As inscrições no par de sapatos que pertenceu a criança morta em Auschwitz

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O Holocausto teve fim há várias décadas. No entanto, até os dias de hoje, especialistas continuam encontrando vestígios desse triste episódio da história da humanidade.
Em julho de 2020, uma equipe do Memorial e Museu de Auschwitz-Birkenau fez uma descoberta comovente: um par de sapatos infantis com uma inscrição manuscrita. A mensagem indicava o nome de uma criança, seu número de registro e a forma como chegou ao campo de concentração de Auschwitz.
Segundo a Fox News, os pesquisadores encontraram o bilhete durante obras de reforma no Bloco 17 do campo principal. O sapato pertencia a Amos Steinberg, um menino tcheco de seis anos que foi deportado para Auschwitz em 1944.
De acordo com o portal All That's Interesting, documentos indicam que o garotinho tenha chegado ao campo junto com a mãe — e é provável que ambos tenham sido assassinados na câmara de gás logo após a seleção. A inscrição, segundo o museu, provavelmente foi escrita pela própria mãe, numa tentativa de preservar a identidade do filho.
Auschwitz-Birkenau
O complexo de Auschwitz-Birkenau, também conhecido como Auschwitz II, entrou em operação no ano de1940 e logo se tornou o principal centro de extermínio nazista. Mais de 1 milhão de homens, mulheres e crianças foram assassinados ali.
A fonte destaca que a trajetória de Amos começou no gueto de Theresienstadt, em agosto de 1942, e terminou tragicamente em Auschwitz. Já o pai do pequeno foi separado da família e posteriormente deportado para Dachau. Ele sobreviveu à guerra e soube da morte do filho.

Documentos em húngaro
Além do calçado de Amos, os pesquisadores encontraram outro par de sapatos com documentos escritos em húngaro. Acredita-se que eles tenham pertencido a prisioneiros judeus de Budapeste e da cidade de Munkács, hoje localizada na Ucrânia. De acordo com Hanna Kubik, das Coleções do Museu de Auschwitz, os papéis estavam bem preservados e incluíam nomes, datas e legendas manuscritas.
Entre os nomes mencionados estão Ackermann, Brávermann e Beinhorn. Há indícios de que essas pessoas tenham sido deportadas durante a campanha de extermínio dos judeus húngaros, em 1944.
Kubik ressaltou que embora já existam outros calçados com documentos em suas coleções, geralmente se tratam de jornais usados como palmilhas ou isolamento térmico. Esta descoberta, no entanto, se destaca pela qualidade de preservação e pelas informações detalhadas nos documentos, que agora serão estudados com mais profundidade.

Objetos de vítimas
Itens como esses, que pertenceram às vítimas do Holocausto, costumam ser exibidos ao público. Os sapatos e os documentos encontrados agora serão encaminhados ao setor de preservação do museu para análise.
Essas descobertas se somam a outras feitas nos últimos anos. Em 2019, o diário secreto de uma adolescente chamada Renia Spiegel foi localizado em um cofre bancário em Nova York, onde permaneceu guardado por 70 anos. Além disso, mais recentemente, arqueólogos encontraram um baú de prata próximo a um castelo polonês que havia sido ocupado pelos nazistas.
Sobre o Holocausto
O Holocausto foi um genocídio ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial, quando o regime nazista alemão, liderado por Adolf Hitler, assassinou milhões de judeus. Os nazistas também perseguiram e mataram outros grupos, como os povos romani (ciganos) e pessoas com deficiência, além de prenderem e retirarem direitos de homossexuais e opositores políticos.
Esses crimes foram organizados sistematicamente pelo partido nazista e representam um dos episódios mais sombrios da história da humanidade.


