Do 'olhar para fora' para o 'amor interior': como nossa necessidade de validação evolui ao longo da vida

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Pela Dra. Eva Ritvo para o Beverly Hills Courier
Aconteceu uma coisa engraçada um dia desses. Enviei duas versões de um artigo que estava escrevendo para meus colegas inteligentes. Um respondeu: "Gostei mais da primeira" e o outro disse: "A segunda é ótima". Este é um exemplo perfeito de por que é tão complicado confiar na validação externa, o tema do artigo de hoje.
“Validação externa” em psicologia refere-se ao processo de buscar aprovação, afirmação ou reconhecimento de outras pessoas — para confirmar a autoestima, os sentimentos ou as crenças de alguém. Essas afirmações externas podem aumentar nossa autoestima e nos fazer sentir conectados e aceitos. Você já reparou que até o ChatGPT foi treinado para nos validar externamente?
“Validação interna” é o outro lado da moeda. É a capacidade de reconhecer o nosso próprio valor sem precisar que os outros nos digam. É a sensação que você tem quando termina um artigo e diz para si mesmo: “Gostei. É este.” Desenvolver a validação interna é um processo que dura a vida toda. É como cultivar um amor profundo e inabalável por nós mesmos — enraizado na autoconsciência, na autocompaixão e na autoconfiança.
Ao longo da vida e na maior parte do tempo, alternamos entre nossa necessidade e desejo inatos de validação externa e nossa capacidade crescente de validação interna.
As crianças aprendem buscando aprovação, o que funciona bem quando a vida é simples. Enquanto somos bebês e crianças pequenas, os cuidadores são nosso mundo inteiro. Nossa fome é remediada quando somos alimentados. Sentimo-nos irritados e alguém nos coloca para dormir. À medida que crescemos, a aprovação, os sorrisos e os abraços nos ajudam a aprender a navegar por nossos sentimentos e pelo mundo ao nosso redor. Quando um pai diz: "Estou orgulhoso de você", é mais do que apenas um elogio — é um bloco de construção para o nosso senso de identidade. Uma criança que ouve "Bom trabalho!" depois de desenhar uma imagem ou amarrar os sapatos experimenta uma explosão de orgulho que a motiva a continuar. Crianças que recebem validação externa consistente aprendem a se sentir seguras e confiantes e seu desenvolvimento dispara.
Crianças em idade escolar aprendem uma validação externa completa com um grupo cada vez maior de figuras parentais, que atuam como professores, treinadores e tutores. Elas recebem feedback em comentários como: "Certo, 2 + 2 = 4. Ótimo trabalho na prova de ortografia. Obrigado por se revezar na aula. Nossa, você correu rápido no campo de futebol hoje." Essas formas de validação externa as orientam e motivam. Crianças que recebem feedback positivo desenvolverão uma autoestima saudável.
À medida que nos tornamos adolescentes, o cenário muda. Em vez de buscar a validação dos pais e das figuras parentais, os adolescentes podem se "rebelar" contra esses valores como forma de se diferenciar e criar sua própria identidade. Meu pai, um sábio psiquiatra infantil, dizia: "Os pais são como o cais, e os adolescentes se empurram contra eles para ganhar impulso e seguir em frente com suas próprias vidas".
Adolescentes começam a experimentar diferentes identidades, experimentando diferentes "eus" para ver o que se encaixa. Eles buscam a opinião de amigos e colegas como a principal fonte de validação externa. Seu senso de valor muitas vezes depende de fazerem parte do grupo, receberem curtidas suficientes ou se sentirem aceitos pelos colegas. Pense em quanto tempo os adolescentes passam verificando suas contas nas redes sociais — buscando curtidas, comentários e validação dos seguidores. Pode ser devastador para um adolescente ser odiado por alguém ou ver uma amizade ou relacionamento amoroso terminar.
Os adolescentes também estão desenvolvendo a capacidade de se validarem internamente e se tranquilizarem, em vez de recorrerem aos pais/adultos em busca de conforto. Eles estão adquirindo uma consciência interna de quem são e do que importa para eles.
Esta fase da vida pode ser confusa, pois equilibra o desejo de reconhecimento externo dos colegas com a necessidade de desenvolver confiança interior. O ponto-chave é que a adolescência é um período de transição, um momento em que ambos os tipos de validação são influentes.
