Cartas revelam ordens secretas e bastidores do fim da Segunda Guerra na Europa

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O GCHQ (Government Communications Headquarters), agência britânica de inteligência, divulgou nesta terça-feira, 6, cartas trocadas entre seus agentes nos dias que antecederam o fim da Segunda Guerra Mundial (1939–1945) na Europa.
Os registros revelam o papel da instituição na organização do Victory in Europe Day ("VE Day") e a empolgação vivida nos bastidores diante da notícia histórica.
“Sabemos que a inteligência teve um papel significativo no VE Day e no encerramento da Segunda Guerra Mundial, e tenho orgulho de que nossos antecessores no GCHQ fizeram parte disso", afirmou a atual diretora da agência, Anne Keast-Butler, em nota.
"É também um lembrete poderoso de como aqueles que trabalharam com tanta dedicação e abnegação no passado pavimentaram o caminho para o nosso futuro e o mundo em que vivemos hoje. É com grande orgulho que lhes prestamos homenagem hoje", acrescentou.
Os documentos
O primeiro documento é uma mensagem enviada por Dwight D. Eisenhower, então Comandante Supremo das Forças Expedicionárias Aliadas, ao vice-diretor da Seção Naval do GCHQ, transmitida por canais navais.
Datado de 7 de maio de 1945, às 8h30, o texto confirma que o alto comando alemão havia assinado a rendição e ordena a cessação imediata de todas as operações ofensivas, embora as tropas devessem manter suas posições.
A mensagem alerta: “Devido a dificuldades de comunicação, pode haver algum atraso para que ordens semelhantes cheguem às tropas inimigas, portanto, todas as precauções defensivas devem ser mantidas.” No final do documento há a instrução de que “NENHUMA, REPITO, NENHUMA DIVULGAÇÃO” deve ser feita à imprensa.

O conteúdo traz ainda anotações feitas pelo oficial que transcreveu a mensagem. No topo, ele escreveu: “‘ERE IT COMES U GOILS” (provavelmente uma expressão bem-humorada dirigida às colegas). Ao final, acrescentou: “AND U CAN JOLLY WELL RD TT PLSE” (provavelmente "RD TT PLSE", significando "read top-to-toe, please"; em português, “leia de cima a baixo, por favor”).
Essas adições evidenciam a empolgação do operador que teve o privilégio de transmitir a notícia de que o fim dos combates estava a poucas horas de ser anunciado. Esses agentes eram responsáveis por guardar informações altamente sigilosas e, devido ao caráter confidencial de seu trabalho, suas vozes raramente aparecem nos registros históricos", afirma um comunicado divulgado pelo GCHQ.
Já o segundo documento é uma carta do então diretor do GCHQ (à época denominado GC&CS), Edward Travis, endereçada à equipe da agência. Datada de 4 de maio de 1945, quatro dias antes do VE Day, a mensagem proíbe o envio de telegramas de congratulações ou comemorações sem autorização prévia.

Nela, ele afirma: "Nenhum telegrama de congratulação, saudações ou de comemoração da Vitória será enviado pelo GC&CS no Dia da Vitória ou posteriormente sem aprovação prévia do Diretor”.
O teor da carta demonstra que os responsáveis pela inteligência britânica já sabiam do anúncio iminente do fim da guerra, confirmando o papel interno e privilegiado da agência no processo de rendição alemã.


