Home
Estilo de Vida
Chicago e suas artes – Como a cidade foi da cinzas ao céu
Estilo de Vida

Chicago e suas artes – Como a cidade foi da cinzas ao céu

publisherLogo
Rota De Férias
03/07/2025 19h49
icon_WhatsApp
icon_facebook
icon_email
https://timnews.com.br/system/images/photos/16554546/original/open-uri20250703-35-sw7fgx?1751572205
©Divulgação
icon_WhatsApp
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE

Da caixinha de som azul-claras pendurada no mastro do veleiro, ouvia-se Robert Johnson cantarolando melodicamente os versos de "Sweet Home Chicago". Enquanto o barco singrava as águas plácidas do Lago Michigan, meus ouvidos agradecidos e os dos demais passageiros se uniam ao encanto dos olhos diante daquele que, para muitos, é o skyline mais bonito dos Estados Unidos.

“Chicago é assim mesmo. A cidade esbanja arte por todos os lados, da arquitetura aos quadros e esculturas, passando pela música, pelo cinema e até mesmo pela gastronomia e pelos esportes, raízes fundamentais da nossa cultura”, disse o capitão Mike Blanchard, da empresa Come Sailing, que organiza tours pela região. “Vamos navegar mais para observar essas nuances?", propôs. "Dá para ir a praias e ver pontes, prédios e parques, numa mescla única de cores, formatos e texturas. Aqui, quem manda é a correnteza e vocês”, completou, antes de oferecer um drinque.

Os ventos realmente pareacem soprar ao sabor de quem viaja pela Windy City (Cidade dos Ventos), como Chicago é conhecida. E olha que eles nem são tão fortes assim. Há quem defenda, inclusive, que a alcunha não tem origem no fenômeno natural, mas sim na instabilidade dos políticos da cidade durante os tempos da Lei Seca — período em que Al Capone e outros gângsteres ganharam influência na região. Isso porque, de acordo com os interesses e pressões do momento, o governo ora agradava a um grupo, ora a outro, fazendo com que leis e projetos mudassem de rumo de forma abrupta e constante — como em um vendaval.

Artes em Chicago

Monumentos e espaço para concertos ao ar livre tomam conta do Millennium Park, em Chicago | Paulo Basso Jr.

Terceira maior metrópole americana (atrás apenas de Nova York e Los Angeles), Chicago não apenas é artística como tem muitas histórias para contar. A mais trágica delas, curiosamente, foi a principal responsável por transformar a maior cidade de Illinois em um modelo universal de arquitetura moderna.

Um terrível incêndio em 1871 — que, segundo a crença popular, teria começado após uma vaca derrubar uma lanterna sobre um monte de feno (embora as causas reais nunca tenham sido confirmadas) — consumiu 80% da região. Com a cidade reduzida a uma folha em branco, arquitetos renomados de diversas partes do mundo foram convidados para transformar as ruínas em um canteiro de experimentações.

Vinte anos depois, a cerâmica e o aço substituíram a madeira, pontes em estilo art déco foram erguidas, áreas verdes ganharam espaço, as casas tornaram-se mais raras e os prédios, mais altos. O número de andares foi crescendo aos poucos, até dar origem a construções de dez pavimentos — os primeiros arranha-céus do mundo — erguidas às margens do Rio Chicago, na região da Downtown.

O progresso tratou de multiplicar esses números, e a população viu surgir torres com 40, 50, 60... até 100 andares. A cidade cresceu, enriqueceu e, em meados do século 20, tornou-se o sonho de consumo de muitos americanos que, após a Grande Recessão de 1929 e nos anos seguintes, migraram do Sul, especialmente do Mississippi e da Louisiana, em busca de uma vida melhor. Com eles, levaram o estilo musical que não nasceu em Chicago, mas a partir dali se popularizou no mundo inteiro: o blues.

Música em Chicago

Estúdio da Chess Records, administrado hoje pela Willie Dixon’s Blues Heaven Foundation | Paulo Basso Jr.

