Papanicolau foi substituído no SUS por um teste; saiba qual

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O HPV, sigla para Papilomavírus Humano, é uma das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) mais comuns no Brasil e no mundo. No país, estima-se que cerca de 10 milhões de pessoas estejam infectadas, segundo dados do Ministério da Saúde. O vírus é o principal causador do câncer de colo do útero , além de estar relacionado a outros tipos de câncer – como ânus, garganta, boca, vulva, vagina e pênis. Até o momento, o exame capaz de detectá-lo era o papanicolau. No entanto, agora, observaram-se mudanças importantes neste cenário.
Um avanço na prevenção
Em uma importante atualização no protocolo de saúde pública, o Sistema Único de Saúde (SUS) começará a substituir o tradicional exame de papanicolau pelo mais moderno teste de DNA-HPV. A novidade permite detectar o vírus com até 10 anos de antecedência em relação ao desenvolvimento de lesões que podem evoluir para o câncer .
Segundo especialistas, a mudança representa um marco na saúde preventiva e na luta contra o câncer do colo do útero. “A genotipagem é um avanço enorme, pois a biologia molecular permite identificar não só o HPV, mas muitos outros agentes infecciosos, ajudando a desenvolver terapias mais eficazes e específicas”, explicou a ginecologista Dra. Wanuzia Miranda, em entrevista à Folha de Pernambuco.
Como funciona o novo exame?
Diferente do papanicolau – que analisa alterações nas células do colo do útero – o exame de DNA-HPV faz uma busca direta pelo material genético do vírus, mesmo quando ele ainda não causou alterações nas células. Essa tecnologia utiliza o PCR em tempo real, a mesma técnica utilizada durante a pandemia de COVID-19. Ela oferece uma sensibilidade e especificidade superiores a 90%. Além disso, o teste conta com um controle interno de qualidade, que confirma se a amostra coletada está adequada, evitando erros.
Menos exames, mais segurança
Uma das grandes mudanças é o intervalo entre os exames . Enquanto o papanicolau precisa ser feito anualmente, o teste de DNA-HPV, em caso de resultado negativo, só precisa ser repetido a cada cinco anos. Isso garante muito mais segurança e reduz a ansiedade de pacientes. Caso o exame detecte algum dos tipos de HPV de alto risco, como os subtipos 16 e 18, a paciente será encaminhada diretamente para exames complementares, como colposcopia e, se necessário, biópsia.
Vacinação e rastreio
Além dos exames, a vacinação contra o HPV segue sendo a principal estratégia de prevenção. Indica-se para meninas e meninos de 9 a 14 anos, preferencialmente antes do início da vida sexual. Também recomenda-se para pessoas de até 26 anos, mesmo que já tenham tido contato com o vírus.
A expectativa dos especialistas é que, com a combinação de altas taxas de vacinação e o rastreamento com o DNA-HPV, seja possível obter uma conquista: erradicar o câncer de colo do útero no Brasil em cerca de 20 anos, segundo previsões da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para que essa mudança seja efetiva, o SUS irá adotar um sistema de rastreamento organizado. Nele, a população-alvo – mulheres de 25 a 49 anos – será identificada e chamada ativamente para a realização dos exames.


