Na última quarta-feira, 18, Jeffrey Ferguson, um juiz da Califórnia, foi sentenciado a 35 anos de prisão perpétua, após ser condenado por homicídio de segundo grau pela morte de sua esposa, Sheryl Ferguson, em agosto de 2023. Durante a audiência, Ferguson, de 74 anos, descreveu o incidente como um “acidente horrível”.

O crime ocorreu em 3 de agosto do ano passado, durante uma discussão que envolvia álcool e questões financeiras. A acusação afirmou que Ferguson disparou intencionalmente contra sua esposa, de 65 anos, com quem esteve casado por 27 anos.

Na audiência, o promotor do Condado de Orange, Seton Hunt, ressaltou a experiência profissional de Ferguson, que atuou como juiz do Tribunal Superior desde 2015 e foi promotor por mais de 30 anos. Hunt enfatizou, segundo o New York Times: “Ele estava em posição, mais do que quase qualquer outra pessoa, de conhecer os perigos de manipular uma arma da forma como o fez. Ele intencionalmente pegou a arma, apontou para a esposa, puxou o gatilho e a matou”.

Apesar disso, Ferguson manteve sua posição de que o disparo foi acidental. “Entendo o veredito do júri, mas foi um acidente horrível”, declarou ele. “Sinto uma tristeza enorme, não só por mim, mas também por meu filho, Phillip, e pelos irmãos de Sheryl. Para mim, Sheryl não morreu apenas uma vez, em 3 de agosto de 2023. Ela morre repetidamente todas as manhãs em que acordo”, acrescentou. “Gostaria que Deus tivesse me levado em vez dela”.

Phillip Ferguson, filho do casal e testemunha do incidente, estava em casa na noite do crime e ligou para os serviços de emergência após o tiro. Ele mencionou que tanto ele quanto a mãe estavam preocupados com o consumo excessivo de álcool pelo pai, embora nunca tivessem se sentido ameaçados. “Não posso tirar outra conclusão senão a de que a morte da minha mãe foi acidental”, afirmou Phillip. “Se eu tivesse alguma dúvida, não suportaria olhar meu pai nos olhos”.

O crime

A promotoria detalhou que o juiz sacou uma pistola de um coldre preso ao tornozelo e atirou no peito da esposa à queima-roupa enquanto assistiam televisão na sala de sua residência em Anaheim Hills. Antes do disparo fatal, Sheryl teria questionado: “Por que você não aponta uma arma de verdade para mim?”, após um gesto feito por Ferguson durante um jantar em um restaurante mexicano.

Após o tiro, Phillip tentou reanimar sua mãe seguindo as orientações dos operadores do serviço de emergência, mas ela não sobreviveu. Quando as autoridades chegaram ao local do crime, encontraram Ferguson sob influência de álcool e utilizando um coldre vazio. Em investigações posteriores na residência do casal, a polícia apreendeu 48 armas – incluindo rifles, espingardas e revólveres – além de mais de 26 mil cartuchos de munição.

Após sua condenação em abril deste ano, Ferguson foi suspenso sem salário. Embora ainda não tivesse sido formalmente afastado do cargo judicial até aquele momento, medidas nesse sentido devem ser tomadas após a sentença final. A juíza Eleanor Hunter destacou que Ferguson sabia que não poderia manusear armas enquanto estivesse sob efeito de álcool e irritação: “Mas ele não presta atenção às regras”, disse Hunter. “Ele não acredita que as regras se aplicam a ele”.