Uma mistura de cânticos de trabalho e hinos religiosos, introduzidos por africanos escravizados no sul dos EUA, teria dado origem ao blues — ritmo que se tornaria a base do jazz, do country, do rock’n’roll e de tantos outros estilos musicais surgidos no país. Sinônimo de tristeza, o som marcado por instrumentos de corda transformava em canção as lamúrias da vida nos campos, principalmente os de algodão. Mas, como toda boa música, o blues também virou motivo de alegria. Sobretudo quando chegou à maior cidade de Illinois e ali foi potencializado com a ajuda de amplificadores e guitarras elétricas, dando origem ao chamado Chicago Blues.

Era meados dos anos 1950 quando gravadoras instaladas ao sul da Michigan Avenue, principal avenida da cidade, passaram a descobrir os talentosos migrantes que tocavam nos clubes da região. A principal delas, a Chess Records, funcionou em diversos endereços — entre eles o que fica no número 2120 da South Michigan Avenue, imortalizado no título de uma música dos Rolling Stones.

Hoje, o prédio que lançou ao estrelato os principais nomes da história do blues é um daqueles tesouros escondidos que passam despercebidos por turistas desavisados. Basta ir até lá, no entanto, para fazer uma visita guiada pelo estúdio criado pelos irmãos poloneses Leonard e Phil Chess, onde foram gravados clássicos de Bo Diddley, Howlin’ Wolf, Koko Taylor, Muddy Waters, Buddy Guy, Jerry Lee Lewis, Chuck Berry, Albert King e Etta James — só para citar alguns nomes.

Para se ter uma ideia da importância da Chess Records, Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, classificou o local em sua biografia como “solo sagrado”. Foi ali, inclusive, que a até então desconhecida — ao menos fora de Londres — banda inglesa gravou seu primeiro sucesso internacional, "It’s All Over Now", além da versão pioneira da clássica "(I Can’t Get No) Satisfaction".

Templos do blues

Roteiro em Chicago House of Blues, uma das casas tradicionais da noite de Chicago | Paulo Basso Jr.

Tudo isso foi possível porque Willie Dixon, o maior baixista da história do blues, foi contratado sabiamente pelos irmãos Chess como produtor do estúdio, o que atraiu muitos de seus amigos. Não por acaso, o prédio da 2.120 South Michigan Avenue funciona hoje como a Willie Dixon’s Blues Heaven Foundation, criada pela viúva do músico para manter o legado deixado pelos artistas lendários do blues.

Mais do que conhecer essas e outras histórias, o tour — realizado de terça a sábado, ao som de grandes sucessos — permite observar instrumentos (como um dos baixos de Dixon), roupas usadas por astros da música, discos e a sala de controle que registrou e ajudou o mundo a descobrir tantas maravilhas. Muitas delas ainda reverberam, diariamente, na vibrante vida noturna de Chicago, que inclui casas de blues espalhadas desde a região de Downtown até os arredores de Lincoln Park e Logan Square.

Visitei algumas delas, como a Rosa’s Lounge, um lugar simples, porém palco de grandes talentos; o Kingston Mines, onde lendas do ritmo costumam dar canjas; e a Green Mill, frequentada em outros tempos por Al Capone e sua turma. Uma das que mais gostei, porém, foi a Buddy Guy’s Legends, com acesso mais fácil para turistas, em Downtown, e cujo nome diz tudo.

Vale incluir ainda na lista alguns endereços mais modernos, que conquistam o público mais jovem em bairros como Wicker Park, River North, West Loop e Lakeview. É o caso da The Bassment, que remete aos antigos speakeasies — bares clandestinos da época da Lei Seca — e mantém um clima intimista de casa de jazz antes de se transformar em uma balada frenética, com shows ao vivo que misturam blues, pop, rock e hip hop. Ou então da clássica House of Blues, que também recebe bandas de estilos variados.

