Brasileiro preso em Israel adota greve de fome e embaixador prevê deportação

O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, afirmou que o ativista brasileiro Thiago Ávila será deportado nos próximos dias, após ter sido detido pela marinha israelense enquanto tentava furar o bloqueio naval à Faixa de Gaza. 

Ávila fazia parte de um grupo de 12 ativistas internacionais — entre eles a sueca Greta Thunberg — que participavam da expedição organizada pela Coalizão Flotilha da Liberdade (FFC, na sigla em inglês).

Prisão polêmica

O grupo foi capturado por forças israelenses na madrugada da última segunda-feira, 9, após dias em alto-mar desde a saída da Itália. Segundo Zonshine, Ávila e outros sete ativistas se recusaram a assinar os formulários de deportação, ao contrário de Thunberg, que foi liberada mais rapidamente. Apesar da recusa, o diplomata afirmou que os detidos deverão ser deportados "o mais rápido possível".

O objetivo deles era chamar a atenção, fazer uma provocação — e parece que conseguiram, porque todos estão falando sobre isso”, declarou o embaixador.

Segundo ele, o grupo carregava apenas uma quantidade simbólica de ajuda humanitária, o que reforçaria, segundo sua visão, o caráter midiático da ação.

De acordo com a FFC, Thiago Ávila entrou em greve de fome às 4h da manhã da última terça-feira, 10, (22h de segunda no horário de Brasília). A organização também denuncia más condições de detenção enfrentadas pelos ativistas no sistema prisional israelense, incluindo celas infestadas de percevejos e água imprópria para o consumo.

Um tribunal israelense decidiu, na noite de terça-feira, manter a detenção de Ávila e de outros sete ativistas até uma nova audiência, marcada para o dia 8 de julho. 

Ainda assim, a ONG argumenta que, pela lei israelense, estrangeiros que entram ilegalmente no país podem ser deportados à força após 72 horas de detenção — o que abriria caminho para que a expulsão ocorra ainda nesta semana.

A Coalizão Flotilha da Liberdade organiza expedições para desafiar o bloqueio imposto por Israel sobre Gaza, que dura desde 2007. O episódio reacende os debates sobre a legitimidade do bloqueio e a atuação de organizações internacionais em zonas de conflito.