Carta de Einstein sobre bomba atômica vai a leilão e revela remorso do físico

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Uma carta escrita por Albert Einstein em 1952, na qual ele reflete sobre sua participação indireta na criação da bomba atômica, está sendo leiloada e já desperta grande interesse.
Intitulada "sobre minha participação no projeto da bomba atômica", a carta foi enviada a um periódico japonês e detalha os dilemas éticos do físico diante da corrida armamentista nuclear.
Alerta
Embora não tenha participado diretamente do desenvolvimento da arma, Einstein foi o autor da famosa carta enviada ao presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt, em 1939.
No documento, ele alertava para o risco de que a Alemanha nazista pudesse estar prestes a construir uma bomba atômica, o que incentivou o governo americano a criar o Projeto Manhattan.
Arrependimento
Anos depois, Einstein considerou aquela carta seu "grande erro". “Matar em tempo de guerra, parece-me, não é de forma alguma melhor do que um assassinato comum”, escreveu ele na carta agora em leilão.
Segundo informou à Live Science a casa Bonhams, responsável pela venda, a carta foi escrita em resposta a Katsu Hara, editor da revista japonesa Kaizō e amigo de longa data do físico.
Hara havia questionado diretamente: “Por que você cooperou com a produção da bomba atômica, embora estivesse ciente de seu tremendo poder destrutivo?”.
Na resposta, Einstein justificou que temia a possibilidade de a Alemanha desenvolver a bomba antes dos Aliados. “Eu estava bem ciente do terrível perigo para toda a humanidade se esses experimentos fossem bem-sucedidos. Não via outra saída”, explicou.
O documento também traz reflexões mais amplas sobre a paz mundial. Einstein defendeu a “abolição radical da guerra” e exaltou Mahatma Gandhi, a quem chamou de “o maior gênio político do nosso tempo”, elogiando seus métodos de resistência pacífica.
A carta, originalmente escrita em alemão e publicada em 1952, foi traduzida para o inglês em 1953 pelo físico Herbert Jehle com o auxílio do próprio Einstein. Essa versão em inglês, com assinatura autêntica e correções manuais do cientista, é a que está à venda.
O leilão termina no próximo dia 24 de junho, e a expectativa é que o documento alcance um valor de arremate entre US$ 100 mil e US$ 150 mil (R$ 600 mil a 900 mil).


