Antônio Genez Parize, testemunha da Revolução de 1932, morre aos 106 anos
Aventuras Na História

Antônio Genez Parize, considerado um dos moradores mais emblemáticos de Avaré (SP), morreu no último dia 19 de julho, a apenas 15 dias de completar 107 anos.
Patrimônio vivo da cidade, Parize era conhecido pela disposição e pela alegria: dirigia até os 105 anos, frequentava academia, pescava semanalmente e mantinha sempre o bom humor que o tornava inesquecível para quem o conhecia.
Vida
Nascido em 3 de agosto de 1918, na zona rural de Tietê, mudou-se com a família para Avaré na década de 1930. Alfaiate de profissão, deixou registrada sua irreverência até na publicidade: em uma propaganda antiga, a tesoura aparecia maior que ele próprio, referência à sua baixa estatura.
Católico atuante, integrou por décadas o coral da igreja, onde descobriu não apenas sua paixão pelo canto, mas também sua companheira de vida, a organista Diva Cortez, com quem se casou em 1947 e teve dois filhos, Marco Antônio e Maria Diva.
Ao longo da vida, Parize acumulou experiências singulares. Ainda jovem, foi coroinha no front da Revolução Constitucionalista de 1932, testemunhando batalhas em Fartura.
Nas décadas seguintes, engajou-se em causas sociais, fundando sindicato de trabalhadores rurais e atuando no Círculo Operário — ocasiões que lhe renderam, entre risos, o apelido de “comunista”, apesar de seu fervor católico. Também exerceu por quase 50 anos a função de juiz de paz, oficializando a união de milhares de casais.
Viúvo desde 2005, após quase 60 anos de casamento, Parize enfrentou com serenidade o peso da longevidade, resumindo sua filosofia de vida em uma metáfora simples: “A vida é um manso lago azul. Horas alegres cantando, horas tristes chorando”. Nos últimos anos, mesmo com limitações físicas, não abandonou a leitura de jornais, a oração diária e a missa, ainda que precisasse da ajuda da bengala.
Internado após piora em seu quadro de saúde, faleceu cercado pela família. Foi sepultado em Avaré, deixando filhos, seis netos, 11 bisnetos e uma história de vitalidade, fé e irreverência. Segundo a ‘Folha de São Paulo’, mais do que lembranças, Antônio Genez Parize deixa à cidade uma lição marcante: a de que é possível atravessar um século de vida com leveza e alegria.
*Sob supervisão de Fabio Previdelli

