A curiosa conexão entre Conclave e o apresentador Jô Soares

Indicado a oito Oscars, o thriller político-religioso Conclave tem suas raízes no romance do escritor britânico Robert Harris, publicado no Brasil graças a uma sugestão inusitada: a do apresentador e escritor Jô Soares.

Na trama fictícia criada por Harris, um papa reformista morre, desencadeando um conclave marcado por disputas internacionais.

Entre os cardeais, há tanto progressistas que defendem maior inclusão das mulheres quanto conservadores que desejam restaurar tradições antigas. Além disso, alguns candidatos guardam segredos que podem abalar a estrutura da Igreja.

"O Cardeal Lawrence é encarregado de executar o processo secreto de escolha do novo sumo pontífice após a morte inesperada do amado Papa. Uma vez que os líderes mais poderosos da Igreja Católica se deslocaram de todas as partes do mundo e estão trancados nos salões do Vaticano, Lawrence encontra-se no centro de uma conspiração e descobre um segredo capaz de abalar a própria fundação da Igreja", destaca a sinopse do longa. 

Fã da obra de Harris e fascinado pelo tema da sucessão papal, Jô recomendou a leitura ao editor Luiz Schwarcz, presidente do Grupo Companhia das Letras, que acabou adquirindo os direitos de publicação.

“Jô perguntou sobre o livro durante uma visita que fiz a ele, e decidimos publicá-lo”, relembrou Schwarcz, em depoimento ao O Globo. “A escolha dos papas era um dos temas que o intrigavam. Ele também foi um grande leitor de biografias.”

Segundo Schwarcz, era comum que Jô sugerisse títulos para a editora — afinal, ele mesmo era um autor da casa. Seu primeiro romance, O Xangô de Baker Street, lançado aos 57 anos, tornou-se um best-seller imediato. 

Antes disso, ele já havia publicado coletâneas de crônicas humorísticas e relatos sobre as Copas do Mundo de 1950 e 1954. Suas obras combinavam suspense e bom humor, característica presente também em Conclave, que explora os rituais secretos do Vaticano na escolha de um novo papa.

O filme

A adaptação cinematográfica, dirigida pelo suíço Edward Berger, conquistou o Globo de Ouro de melhor roteiro para Peter Straughan e agora disputa oito estatuetas no Oscar, incluindo melhor filme, melhor roteiro adaptado, melhor ator (Ralph Fiennes), melhor atriz coadjuvante (Isabella Rossellini), melhor figurino, melhor trilha sonora e melhor montagem.

Para aqueles fãs de filmes inspirados em episódios históricos, Conclave já se encontra em cartaz nos cinemas brasileiros.