Treinar até falhar nos exercícios de musculação?

Tecmundo








Este texto foi escrito por um colunista do TecMundo; saiba mais no final.
É só navegar nas redes sociais que você vai ver: “treine até a falha na musculação”. “Esgote seus músculos até o ponto de não conseguir completar sequer uma repetição a mais em sua série”, são falas em perfis e canais fitness.
Porém, o que a ciência nos apresenta sobre a falha nos exercícios de força? Seria ela positiva ou negativa para os resultados? A prática realizada nas academias está conforme o indicado pela ciência mais atual?
Esse é um resultado que mexe com as crenças das pessoas e pode ser difícil mudar. Temos algo impregnado em nós: a preguiça cognitiva, como afirma Adam Grandt no belo livro “Pense de novo”. Geralmente preferimos a facilidade de nos agarrarmos a visões antigas à dificuldade de compreender ideias novas. Mas para superar isso podemos adotar uma postura científica e nos mantermos abertos às novas evidências que surgirem.
Essa é uma decisão do profissional de Educação Física, que com o praticante, vai considerar aspectos como o volume de treino, o peso levantado, a ordem dos exercícios, além das respostas afetivas do praticante, pois muitos podem sentir desprazer chegando à falha, enquanto outros se sentem desafiados.
Considerando um objetivo bastante comum entre os praticantes de musculação – hipertrofia, que antes de estética é saúde, pois ter maior quantidade de massa muscular é também saudável, sabe-se que o volume semanal de treino é uma variável importante, portanto limitar a fadiga neuromuscular ocasionada pela falha, pode ser coerente, pois essa compromete o volume nas séries seguintes do treino.
Apesar disso, a falha pode ser utilizada em momentos como a última série do grupo muscular treinado, quando há bastante tempo de descanso entre as séries, além de quando se deseja gerar um desafio para o praticante, o que pode ajudar na motivação.
Outra situação que a falha pode ser prescrita é quando ficamos acostumados ao treino que estamos fazendo há semanas e um platô pode ser quebrado, chegando à falha muscular. Em geral, a falha muscular não é recomendada para iniciantes na musculação.
Parece que o mantra “go hard or go home” (treine pesado ou vá para casa) não é apoiado cientificamente. Podemos aumentar força e hipertrofia sem chegar à falha muscular. Lembre-se que resultados de longo prazo como estética e condicionamento físico vem com a prática de exercícios também a longo prazo. Se manter ativo é o mais importante. Sem falhas.
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Fábio Dominski é doutor em Ciências do Movimento Humano e graduado em Educação Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). É Professor universitário e pesquisador do Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício (LAPE/UDESC). Faz divulgação científica nas redes sociais e em podcast disponível no Spotify. Autor do livro Exercício Físico e Ciência - Fatos e Mitos.



