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Aureliano, o imperador romano que ‘restaurou o mundo’
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Aureliano, o imperador romano que ‘restaurou o mundo’

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Aventuras Na História
19/07/2025 16h00
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©Fotos por Giovanni Dall'Orto e Giovanni Battista de'Cavalieri via Wikimedia Commons
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Um dos impérios mais gloriosos que o mundo já viu, o Império Romano dominou boa parte da Europa entre 27 a.C. e 476 d.C. — se estendendo, na verdade, até 1453 d.C. no Oriente, com o Império Bizantino —, com uma extensão que ocupava todo o entorno do mar Mediterrâneo, além de partes da África e da Ásia. E, é claro, também teve vários imperadores bastante notáveis em sua história.

Por exemplo, algumas figuras memoráveis são os chamados "Cinco Bons Imperadores", Nerva, Trajano, Adriano, Antonino Pio e Marco Aurélio, que governaram o império entre 96 e 180 d.C., em um período de relativa paz, prosperidade e boa administração. Outro que é bastante famoso foi o ditador Júlio César, que foi crucial na transformação da República Romana no Império Romano.

Porém, embora seja menos conhecido, outro imperador que certamente foi bastante valioso para a história romana foi Aureliano, cujas ações foram cruciais para manter o império unido em um período conturbado. Ele foi imperador durante apenas cinco anos, entre 270 e 275 d.C., e seu governo o levou a ficar conhecido como "Restaurador do Mundo".

Isso porque, antes de Aureliano assumir o poder, o império estava fragmentado devido à instabilidade política, invasões, ataques externos e problemas econômicos. Além disso, nesse momento, muitos imperadores tiveram reinados curtos, muitas vezes terminando com a morte do líder em campo de batalha ou em assassinatos brutais.

Ainda assim, Aureliano foi impactante o suficiente a ponto de ajudar a restaurar a unidade de Roma. Conheça a seguir mais sobre sua história:

Assumindo o poder

Segundo o All That's Interesting, Lúcio Domício Aureliano (Lucius Domitius Aurelianus, em latim) nasceu por volta de 214 d.C., em algum lugar na província do Danúbio, na Mésia Inferior, onde hoje ficam os Bálcãs. Ele se juntou ao exército ainda cedo, e lá se mostrou uma figura talentosa, tendo muitas oportunidades de subir na hierarquia nas inúmeras guerras de Roma.

Nesse tempo, ele chamou atenção ao liderar uma grande vitória em 268 ou 269 contra tribos germânicas alamanas na Batalha do Lago Benacus, no norte da atual Itália. E não muito depois, ele também obteve várias vitórias contra os godos nos Bálcãs.

Então, em 270, o imperador Cláudio II — que inclusive lutou ao lado de Aureliano — faleceu devido a uma praga que se espalhava pela região, e o Senado Romano declarou que seu irmão, Quintilo, deveria ser o próximo imperador de Roma. Porém, o exército não apoiou a decisão, e as tropas se uniram em torno de Aureliano, que tiveram como seu líder.

Logo em seguida, Quintilo acabou morrendo — provavelmente nas mãos de tropas rebeldes, mas há teorias que sugerem também que ele cometeu suicídio ou até que foi morto em uma batalha sangrenta contra Aureliano —, e, finalmente, Aurelianoassumiu o poder.

Moedas romanas representando Aureliano / Crédito: GNC/Wikimedia Commons / Licença Creative Commons

Restaurador do Mundo

Vale mencionar que, na época que Aureliano assumiu o poder, o Império Romano vivia um momento turbulento de sua história, estando dividido em três partes. A oeste, havia o Império das Gálias, que englobava as atuais França e Espanha; a leste, o Império de Palmira, que também controlava regiões como o Egito; e no centro disso tudo, na região da atual Itália, dos Bálcãs e partes do norte da África, ainda reconheciam o Império Romano, e era o que Aureliano governava.

Além disso, Aureliano também precisou lidar com ameaças de grupos germânicos e revoltas internas no próprio Império Romano. Ainda assim, ele manteve a compostura e enfrentou as batalhas: primeiro, ele lidou com os invasores na Itália, para, então, voltar sua atenção primeiramente ao Império de Palmira.

