Brasileiro pede ajuda para deixar Ucrânia, após assinar contrato com exército
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O jovem Lucas Felype Vieira Bueno, oriundo de Francisco Beltrão, no Paraná, recorreu às redes sociais para solicitar apoio das autoridades brasileiras. O voluntário das Forças Armadas da Ucrânia se sente "enganado" após ser designado para funções de infantaria e enviado para a zona de combate em Kharkiv, um dos locais mais críticos do conflito.
Lucas, com apenas 20 anos, chegou à Ucrânia em maio para iniciar seu treinamento como membro da Quarta Legião Internacional da Ucrânia, que recruta estrangeiros para diversas unidades sob o comando das Forças Terrestres. De acordo com o portal UOL, seu objetivo inicial era atuar como operador de drones, mas a realidade tomou um rumo inesperado.
Em um vídeo compartilhado recentemente em seu Instagram, Lucas expressou sua frustração: "Esta sempre foi a minha intenção: ajudar, mas de forma técnica. Mas, desde que cheguei aqui, tudo mudou. Eles estão me empurrando aos poucos para funções de infantaria e agora me mandaram para Kharkiv, uma região de intenso combate militar. Disseram que é treinamento, mas eu não acredito mais nisso".
A situação de Lucas se alterou após o término do seu treinamento básico. Transferido para a Terceira Brigada de Assalto, ele esperava se especializar na operação de drones, mas foi informado que sua designação no contrato o obrigava a servir na infantaria. Apesar de ter reclamado com seus superiores sobre essa mudança inesperada, suas preocupações não foram atendidas: "Eles me disseram 'não, você vai [para Kharkiv] porque senão vai ser pior'".
Agora em uma situação delicada e sem poder deixar o país devido ao contrato que assinou, que estipula um compromisso mínimo de seis meses, Lucas revelou que está fazendo tudo o que pode para sobreviver ao atual cenário. O contrato com a Legião Internacional pode durar até três anos e pode ser prorrogado automaticamente. Contudo, existe a possibilidade de rescisão após os seis meses iniciais, desde que o voluntário não esteja envolvido em uma missão ativa.
Com receios acerca da proximidade dos bombardeios e temendo pela sua captura pelas forças russas, o jovem brasileiro contatou a Embaixada do Brasil na Ucrânia. No entanto, recebeu a resposta de que não poderiam intervir e que deveria seguir as orientações de seus superiores.
Cidadania ucraniana
Em um vídeo anterior à sua transferência forçada, Lucas havia compartilhado seu plano inicial: permanecer por três anos no Exército ucraniano para obter a cidadania local e posteriormente estabelecer residência na Europa. Ele considerava o serviço militar como uma oportunidade para alcançar esse objetivo.
Até aquele momento, Lucas demonstrava satisfação com sua vida militar na Ucrânia. A remuneração inicial para soldados da Legião Internacional é estimada em US$ 500 (cerca de R$ 3.075), embora ele tenha mencionado que o valor recebido durante seu treinamento foi próximo a R$ 2.600 (ou 20.200 hryvnia). "Não estou arrependido. Estou vivendo muita coisa aqui que nunca pensei que iria viver na vida", declarou o brasileiro há duas semanas.