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'Assassina do café gelado' reaparece em entrevista polêmica e reacende debate na Indonésia
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'Assassina do café gelado' reaparece em entrevista polêmica e reacende debate na Indonésia

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Aventuras Na História
09/06/2025 22h10
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16540716/original/open-uri20250609-18-15yn70n?1749507135
©Reprodução/7News Spotlight
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O caso de Jessica Kumala Wongso — condenada pelo assassinato da amiga Wayan Mirna Salihin com um café envenenado em 2016 — voltou a provocar intensas reações após sua participação em um novo documentário exibido pelo programa 7News Spotlight, da TV australiana.

No episódio, que já ultrapassou 2 milhões de visualizações, Wongso, atualmente em liberdade condicional, aparece pela primeira vez em uma grande entrevista televisiva desde sua prisão. 

A produção, intitulada “Entrevista arrepiante: por que Jessica Wongso assassinou sua melhor amiga com café envenenado?”, revive um dos crimes mais notórios da década na Indonésia, com elementos que misturam escândalo, mistério, falhas processuais e uma controversa sentença.

O crime

Jessica foi condenada a 20 anos de prisão por ter colocado cianeto em um café vietnamita gelado que ofereceu a Mirna em um elegante café em Jacarta. As imagens das câmeras de segurança — mostrando Salihintendo convulsões poucos minutos após o primeiro gole — correram o mundo e alimentaram o fascínio do público por um caso repleto de detalhes ainda pouco esclarecidos.

Apesar da condenação por três juízes e da confirmação do veredito por tribunais superiores, o caso permanece cercado de dúvidas. O professor Simon Butt, especialista em direito indonésio na Universidade de Sydney, argumenta ao NY Post que a cobertura do Spotlight foi tendenciosa e falhou em abordar aspectos críticos do julgamento.

“Não houve autópsia. A amostra do café foi mal armazenada. Não se encontrou cianeto na cena. Há lacunas fundamentais que nunca foram respondidas”, afirma Butt ao jornal. Segundo ele, o programa tratou Jessica como culpada de forma definitiva, sem examinar as fragilidades da investigação.

Durante a entrevista de 44 minutos, conduzida pelo jornalista Liam Bartlett, Wongso manteve uma postura contida e evitou declarações enfáticas de inocência — comportamento que, segundo Butt, deve ser entendido dentro das restrições legais de sua liberdade condicional. “Ela não pode protestar sua inocência publicamente até 2032, ou pode ter a liberdade revogada”, explicou.

Mesmo assim, o tom da entrevista gerou críticas. Jessica alegou que ela e Mirna "não eram próximas", contrariando a narrativa de amizade íntima que permeou o caso desde o início. Bartlett reagiu com visível desconforto, sugerindo que suas respostas evasivas eram suspeitas — algo que, para Butt, a colocou em uma “situação impossível”.

Outros especialistas discordam. O advogado indonésio Ranto Sibarani afirma ao Post que o caso já foi decidido com base em provas sólidas. “Ela foi considerada culpada por três juízes. Nunca encontraram o cianeto nem as calças que ela usava naquele dia, e que ela mesma disse ter descartado”, destacou.

Câmeras de segurança mostram Wongsoesfregando as mãos nas calças pouco após o colapso de Mirna — gesto que muitos interpretam como tentativa de se livrar de traços do veneno.

Apesar do julgamento e da condenação, o caso Jessica Wongso segue gerando debate. A repercussão do documentário reforça o fascínio por histórias que combinam crime, amizade rompida, disputas legais e a ambiguidade entre culpa e inocência — especialmente quando os tribunais não conseguem responder a todas as perguntas.

Wongso tenta agora uma última cartada: um pedido de revisão judicial, previsto na legislação indonésia, mas que só pode ser aceito se apresentar provas inéditas e convincentes.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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