Arquitetura em Chicago

Acessibilidade em Chicago – Atrações para a melhor idade 60+ Famoso tour de barco pelo Rio Chicago permite apreciar a arquitetura da cidade | Paulo Basso Jr.

O blues é cativante, mas limitar uma visita a Chicago a apenas uma expressão artística seria um desperdício. Aclamada mundialmente, a arquitetura da cidade, por exemplo, conta com um espaço dedicado à sua apreciação: o Chicago Architecture Center. No local, é possível entender melhor a evolução das construções ao longo da história, a distribuição dos bairros a partir do Lago Michigan e diversas outras curiosidades destacadas em uma maquete interativa.

O centro também exibe os planos de desenvolvimento urbano da cidade até 2050 e, no segundo andar, apresenta modelos em miniatura dos maiores arranha-céus do mundo — inclusive o da Willis Tower, de Chicago, que tem 442 metros de altura e já foi o prédio mais alto do planeta. Hoje, esse posto pertence ao Burj Khalifa, em Dubai, com 828 metros.

Existem ainda outras maneiras de admirar os arranha-céus da cidade. A mais charmosa delas é fazer um passeio de barco, com o Shoreline Sightseeing Architecture River Tour, realizado no rio que empresta o nome à cidade.

Durante o trajeto, é possível ver prédios enormes de aço e vidro dividindo espaço com torres de terracota e descobrir curiosidades reveladas pelos guias, como o fato de o St. Regis Chicago, com 365 metros de altura e 101 andares, ser o edifício mais alto do mundo projetado por uma mulher. De quebra, no fim do tour dá para observar, já próximo à embocadura do Lago Michigan, o Navy Pier, espaço que conta até com roda-gigante, e o famoso skyline de Chicago, com os espigões mais emblemáticos perfilados.

Ao desembarcar, aproveitei para explorar o Riverwalk, um calçadão repleto de bares e restaurantes às margens do rio. O local vive movimentado dia e noite, especialmente nos meses mais quentes do ano. Ali dá para caminhar, pedalar ou simplesmente sentar, pedir um drinque ou um café e deixar o tempo passar, observando os arranha-céus e imaginando como Chicago renasceu das cinzas para emoldurar o céu de forma tão sublime.

Skydeck e 360 Chicago

Chicago The Ledge, no Skydeck: as pernas tremem, mas vale a pena | Ranvestel Photographic Photo Courtesy of Choose Chicago

Se por baixo o visual é arrebatador, do alto ela fica ainda melhor — especialmente para quem visita o Skydeck, observatório localizado no 103º andar da Willis Tower, a 412 metros de altura. De lá, é possível admirar a paisagem urbana de Chicago, com os prédios se espalhando por Downtown. Como o local costuma atrair muitos turistas, vale a pena adquirir passes com desconto, como o Chicago CityPass, e garantir a entrada com antecedência.

A maior parte dos visitantes se concentra no espaço conhecido como The Ledge, formado por quatro cubos de vidro com 1,5 metro de extensão projetados para fora da torre. As estruturas funcionam como sacadas com chão transparente. Dali, os carros parecem miniaturas e as pessoas, formiguinhas. As pernas podem até tremer, mas a experiência é inesquecível.

Sensação semelhante ocorre no espaço Tilt, que fica em outro observatório da cidade, o 360 Chicago, localizado no edifício John Hancock Center. No 94º andar, é possível pagar um valor adicional para se apoiar em uma estrutura de vidro que se inclina para fora, simulando a sensação de estar se projetando para além da fachada do prédio.

Ainda que essa não seja sua vibe, vá mesmo assim ao alto do prédio, pois as vistas em 360 graus, que incluem panoramas da Willis Tower e, principalmente, de algumas praias de Chicago, valem muito a pena. Para mim, são ainda mais belas que as do Skydeck.

Artes plásticas em Chicago

Art Institute of Chicago, um dos melhores museus do mundo | Paulo Basso Jr.