Em 'História do Declínio e Queda do Império Romano', o historiador inglês Edward Gibbon escreveu que Aureliano enfrentou batalhas cruciais contra as tropas da rainha Zenóbia, de Palmira. Porém, ele não podia recuar, visto que a região era crucial para o Império Romano, visto que eram produtivos e valiosos.

Representação da rainha Zenóbia / Crédito: Getty Images

Por isso, por volta de 272, Aureliano iniciou seus esforços militares para retomar a Ásia Menor (atual Turquia), enquanto um general e um exército reconquistava — com sucesso — o Egito. Logo, o império palmireno caiu, e Aureliano obteve grandes sucessos nas batalhas contras as tropas palmirenas. Em menos de seis meses, o Império de Palmira foi retomado, e colocado novamente sob controle romano.

Após a vitória, Aureliano voltou sua atenção para o oeste, no império gálico, e moveu-se em sua direção. Porém, nesse momento, os gálicos enfrentavam várias dificuldades próprias, como invasores externos e conflitos internos, e por isso o imperador gaulês Tétrico até mesmo começou a se comunicar secretamente com Aureliano, planejando desertar para o seu lado. No fim, Roma lançou um ataque em 274, na chamada Batalha de Châlons, que lhe rendeu mais uma vitória e o apelido de "Restaurador do Mundo" romano.

Erguendo muralhas

Por mais que, em campo de batalhas, Aureliano tenha se mostrado um líder de sucesso, ele ainda tinha várias funções para além da guerra, a fim de garantir a proteção do império. E uma das medidas que ele tomou foi ordenar a construção de muralhas ao redor de Roma, que ajudariam a fortificar a cidade para protegê-la de ataques externos.

Essas obras tiveram início ainda em 271, e só foram concluídas em 275, já durante o governo do imperador seguinte, Probo. As muralhas ficaram conhecidas como Muralhas Aurelianas, e elas foram restauradas, elevadas e melhoradas inúmeras vezes ao longo de séculos — e permanecem praticamente intactas até hoje.

Parte das Muralhas Aurelianas em Roma, na Itália / Crédito: Getty Images

E embora sejam os projetos de infraestrutura mais memoráveis, as muralhas não são as únicas. Em seu governo, Aureliano também trabalhou em projetos para realocar as casas da moeda do império, fazendo o dinheiro chegar mais rápido a soldados das regiões de fronteira, por exemplo.

Uma curiosidade é que, sem saber, Aureliano também pode até ter ajudado a pavimentar o caminho para o cristianismo moderno, visto que ele introduziu um deus solar invencível chamado Sol Invictus, cujo aniversário seria comemorado justamente em 25 de dezembro.

Morte

Para seu próprio azar, Aureliano não escapou se um mal comum a outros imperadores de seu tempo. Com apenas 5 anos como governante, ele foi assassinado; embora sua história seja um pouco diferentes e controversa. Ao contrário de Quintilo, que era impopular e provavelmente foi assassinado em favor da escolha de outro governante, Aureliano chama atenção por ter sido assassinado de maneira repentina, pelas mãos de seus próprios soldados. 

No ano 275, Aureliano estava se preparando para lutar mais uma de suas guerras, dessa vez contra os persas — que, caso se tornasse uma vitória, certamente seria bastante significativa para a história —, quando seus soldados decidiram derrubá-lo.

Alguns historiadores acreditam que os soldados foram, de alguma forma, induzidos a acreditar que estavam marcados para uma execução, e por isso decidiram matar Aureliano, apontando para uma alegação de que o secretário do imperador espalhou um boato para ser poupado de uma punição planejada. Porém, o verdadeiro motivo para o motim dos soldados ainda é incerto; mas o resultado é incontestável: Aureliano foi morto.

Apesar do fim brutal, Aureliano certamente foi uma figura proeminente da história romana, indo além da guerra e da conquista, erguendo muralhas para proteger ainda mais o império.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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