos: fique atento aos “4 Ps”
O primeiro passo para o diagnóstico precoce reside na observação atenta dos tutores. A Dra. Fabiana destaca os chamados “4 Ps” como os principais indicadores de que algo pode não estar bem:
- Perda de peso: Emagrecimento inexplicável, mesmo com apetite normal ou aumentado.
- Poliúria: Urinar em volume excessivo e com maior frequência.
- Polidipsia: Sede exagerada, levando o animal a beber muita água.
- Polifagia: Por fim, aumento notável do apetite, com o pet buscando mais alimento.
Além disso, outros sintomas incluem apatia, episódios de vômito e, em casos mais avançados, até mesmo cegueira súbita. Em felinos, um sinal peculiar pode ser a alteração no modo de andar, com um apoio excessivo dos membros traseiros, dificultando tarefas simples como pular em sofás ou subir em superfícies elevadas. “Em estágios mais críticos, o animal pode recusar-se a comer, desidratar rapidamente e desenvolver condições graves como insuficiência renal ou pancreatite”, alerta a especialista.
Embora as causas do diabetes em pets não sejam totalmente elucidadas, a combinação de fatores genéticos e ambientais é amplamente reconhecida. A obesidade figura como um dos maiores vilões, elevando significativamente o risco. Animais idosos ou com histórico de pancreatite também estão mais suscetíveis. Pesquisas recentes indicam que gatos domésticos com peso acima de 6,8 kg têm o dobro de chances de desenvolver diabetes, um risco que se acentua após os 7 anos de idade.
Para cães, a maioria dos casos envolve o tipo insulinodependente da doença, onde o pâncreas já não consegue produzir a insulina necessária. Entre as complicações mais graves, a cetoacidose diabética se destaca, causando desidratação severa, acidose e alterações neurológicas. Outros riscos incluem falência renal, infecções urinárias recorrentes, neuropatias e catarata, que pode levar à cegueira.
Estratégias de tratamento
Ao observar qualquer um dos sintomas mencionados, a recomendação é clara: procure imediatamente um médico veterinário. O diagnóstico é confirmado através de exames de sangue e urina, como a glicemia em jejum e a urinálise. Em certas situações, o veterinário indica exames complementares como a dosagem de frutosamina, hemoglobina glicada e ultrassonografia abdominal, além de avaliações da função renal, hepática e lipídica para descartar outras condições como insuficiência renal ou hipotireoidismo.
O tratamento, em essência, segue princípios similares para cães e gatos, baseando-se em insulina, dieta controlada e exercícios físicos. No entanto, há distinções cruciais: “Em cães, a insulina é quase sempre vitalícia. Em gatos, dependendo da resposta e da eliminação de fatores de resistência à insulina, a remissão é possível, e o pet pode deixar de precisar da medicação”, explica a especialista.
A alimentação também é particular para cada espécie. Para cães, a dieta deve ser rigorosamente controlada em quantidade e horários fixos, principalmente antes da aplicação da insulina. Já os gatos, que utilizam insulina de longa duração, podem ter acesso livre à ração específica ao longo do dia. “Estabelecer uma rotina consistente, aplicar a insulina nos horários corretos, evitar petiscos e seguir a dieta à risca são fatores cruciais para o controle da doença”, reitera a Dra. Fabiana.
Em suma, a participação ativa e dedicada do tutor é, sem dúvida, a peça-chave para o sucesso do tratamento e a qualidade de vida do pet diabético. Com o diagnóstico precoce e os cuidados adequados, a longevidade e o bem-estar dos companheiros de quatro patas estão garantidos.



