Resumão da Semana: Escangalhopança (ou Um Bonde Chamado Do Tigrão)
33giga
Dizem que todo mundo que escreve tem o temor da página em branco. Não é o meu caso, dado que, quando ela fica preenchida, dá muito mais medo do que saiu – principalmente quando estou ainda aqui em cima e nunca sei o que vai ter até lá em baixo.
(Provavelmente, alguma citação esculhambando Bolsonaro, signos, horóscopo e Neymar. Ou qualquer coisa – aí já mais de mesa e tem também perulona e a tardia de Caxias – ligada ao desenho do Rambo, Jorge Ben, lico de cair pinto e, como deu para perceber, Feira da Fruta ou Choque da Uva.)

Pensava nisso porque, basicamente, tinha esquecido de escrever a newsletter/coluna da semana e vi a página em branco. Daí, rapidamente lembrei que por esses dias também me pediram para redigir uma cartinha em homenagem a uma pessoa, eu esqueci do prazo e, em cima da hora, vi a página em branco.
Saiu uma parada que poderia também ser uma ofensa a essa pessoa ou a quem se sentir ofendido. (Se aconteceu, peço desculpas a quem se sentiu ofendido. Quem me conhece sabe.)
Nem reli e mandei.

Mas lembro que escrevi algo que era um cruzamento de O Homem da Gravata Florida com uma história da revista em quadrinhos do Trapalhões. Mais especificamente, a chamada Os Cobras da Cobrança. Nela, Didi, Dedé, Mussum e Zacarias são obrigados a cobrar um cidadão chamado Chico K. Loteiro. Além do nome suy generis, o caboclo era uma mistura de Paulo Cintura com aquele fortão da Praça é Nossa que espancava o Canarinho depois de fazer várias caretas de mal.
Não sei se ficou boa a homenagem, mas a pessoa que pediu enviou um Zap Zap dizendo que “chorou aqui”. Não estendi o assunto porque abaixo da mensagem dela havia uma parte da tela em branco e fico confortável com isso.

Mas depois me peguei pensando em porque alguém choraria com umas linhas muito das más traçadas falando de alguém. Talvez tenha sido a correlação que fiz lá – e agora, vai aqui – com a obsessão que minha irmã mais nova teve certa feita.
Um belo dia, cheguei em casa e ela me disse seriamente: “Sérgio, você já percebeu que todas as pessoas parecem ratos?”. Na hora, pensei em contemporizar com algo como “a humanidade vai mal, mas veja bem”.

(Isso faz muitos e muitos anos. Ainda não tinham emergido das sombras Bolsonaro e sua trupe.
Trump era só um cara que não era laranja. E a maior barbaridade política da época era o Alckmin mandar bater em aluno e em professor – com suas surras pedagógicas – e o Maluf fazer uma ponte gigante entre a casa e o trabalho dele para facilitar a movimentação.
Logo, eu era inocente e mandaria o “veja bem”. Hoje, se eu falasse o que penso a respeito, ofenderia até quem não se sentisse ofendido.)

Entretanto, ela foi mais rápida do que qualquer coisa que eu pensasse e emendou: “fisicamente falando”.
– Cuma?
– Repara.
– Como assim? Todo mundo parece o Mickey Mouse?
– O Mickey Mouse não parece rato, você sabe. Nem ele, nem o Jerry. Eles parecem mais humanos mesmo. Tô falando de rato de verdade, esses ratos de enchente.
– Rato real.
– Isso, rato real. Repara em todos os rostos humanos. As orelhas, os olhos, o nariz. Tudo tem formato meio ratudo.
– Será?
– Confia.
– Até eu?
– Principalmente. Mas isso porque você tá aqui pertinho e vejo melhor. Mas o pai, a mãe, o Axl Rose e o Woody Harrelson e o José Wilker. Ratos.
– O pai não parece rato.
– Rato maranhense. Conheço bem.
– E que exemplos estranhos.
– É que acho todos lindos, Axl, Woody Harrelson.
– Mas eles parecem ratos, éca.
– Sim, mas estão mais para o Topo Giggio.
– Que, como falamos AGORINHA, ao lado de Jerry e Mickey, são mais humanizados.
– Isso.
– Então, se esses ratos parecem mais humanos e todos os humanos parecem ratos, eles parecem mais ratos que os próprios ratos?
– Acho que é isso. Tirando o José Wilker. Além de charme, ele tem classe.

E acho que, por hoje, é quase isso.

Queria falar um pouco ainda sobre o Mel Gibson. Mas acho que não vai dar.

O homem, a despeito de ter opiniões extremamente imbecis – ou talvez exatamente por isso, tentando provar seu ponto da forma errada –, faz filmes excelentes.
Um belo exemplo é Apocalypto, que revi recentemente. O filme – falado na língua Maia, para dar mais realismo – mostra o começo dos últimos dias desse império, quase que literalmente.
(Na verdade, não sei se cabe o literalmente aqui.
Mas não estou a fim de checar e creio que o quase já resolve e mata o literalmente ou dá sentido à frase. De qualquer forma, não sou a ABL e não vou consultar o Pasquale.
Já o fiz uma vez e ele foi muito simpático, diga-se. Explicou o diminutivo de moto, sendo as opções motinho ou motinha e uma delas está errada e sei lá eu qual é mesmo.
Mas como eu nem lembrava que tinha que escrever essa newsletter/coluna, então vamo que vamo que o samba não pode parar e tudo mais.)
O fato é que Apocalypto tem final incrível e eu poderia falar bem mais sobre ele. Mas as observações do rapaz abaixo já me servem bem. Isso porque claramente ou ele, ou eu, ou o Mel ou todos não entendemos nada de nada.

Em tempo: a continuação tá em qualquer livro de história
Semana que vem, se eu lembrar, volto para falar de pessoas que têm ódios aleatórios, como a cegonheiros, Sabinas Simonatos, taxistas e comidas com coisas empelotadas no meio de outras mais fofas (tipo sorvete de flocos).
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