Como Albert Einstein enxergava Deus?

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Entre as diversas frases ditas ou escritas por Albert Einstein, uma delas suscitou discussões depois de sua morte: "Deus não joga dados com o universo" — frase contida em uma carta destinada ao cientista Max Born. Mas, afinal, o físico alemão era religioso?
Einstein e a religião
Nascido em uma família de judeus alemães, Albert Einstein criou um certo interesse pela religião em seus primeiros anos de vida. Porém, a partir dos 12 anos, seu grande interesse pela ciência o fez deixar a crença de lado.
Em 1949, o alemão escreveu um texto autobiográfico publicado pela 'The Saturday Review of Literature', onde afirmou que a leitura de livros científicos permitiu "a convicção de que a maioria das histórias na bíblia não podiam ser verdade".
Anos depois, em 1954, voltou a discorrer sobre a religião e filosofia em uma carta endereçada ao filósofo conterrâneo Eric Gutkind.
A mensagem — arrematada em um leilão em 2018, por 11 milhões de reais — reacendeu a discussão em torno da visão religiosa do físico alemão. Na 'Carta de Deus', como o documento passou a ser chamado, Albert afirmou que a religião é uma expressão primitiva da humanidade.
Para mim, a palavra de Deus não é nada além da expressão e do produto da fraqueza humana. A bíblia é uma coleção de lendas sacras, mas ainda assim primitivas. Nenhuma interpretação, não importa o quão sutil ela seja, pode mudar isso para mim".
Apesar das fortes palavras escritas por Albert Einstein, apenas um ano antes de sua morte, a carta não especifica a visão do físico alemão sobre a existência de Deus. Mas outros documentos redigidos ao longo de sua vida voltam a abordar o assunto.
Conforme resgata matéria publicada pelo O Globo, um exemplo disso é uma carta endereçada a Morton Berkowitz em 1950, na qual Einstein se define como 'agnóstico.
Já em um telegrama ao rabino Herbert S. Goldestein, publicado pelo jornal americano New York Times em 1929, o alemão afirma que acreditava no "Deus de Spinoza" — uma referência ao filósofo holandês Baruch Spinoza:
Acredito no Deus de Spinoza, que se revela num mundo regrado e harmonioso, não em um Deus que se preocupa com o destino e os afazeres da humanidade".
Essa frase corrobora com a visão que Albert Einstein mais repetiu ao longo de sua vida: a simpatia pela existência de um Deus que era presente em todos os lugares e fosse responsável pelas leis do Universo num sentido científico. E não numa figura personificada que se preocupava com problemas individuais:
"Não posso imaginar um Deus pessoal que influencia diretamente a ação das pessoas... Minha religiosidade consiste em uma humilde admiração do espírito infinitamente superior que se revela no pouco que compreendemos de nosso próprio mundo. A profunda convicção na presença de um poder superior, que aparece no universo incompreensível, forma minha ideia de Deus", escreveu em carta de 1927, que foi publicada em seu obituário no Times, em 1955.
Por fim, a relação Albert Einstein e a crença em Deus era, na visão do próprio físico, um assunto complexo demais para as mentes humanas, conforme definiu em entrevista de 1929. "Não sou ateu. Não sei se posso me definir como panteísta. O problema envolvido é muito vasto para nossas mentes".


