Não é só trabalho? Pesquisadores descobrem novas motivações para o burnout

Para o Ministério da Saúde, a Síndrome de Burnout é “um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante”. Pesquisadores noruegueses, no entanto, apontam que a condição não está ligada somente aos fatores ocupacionais.

“Presumir que os indícios são necessariamente induzidos pelo trabalho pode prejudicar nossa capacidade de atenuar esses efeitos”, explicaram os profissionais, em um comunicado à imprensa.

Preocupações diárias e burnout

Ao questionar 813 funcionários sobre seus níveis de estresse e qual seria a relação com o ambiente corporativo, cientistas da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia contataram que apenas 27,7% atrelavam a síndrome ao trabalho. Além disso, uma porção semelhante indicou que o ofício também foi responsável por ocasionar outros transtornos psicológicos .

Por outro lado, de acordo com a pesquisa, a maioria dos participantes afirmou que a condição teve origem em uma rotina exaustiva, englobando tanto o profissional quanto o pessoal. “As pessoas que sofrem de burnout descrevem a exaustão no seu dia a dia, o que leva a uma forma de depressão . Você poderia chamar de cansaço depressivo na vida”, detalhou o psicólogo responsável pelo estudo, Renzo Bianchi. 

Os especialistas ressaltam ainda que a condição tende a ser mais frequente em pessoas com ansiedade. “Para os indivíduos com personalidade mais ansiosa, as preocupações e o estresse podem drenar muita energia , sem que isso tenha necessariamente a ver apenas com o trabalho. Acho importante realizar mais pesquisas sobre isso, especialmente sobre o impacto da personalidade. Se preocupar constantemente com o que pode dar errado é exaustivo”, disseram.

E no trabalho, o que desencadeia a condição?

Entretanto, apesar de o ofício não aparecer como o motivo mais recorrente, ele pode ser um dos elementos mais nocivos. A pesquisa analisou o grau da síndrome em cada participante. Assim, foi constatado que aqueles com quadros mais severos atribuam a causa ao âmbito profissional . Ademais, segundo o estudo, o principal fator associado a esse contexto foi a percepção de injustiça.

“É importante que uma pessoa mais competente seja de fato promovido ou contratado. É fundamental que as pessoas não recebam um salário mais alto apenas por serem amigas do chefe ou por alguma política interna”, enfatizaram.

Em contraposição, amizades com colegas, um local de trabalho adequado e a autonomia se mostram como métodos preventivos. “Minha experiência é que a vida profissional melhorou para muitas pessoas, com maior foco na saúde mental”, relatou Bianchi.