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Brasileira perde o cargo de freira por 'beleza em excesso'; entenda!
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Brasileira perde o cargo de freira por 'beleza em excesso'; entenda!

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Aventuras Na História
12/05/2025 22h10
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©Arquivo pessoal
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Durante os 18 dias que separaram a morte do papa Francisco da eleição de seu sucessor, Leão XIV, uma história envolvendo uma freira brasileira ganhou contornos dignos de um thriller eclesiástico

Aline Pereira Ghammachi, de 39 anos, foi afastada de seu cargo de madre-abadessa na Itália após uma denúncia anônima enviada ao Vaticano. Sua saída provocou um racha no convento e a debandada de mais da metade das religiosas da comunidade.

Nascida no Amapá e formada em administração, irmã Aline chegou à chefia do Mosteiro San Giacomo di Veglia, perto de Veneza, em 2018, aos 33 anos — tornando-se a mais jovem madre-abadessa da Itália.

Fluente em várias línguas, atuava como tradutora de documentos sigilosos e intérprete em eventos da Igreja. Sob sua liderança, a comunidade de pouco mais de 20 freiras abriu as portas para ações sociais, acolhendo mulheres vítimas de violência, cuidando de pessoas com autismo e até produzindo vinho a partir de uma plantação de uvas cultivada pelas religiosas.

Mas, em 2022, uma carta anônima enviada ao papa Francisco mudou o rumo de sua trajetória. O texto a acusava de manipular freiras, ocultar finanças e instaurar um ambiente tóxico no convento. 

Polêmica

Uma primeira visita apostólica, feita em 2023, sugeriu arquivamento do caso, segundo documento obtido pela Folha de S.Paulo. No entanto, o processo foi reaberto meses depois, supostamente por influência de frei Mauro Giuseppe Lepori, abade-chefe da ordem cisterciense.

Lepori dizia que eu era bonita demais para ser freira, ou abadessa. Ria quando dizia isso, mas me expunha ao ridículo", afirmou Aline ao jornal.

Uma nova visita do Vaticano em 2024 concluiu, após uma breve conversa, que ela era “desequilibrada” e temida pelas irmãs — diagnóstico que Aline contesta duramente. "Não houve julgamento, nem chance de defesa. Só me disseram para sair."

A exoneração ocorreu no dia da morte de Francisco. Segundo a brasileira, a nova superiora, de 81 anos, afirmou ter sido enviada em nome do papa — já falecido naquela data.

Uma semana depois, Aline deixou o convento. No dia seguinte, cinco freiras foram até uma delegacia local, dizendo ter saído às pressas, sem documentos, apenas com o hábito no corpo. Desde então, outras seis deixaram o local. Onze das 22 religiosas abandonaram a comunidade desde a saída da ex-abadessa.

Uma delas, irmã Maria Paola Dal Zotto, falou à imprensa italiana: “Foi instaurado um tratamento medieval, um clima de calúnias contra a irmã Aline, que é uma pessoa séria e que se tornou referência para a comunidade.” 

A Igreja mantém silêncio oficial sobre o caso. Lepori, em nota enviada ao jornal Corriere del Veneto, declarou: “A ex-abadessa acredita que pode recuperar poder e vaidade por meio de mentiras e da manipulação da mídia.”

Desde então, irmã Aline tem se mobilizado para recorrer da decisão. Esteve no Vaticano durante a semana do conclave e afirma que está apelando ao Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica. “Fui colocada para fora sem motivo formal. Isso aconteceu porque sou mulher, jovem e brasileira”, declarou à Folha.

Para ela, questões de gênero e origem pesaram na decisão. “Existe um machismo estrutural. Se você é bonita, então deve ser burra, ou perigosa. Isso é o que está por trás de tudo.”

Enquanto o processo canônico tramita, Aline e as freiras que a acompanharam se reorganizam. Um benfeitor cedeu uma vila onde pretendem continuar suas atividades de oração e ação social. “Vamos começar do zero, com outra congregação, mas sem abandonar nosso trabalho. Amamos a Igreja”, conclui a irmã à Folha.

A eleição do novo papa, Leão XIV, é vista com esperança. “Ele é canonista, conhece a lei. Não estou pedindo nada além do que está previsto no direito canônico”, diz Aline ao jornal.

A história já rendeu reportagens na RAI, principal rede de televisão da Itália, e despertou o interesse de uma produtora audiovisual alemã, que pretende transformá-la em filme. A chamada da reportagem que foi ao ar resume o caso com uma provocação: “Freira em fuga: bela demais para ser abadessa?”

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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