O que é o efeito placebo e como ele funciona no cérebro?

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O efeito placebo ocorre quando o cérebro consegue enganar o corpo de que está sendo tratado. Ou seja, um paciente pode experimentar melhorias em sua saúde após receber um tratamento falso, sem substâncias ativas – como pílulas de açúcar ou injeções sem medicamento, por exemplo. A simples crença de que está sendo tratado já é capaz de provocar reações no corpo, muitas vezes, comparáveis às de um remédio.
Onde e como é utilizado?
O uso mais comum de placebo é feito em pesquisas clínicas. Para testar a eficácia de um novo medicamento, divide-se os voluntários em grupos: parte recebe a substância ativa, parte recebe o placebo. Nenhum dos participantes sabe qual está tomando, o que ajuda a entender o impacto real de um remédio .
Pacientes já relataram melhoras dos sintomas e até efeitos colaterais mesmo quando utilizam placebo. Isso porque o cérebro ativa regiões relacionadas ao alívio da dor e ao bem-estar, como o córtex pré-frontal e a medula espinhal, que podem liberar substâncias como a endorfina.
Um exemplo curioso ocorreu em um estudo no qual voluntários tomaram uma pílula e foram informados de que era um estimulante. Como resultado, a pressão arterial e a frequência cardíaca subiram. Quando apresentou-se a mesma pílula como sedativo, os efeitos foram contrários. Assim como a mente pode curar, também pode causar sintomas negativos. Se o paciente espera efeitos colaterais, como dores de cabeça ou náuseas, é mais provável que os sinta. Esse fenômeno é chamado de efeito nocebo.
Influências no resultado?
Estudos revelam que a aparência do placebo é capaz de interferir no resultado. Comprimidos vermelhos são mais estimulantes, enquanto azuis são calmantes, por exemplo. Pílulas amarelas têm mais efeito antidepressivo, já as verdes, reduzem a ansiedade .
A resposta ao placebo varia entre países. Com isso, uma pesquisa mostrou que pacientes na Alemanha respondem melhor ao placebo para gastrite do que brasileiros — e muito mais do que o norte da Europa. A cultura molda as expectativas sobre saúde e tratamento.
A força do placebo
O poder do placebo é tão grande que ele pode funcionar mesmo quando as pessoas sabem dele, como sugere pesquisa. Ademais, uma revisão, com 15 mil pacientes, indicou que até 54% da eficácia de um tratamento pode estar ligada ao efeito placebo. O impacto é maior entre mulheres e jovens, e menor em doenças crônicas. Quando o estudo é duplo-cego — ou seja, nem médicos nem pacientes sabem quem toma o remédio —, o efeito é ainda mais poderoso.
Apesar de seus efeitos surpreendentes, o uso de placebos em estudos clínicos levanta questões éticas. Segundo a Declaração de Helsinki, os utilizam apenas se não causarem risco ou prejuízo aos pacientes. Ainda assim, a ciência segue explorando esse curioso fenômeno.


