Home
Notícias
Análise de enterro revela práticas funerárias perturbadoras no Egito Antigo
Notícias

Análise de enterro revela práticas funerárias perturbadoras no Egito Antigo

publisherLogo
Aventuras Na História
25/07/2025 14h59
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
https://timnews.com.br/system/images/photos/16568687/original/open-uri20250725-34-19vk45r?1753460105
©Divulgação/Journal of Archaeological Method and Theory
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE

Arqueólogos descobriram práticas funerárias perturbadoras em um antigo cemitério egípcio, revelando aspectos da vida espiritual de aldeões que viveram há mais de 5.000 anos. As escavações ocorreram em Adaïma, uma antiga comunidade às margens do Nilo, e revelaram rituais cuidadosamente elaborados, muitos dos quais parecem antecipar mitos centrais da religião egípcia.

Um dos achados mais marcantes foi o corpo de uma adolescente enterrada entre 3300 e 2700 a.C. Seu braço direito foi removido após a morte, provavelmente com o uso de um machado, enquanto os músculos foram cortados com lâminas de sílex.

O mais intrigante, conforme destaca uma matéria do Daily Mail, é que os fragmentos foram posicionados de maneira a parecer que o membro estava intacto: a mão foi cuidadosamente colocada ao lado do antebraço, espelhando a posição incomum do braço esquerdo, que estava dobrado em um ângulo muito fechado, de forma forçada.

Também vale destacar que a jovem foi enterrada com o corpo alinhado ao pôr do sol no solstício de inverno, enquanto seu caixão apontava na direção do nascer de Sirius, a estrela mais brilhante do céu noturno. Para os pesquisadores, essa configuração pode representar uma das primeiras manifestações do mito de Osíris e Ísis. No relato mitológico, Ísis recompõe o corpo desmembrado de Osíris sob a ascensão de Sirius, simbolizando a morte, o renascimento e a ordem cósmica.

Essas descobertas sugerem que práticas espirituais e astronômicas já estavam profundamente enraizadas na cultura funerária rural do Egito, séculos antes do surgimento dos faraós. De acordo com os arqueólogos, gestos como o alinhamento com corpos celestes e o tratamento simbólico dos corpos refletiam crenças espirituais elaboradas, que mais tarde seriam absorvidas e formalizadas pelo Estado egípcio nascente.

Com o auxílio de inteligência artificial e técnicas de aprendizado de máquina, os pesquisadores analisaram mais de 900 sepulturas distribuídas pelos 74 acres do cemitério de Adaïma — um dos mais antigos e estudados do Egito. O estudo revelou transformações culturais de longo prazo, incluindo o surgimento gradual de hierarquias sociais e o uso crescente de símbolos espirituais.

Outros achados reforçam a importância ritual dos enterros. Uma mulher foi sepultada com joias e cerâmicas ornamentadas, com seu caixão voltado para o sol de inverno. Outra, enterrada com um cajado cerimonial e usando uma peruca feita de fibras vegetais, estava voltada para o pôr do sol no solstício de verão. Tais gestos ritualísticos reforçam a tese de que o posicionamento celeste dos corpos tinha valor simbólico e cosmológico.

As sepulturas mais recentes no local foram agrupadas ao redor das mais antigas, muitas vezes alinhadas astronomicamente, o que indica uma veneração ancestral contínua. Alguns túmulos continham caixões finamente trabalhados ou modelos de barcos em marfim, sugerindo um status elevado ou uma conexão espiritual especial.

Também foram encontrados gestos simbólicos mais sutis: o osso de uma criança foi colocado no peito de um adulto, e uma mulher foi enterrada segurando um fragmento de pulseira — sinais interpretados como representações conscientes de vínculos espirituais e crenças sobre a vida após a morte.

Mito de Osíris

O mito de Osíris, no qual Ísis reconstitui o corpo do marido assassinado pelo irmão Set e concebe seu filho Hórus, sempre esteve associado à ideia de ressurreição e renovação. Esse mito também se entrelaçava com o ciclo do Nilo, cuja cheia anual era interpretada como resultado das lágrimas de Ísis, segundo um estudo sobre astronomia egípcia. A estrela Sirius, chamada Sepdet, era tida como a manifestação celeste da própria deusa.

Para os estudiosos, essas práticas funerárias de vilarejos antigos não foram apagadas pelo tempo, mas sim absorvidas pelas estruturas religiosas e políticas do Egito dinástico. "Quando o estado surgiu, ele não criou a religião do zero", escreveram os pesquisadores. "Ele absorveu práticas de longa data e as transformou em narrativas reais."

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE
Confira também