Entenda o significado da tradição dos tapetes de Corpus Christi

Nesta quinta-feira (19), ruas e praças de todo o Brasil se transformam em verdadeiros tapetes de fé. Na celebração de Corpus Christi, uma das mais tradicionais do catolicismo , milhares de fiéis reforçam a presença de Cristo na Eucaristia, representada pelo pão e pelo vinho.

Celebração do século XIII

A origem da data remonta à Diocese de Liége, na Bélgica, em 1247, quando Corpus Christi foi celebrado pela primeira vez. Anos depois, em 1264, o Papa Urbano IV oficializou a solenidade por meio de uma bula papal, tornando-se uma das datas mais importantes da liturgia católica .

A escolha do dia não é aleatória. A festa acontece sempre em uma quinta-feira, 60 dias após a Páscoa, em referência à Última Ceia de Jesus com os apóstolos . Neste momento, segundo a tradição cristão, instituiu-se a Eucaristia.

O nome, que vem do latim e significa “Corpo de Cristo”, tem como propósito celebrar e honrar a crença na presença real de Jesus na hóstia consagrada. Durante a celebração, elevam-se o pão e o vinho à categoria de sagrado, representando o corpo e o sangue de Cristo.

Tapetes que contam histórias de fé

Se existe uma tradição que simboliza Corpus Christi de forma única no Brasil, são os famosos tapetes coloridos nas ruas. Eles surgiram em Portugal e chegaram ao país durante o período colonial, carregando consigo não apenas beleza, mas também espiritualidade e devoção.

Os desenhos retratam passagens bíblicas, símbolos eucarísticos – como cálices, uvas, pães e cruzes – e cenas da vida de Cristo. Pensa-se em cada detalhe com carinho, como se fosse uma “Bíblia aberta em forma de arte”, nas palavras do padre Kléber Silva ao g1.

Materiais simples, significados grandiosos

A simplicidade dos materiais contrasta com a grandeza do significado. Utiliza-se serragem, sal, borra de café , areia, cascas de ovos, tampinhas plásticas e tintas. Mais do que embelezar, esses tapetes simbolizam o caminho preparado para a passagem de Jesus na procissão, em uma alusão à sua entrada triunfal em Jerusalém, quando foi recebido com mantos e ramos no chão.

A confecção dos tapetes se torna também um momento de confraternização e união comunitária. Famílias inteiras, grupos de jovens, paróquias e voluntários se reúnem desde a madrugada para, juntos, darem vida aos desenhos que cobrem as ruas.

Após a missa, consagra-se a hóstia. O objeto litúrgico permite que os fiéis a vejam e segue em procissão pelas ruas enfeitadas. É um gesto de fé que leva a espiritualidade do altar para a vida cotidiana, reforçando que, para os católicos, Jesus está presente e caminha junto ao seu povo.