Com tanta vocação para as artes, Chicago concentra também alguns dos museus mais importantes do mundo, sem contar as obras expostas a céu aberto, como as de Picasso e Magritte, que ficam nas calçadas da Downtown, e os próprios espigões do Loop – como a área central é chamada pelos locais, em referência à forma como os trilhos de metrô se cruzam por ali, formando um laço em volta do miolo da cidade.

O endereço mais aclamado nesse cenário é o Art Institute of Chicago. Com quase cinco mil anos de história representados em pinturas, fotografias e artefatos decorativos, o museu abriga a maior coleção de obras impressionistas fora da França. Não por acaso, já foi eleito diversas vezes como o melhor museu do planeta pelos usuários do TripAdvisor.

Ali estão quadros de Van Gogh, Monet, Gauguin e muitos outros. Áreas modernas e contemporâneas trazem Picasso, Miró, Dalí, Warhol e Hopper. Vale a pena reservar ao menos uma manhã ou tarde para observar apenas os highlights da casa, sem contar a placa de início da Rota 66 (que vai de lá até Santa Monica, na Califórnia), situada em um poste bem em frente ao museu, na esquina da S Michigan Ave com a E Adams St.

Para quem prefere museus de história natural, uma excelente opção é o Field Museum, que impressiona tanto pelo acervo quanto pela grandiosidade. No segundo andar está sua principal atração: SUE, o esqueleto de Tiranossauro rex mais completo já encontrado.

O espaço, que costuma encantar crianças e adultos, também abriga exposições sobre a formação da Terra, povos indígenas das Américas, culturas do Egito Antigo e da China, além de milhares de fósseis, pedras preciosas e réplicas de animais. A curadoria é detalhista e atenta à qualidade das informações.

Feijão mágico

Acessibilidade em Chicago – Atrações para a melhor idade 60+ Cloud Gate, no Millenium Park | Paulo Basso Jr.

Quem também transborda arte é o Millennium Park, um dos principais refúgios verdes de Chicago — o outro, que também merece a visita, é o Lincoln Park, à beira do Lago Michigan. A área concentra alguns dos cartões-postais mais icônicos da cidade, como a Cloud Gate, escultura criada pelo artista indiano Anish Kapoor e que lembra um feijão com superfície espelhada, capaz de exibir reflexos dos prédios vizinhos e dos visitantes que caminham ao lado ou passam por baixo da obra.

O “feijão mágico” divide espaço com a divertida Crown Fountain, formada por duas colunas de concreto com telas que projetam retratos gigantes de moradores de Chicago. Entre elas, um espelho d’água faz a alegria das crianças — pelo menos no verão, já que a fonte é desligada durante os meses mais frios. O circuito de atrações na área inclui ainda o Lurie Garden, um jardim elevado com lavandas; a sinuosa BP Pedestrian Bridge; e o futurista Jay Pritzker Pavilion, palco de shows projetado pelo arquiteto Frank Gehry.

Para ter uma vista privilegiada de tudo isso, vale anotar a dica: vá ao número 12 da South Michigan Avenue, no prédio do Chicago Athletic Association, em frente à Crown Fountain, e suba ao Cindy's Rooftop. De lá, é possível contemplar não apenas o Millennium Park e suas atrações, mas também o Lago Michigan, em meio a uma das paisagens mais arrebatadoras dos EUA.

Cinema em Chicago

Acessibilidade em Chicago – Atrações para a melhor idade 60+ Em "Batman: O Cavaleiro das Trevas", o Homem-Morcego observa Chicago do alto da Willis Tower | Paulo Basso Jr.

Quem caminha por Chicago frequentemente tem uma sensação de déjà vu. Afinal, ela já serviu de cenário para muitos sucessos do cinema. Até mesmo o Homem-Morcego (Christian Bale) de "Batman: O Cavaleiro das Trevas" experimentou isso ao observar a cidade – transformada em Gotham City – do alto da Willis Tower. Quem também já passou por lá foi Peter Park (Tobey Maguire), em "Homem-Aranha 2", assim como os Autobots e os Decepticons, em "Transformers: O Lado Oculto da Lua".