À medida que nos aproximamos da idade adulta, a vida se torna mais voltada para encontrar seus próprios valores e trabalhar para criar uma vida que seja ideal para você. As questões se tornam complexas e, muitas vezes, não há uma resposta "certa ou errada". Onde morar, qual carreira seguir, ter filhos ou não? Essas são perguntas que só você pode responder e seu sentimento interior deve ser seu guia.
Gradualmente, aprendemos a reconhecer e aceitar nossos próprios sentimentos. "Isso me parece certo e isso não me parece certo" pode se tornar sua luz guia. Você desenvolve sua própria bússola interna. Aprender a amar suas escolhas, celebrar seus pontos fortes, valorizar os erros como oportunidades de crescimento e confiar em seu próprio julgamento são sinais de maturidade. Ao afirmar conscientemente seu valor, reconhecer suas conquistas e praticar a autocompaixão, você gradualmente deixa de buscar aprovação externa e passa a se acolher. Alguns chamam isso de "autoconfiança ou autoestima". Ou, para os amantes da música, lembrem do clássico de Frank Sinatra, "I did it my way" ("Eu fiz do meu jeito", em tradução livre).
Validação interna não significa ignorar os outros ou negar a importância das conexões sociais. Em vez disso, trata-se de promover uma autoestima saudável: valorizar o reconhecimento quando ele chega, mas não depender dele para saber quem somos ou para nos sentirmos bem conosco mesmos. Se não conseguirmos desenvolver uma autoestima saudável, acabamos com narcisismo excessivo, buscando continuamente validação externa e, em casos extremos, com transtorno de personalidade narcisista.
Aqui estão algumas maneiras práticas de nutrir a validação interna:
– Pratique a atenção plena e a autoconsciência: reserve um tempo para observar seus pensamentos e sentimentos sem autojulgamento. Quando você se pegar buscando aprovação em excesso, lembre-se gentilmente de que seu valor não é ditado pelos outros. Você já é importante!
– Celebre seus pontos fortes: cultive um senso interno de orgulho quando as coisas vão bem. Aproveite as pequenas vitórias e não adie a alegria esperando pela grande vitória. Reconheça-se de forma significativa e não dependa dos outros para reconhecer seu sucesso.
– Pratique a autocompaixão quando ocorrerem "erros" ou resultados abaixo do ideal: eles são uma parte valiosa da vida e são inevitáveis. Fale consigo mesmo como falaria com um bom amigo. Perdoe-se. Com o tempo, esses incidentes podem se tornar dádivas e nos ensinar lições valiosas.
– Mantenha um diário de gratidão ou afirmações: anote coisas que você ama em si mesmo ou momentos em que se sentiu orgulhoso de suas ações.
– Estabeleça metas pessoais: concentre-se no que é importante para você, não no que os outros esperam ou valorizam. Torne-as alcançáveis. Revise e atualize suas metas todos os meses.
– Seja realista: se você constantemente se vê aquém do esperado, reavalie o padrão que você estabeleceu para si mesmo. Vivemos em uma sociedade hiperativa. Esqueça a ideia de "acompanhar os vizinhos". Trace seu próprio caminho.
– Seja paciente: desenvolver a autoconfiança é uma jornada que dura a vida toda, com percalços ao longo do caminho. "Progresso, não perfeição" é um mantra fortalecedor.
– Limite o uso das redes sociais: faça pausas ou estabeleça limites para evitar se comparar com imagens cuidadosamente selecionadas e muitas vezes irrealistas.
– Busque conexões reais: concentre-se em relacionamentos autênticos baseados em compreensão e apoio mútuos, em vez de aprovação superficial.
Com o tempo e a prática, podemos nos afastar da tendência que tínhamos antes, de buscar validação externa, e alimentar nossa crescente sabedoria interna. Embora a validação externa sempre desempenhe um papel e nos proporcione breves momentos de felicidade, a realização duradoura vem do amor-próprio interior.
“Ser você mesmo, em um mundo que está constantemente tentando fazer de você algo diferente, é a maior realização.”
Ralph Waldo Emerson
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