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Novo tratamento experimental mantém HIV indetectável por mais de um ano em paciente brasileiro
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Novo tratamento experimental mantém HIV indetectável por mais de um ano em paciente brasileiro

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12/09/2025 20h41
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16603922/original/open-uri20250912-34-1ka5rkx?1757710502
© (Reprodução/Divulgação)
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Um estudo brasileiro conduzido por cientistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) trouxe à tona um caso promissor na luta contra o HIV. Um paciente diagnosticado com o vírus conseguiu manter-se com carga viral indetectável por 78 semanas — cerca de um ano e meio — após interromper o uso do tratamento tradicional com antirretrovirais. Esse resultado, embora não represente uma cura definitiva, é considerado um marco, pois sugere que é possível alcançar o que os especialistas chamam de “cura funcional”.

Essa remissão prolongada do HIV foi alcançada por meio de uma terapia experimental combinada, que utiliza diferentes classes de medicamentos, incluindo substâncias voltadas para atingir os chamados “reservatórios virais” — locais do organismo onde o HIV costuma se esconder e permanecer inativo, escapando da ação dos medicamentos convencionais.

O paciente em questão, identificado como P13 no estudo, respondeu de forma excepcional ao tratamento, mantendo o vírus indetectável mesmo sem tomar os antirretrovirais diários, algo extremamente raro. No entanto, em 2021, o vírus voltou a ser detectado em seu organismo após um episódio de reinfecção, o que levou os médicos a retomar o tratamento tradicional.

Como o tratamento foi conduzido

O estudo, iniciado em 2015, contou com a participação de 30 homens com diagnóstico de HIV, todos latino-americanos, com idade média de 38,3 anos. Durante as primeiras 48 semanas, os participantes receberam uma combinação intensificada de medicamentos antirretrovirais, além de fármacos adicionais com funções específicas:

  • Inibidores de latência, como a nicotinamida, substância que age “acordando” o HIV que permanece adormecido nas células;
  • Medicamentos para eliminar células infectadas, dificultando que o vírus se esconda e volte a se replicar;
  • Uma abordagem imunológica para fortalecer as defesas do corpo contra possíveis surtos do vírus.
  • Após esse período, foi feita uma interrupção monitorada da terapia, com o objetivo de avaliar se o organismo dos participantes conseguiria controlar o HIV sem a ajuda constante dos medicamentos.

Em quase todos os casos, o vírus voltou a ser detectado no sangue poucas semanas depois da suspensão do tratamento. Mas com o paciente P13, o cenário foi diferente: ele ficou mais de 500 dias sem carga viral detectável, algo jamais visto em outros estudos com esse perfil.

Por que o caso não é considerado uma cura?

Apesar do resultado inédito, os pesquisadores ressaltam que o caso não pode ser classificado como uma cura definitiva. Em 2021, após contrair sífilis, o paciente teve uma reativação do HIV — ou possivelmente uma nova infecção, algo que ainda está sendo investigado.

Essa reinfecção levanta dúvidas sobre a real natureza da remissão: teria sido, de fato, o vírus completamente eliminado do organismo ou ele apenas estava adormecido e “acordou” com a queda na imunidade provocada pela nova infecção?

O coordenador do estudo, o infectologista Ricardo Sobhie Diaz, explicou que a resposta do paciente superou as expectativas, mas ressaltou que, para falar em cura, seria necessário um período ainda maior de acompanhamento e a ausência total de carga viral e de anticorpos contra o HIV por tempo indeterminado.

Avanço promissor, mas com desafios

Até hoje, apenas sete pessoas no mundo são consideradas oficialmente curadas do HIV. Todos esses casos envolveram transplante de medula óssea, um procedimento de alto risco, indicado apenas para pacientes com câncer hematológico e que, por acaso, também eram portadores do HIV.

Nesse contexto, o caso do paciente brasileiro é especialmente relevante por ter sido alcançado com uma estratégia menos invasiva e mais acessível, baseada em medicamentos que podem ser administrados via oral, em ambiente ambulatorial.

Contudo, o fato de apenas um paciente entre 30 ter alcançado esse resultado levanta um alerta importante: por que apenas ele respondeu tão bem? Os cientistas ainda não têm essa resposta. Pode haver fatores genéticos, imunológicos ou até mesmo ambientais que influenciaram o sucesso do tratamento nesse caso específico.

Além disso, o episódio de reinfecção ou reativação mostra que a eliminação completa do HIV do organismo humano ainda é um desafio, principalmente devido à capacidade do vírus de se esconder em reservatórios e permanecer inativo por anos.


 

Leia a matéria original aqui.

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