Para quem prefere heróis mais mundanos, Macaulay Culkin levou às telonas imagens do Aeroporto Internacional O'Hare e do bairro de Winnetka em "Esqueceram de Mim". O drama policial "Os Intocáveis", por sua vez, revive os tempos da Lei Seca com cenas memoráveis da região, a exemplo da que se passa na escadaria da Union Station.

A lista de longas gravados em Chicago inclui ainda "Os Irmãos Cara-de-Pau", "Curtindo a Vida Adoidado", "O Fugitivo", "Alta Fidelidade" e "O Casamento do Meu Melhor Amigo". São tantos cenários imortalizados que quem quiser pode fazer um tour dedicados ao tema, oferecido por empresas especializadas como Chicago Movie Tours e Civitatis.

Séries de TV

Roteiro em Chicago O restaurante original Mr. Beef, usado como inspiração na série The Bear | Paulo Basso Jr.

Não é apenas o cinema que encontra em Chicago um pano de fundo perfeito. A televisão também fez da cidade o lar de produções marcantes, como as séries do universo "Chicago", criado por Dick Wolf. "Chicago Fire", "Chicago P.D." e "Chicago Med" aproveitam a paisagem urbana para contar histórias que se passam em delegacias, hospitais e quartéis de bombeiros. Em muitos episódios, é possível ver locações reais da cidade, como a Firehouse Engine 18, na South Blue Island Avenue, que aparece como a estação dos bombeiros de 'Chicago Fire'.

Mais recentemente, quem colocou Chicago de volta aos holofotes foi "The Bear", série multipremiada que retrata o dia a dia intenso de uma cozinha e presta homenagem à gastronomia local. O sucesso foi tanto que inspirou o The Bear Food Tour – Yes, Chef, promovido pela Chicago Food City Tours.

Embarquei no passeio que começa no Mr. Beef, em River North, lanchonete que serviu de inspiração direta para o "Original Beef" da série, comandado pelo chef Carmy (Jeremy Allen White). O famoso italian beef sandwich servido na casa é bom para valer e atrai fãs e locais que chegam a fazer filas imensas por lá. Em seguida, é hora de visitar a vizinha e histórica The Green Door Tavern, bar com mais de 100 anos e atmosfera caótica. Ele é mencionado na série por Richie (Ebon Moss-Bachrach).

Em West Town, o destaque é o Lao Peng You, restaurante chinês conhecido pelos noodles e dumplings artesanais e que serviu de inspiração para a personagem Sydney (Ayo Edebiri) desenvolver sua arte culinária. Já em Humboldt Park está a tradicional Roeser’s Bakery, padaria mais antiga da cidade e especializada em doces clássicos, como os donuts que caíram no gosto de Marcus (Lionel Boyce).

O tour termina na charmosa Margie’s Candies, em Bucktown, com sorvetes e sundaes gigantes servidos em um ambiente retrô que conquistou não apenas Sydney, mas também os Beatles e os Rollings Stones, que estiveram por lá na vida real. A calda de chocolate é de dar água na boca.

Gastronomia em Chicago

Acessibilidade em Chicago – Atrações para a melhor idade 60+ Deep dish pizza da Giordano's: um clássico de Chicago | Paulo Basso Jr.

A gastronomia, de fato, é tratada como arte em Chicago, sobretudo quando os nativos mencionam com orgulho os dois pratos mais emblemáticos da cidade: o hot-dog Chicago Stlye — servido com mostarda amarela, relish verde, cebola picada, tomate, picles e sal de aipo (não ouse colocar ketchup, pois isso é uma afronta para os locais) —, disponível em locais como o Portillo's, e as deep dish pizzas, que mais parecem tortas altas com muito recheio e têm nas pizzarias Giordano’s, Uno e Due seus endereços mais clássicos.

Há, porém, uma cozinha muito mais sofisticada em outros restaurantes locais. O Nisos Prime, no coração de West Loop, por exemplo, serve cortes de carne deliciosos em um ambiente de encher os olhos. Na mesma toada, vale visitar o Smith & Wollensky, que tem mesas com vista para o Rio Chicago e prepara cortes generosos e suculentos, como o filé com crosta de gorgonzola.

Cozinha universal

Roteiro em Chicago No Time Out Market, em Fulton Market, é possível provar pratos do mundo inteiro | Paulo Basso Jr.

Para quem gosta de gastronomia oriental, a dica é o Lure Fishbar, no 21c Museum Hotel. Entre os clássicos locais, também merecem destaque o Green Street Smoked Meats, especializado em churrasco americano, e o Au Cheval, que serve um dos hambúrgueres mais concorridos de Chicago. Quase sempre há fila na porta e é difícil conseguir uma mesa, mas cada segundo de espera vale a pena quando você dá a primeira mordida no lanche, que não economiza no bacon e tem sabor marcante.

Outros endereços dignos de nota são o The Purple Pig, onde é possível experimentar pratos contemporâneos de alto nível, o Prosecco Chicago, que combina ambiente de barzinho com cozinha italiana, o SIFR, de cozinha mediterrânea e indicado como Bib Gourmand (com boa comida a preços acessíveis) pelo Guia Michelin, e o Time Out Market, mercado em Fulton Market repleto de especialidades de diversas partes do mundo, como Índia, China, Líbano, Itália e EUA.

Ah, e não vá embora de Chicago sem comprar ao menos um saco da famosa pipoca Garrett Popcorn. De preferência o Garrett Mix, que combina uma porção doce caramelizada e outra salgada com queijo cheddar. Acredite, é uma delícia!

Esportes em Chicago

Roteiro em Chicago United Center, a casa do Chicago Bulls | Paulo Basso Jr.

O dom de transformar tudo em arte também levou Chicago a imortalizar uma das imagens esportivas mais conhecidas do mundo: a do ídolo do basquete Michael Jordan saltando com a bola na mão e pairando no ar, como se estivesse voando — uma das marcas que o consagraram, até hoje, como o maior jogador da história da modalidade.

Jordan defendeu o Chicago Bulls por anos e liderou a equipe em suas seis conquistas da NBA, todas na década de 1990. Uma estátua do atleta pode ser vista no saguão do United Center, casa do Bulls e também do Chicago Blackhawks, time de hóquei da NHL.

Os fãs de esportes também encontram na cidade o Soldier Field, estádio de futebol americano localizado na beira do Lago Michigan e sede do time da NFL Chicago Bears, e o Guaranteed Rate Field, arena de beisebol do Chicago White Sox, da MLB.

Hino do beisebol

Roteiro em Chicago Wrigley Field, um dos estádios de beisebol mais antigos da MLB | Paulo Basso Jr.

Nenhum espaço esportivo da cidade, porém, me despertou tanta atenção quanto o Wrigley Field, casa do Chicago Cubs, também da MLB e um dos principais pontos turísticos locais. Inaugurado em 1914, é o segundo estádio mais antigo da liga de beisebol (o primeiro é o Fenway Park, em Boston) e tem capacidade para cerca de 41 mil pessoas. Um detalhe curioso: diversos assentos ficam nos rooftops dos prédios vizinhos, adquiridos pela franquia ao longo dos anos para aumentar a oferta de lugares sem alterar a estrutura original da arena.

Desde a década de 1970, quem assiste aos jogos ali costuma cantar, durante a sétima entrada dos Cubs, a música "Take Me Out to the Ball Game", hino do beisebol e uma das canções mais famosas dos EUA — há quem diga que só perde em popularidade para o hino nacional e para "Happy Birthday". A tradição, introduzida pelo lendário locutor Harry Caray e entoada a plenos pulmões por torcedores e visitantes em Chicago, sempre termina com uma salva de palmas. Nada mais justo para celebrar a cidade que faz da arte seu estilo de vida.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
icon_WhatsApp
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE
Confira também