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Descoberta arqueológica no Amazonas revela urnas funerárias indígenas
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Descoberta arqueológica no Amazonas revela urnas funerárias indígenas

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Aventuras Na História
16/06/2025 23h00
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16544504/original/open-uri20250616-18-3mybc8?1750114966
©Divulgação/Geórgea Holanda/MCTI
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A queda de uma árvore centenária em uma área de várzea no município de Fonte Boa, interior do Amazonas, revelou um dos achados arqueológicos mais significativos dos últimos anos na região.

Sob as raízes da árvore, em solo alagadiço do Lago do Cochila, sete urnas funerárias indígenas com até 90 centímetros de diâmetro emergiram, contendo ossos humanos e restos de peixes e tartarugas, em uma descoberta que reconfigura o entendimento sobre os modos de vida e os rituais de povos ancestrais da Amazônia.

O local do achado, uma ilha artificial construída por povos indígenas do Médio Solimões, era, segundo os arqueólogos, parte de um complexo sistema de moradias, plataformas de cerâmica e terra erguido para resistir às cheias do rio.

A escavação e análise das urnas está sendo conduzida pela equipe do Instituto Mamirauá, sob a coordenação da arqueóloga Geórgea Layla Holanda. Para a pesquisadora, o achado "representa um reencontro com modos de vida ancestrais que ainda persistem nos saberes tradicionais da floresta", conforme fala repercutida pelo Metrópoles.

Resgate

A descoberta só foi possível graças à atuação da comunidade ribeirinha de São Lázaro do Arumandubinha. O manejador de pirarucu Walfredo Cerqueira identificou as urnas presas às raízes da árvore tombada e acionou o padre local, Joaquim Silva, que notificou os pesquisadores.

O resgate mobilizou moradores e especialistas, em uma operação logística desafiadora que incluiu a construção de plataformas de madeira e cipós para permitir o trabalho em meio ao terreno alagado.

As urnas, de grande volume e sem tampas cerâmicas visíveis — o que sugere selamento com materiais orgânicos já decompostos —, foram transportadas de barco até Tefé (AM), sede do Instituto Mamirauá, em uma viagem de 12 horas.

A logística reflete as dificuldades de acesso e o enorme valor do material resgatado", destacou ao Metrópoles o arqueólogo Márcio Amaral, integrante da equipe.

Tradição inédita

As análises preliminares indicam que a cerâmica encontrada difere das tradições até agora conhecidas na região. As urnas foram confeccionadas com argila esverdeada e apresentam faixas vermelhas, sem associação direta com estilos como o da tradição Polícroma da Amazônia. Os especialistas apontam para a possibilidade de um estilo cerâmico ainda não documentado na área do Alto Solimões.

Além do valor artístico e ritualístico, as peças reforçam hipóteses sobre a permanência de comunidades nas áreas de várzea. Antes vistas como zonas de ocupação temporária, as evidências agora sugerem que as populações ancestrais erguiam estruturas sofisticadas para moradia, rituais e agricultura durante todo o ano. 

As ilhas artificiais mostram conhecimento profundo de engenharia e uso intenso do território”, explicou Amaral.

Próximos passos

A equipe planeja novas escavações no Lago do Cochila, especialmente sob árvores recentemente tombadas, na expectativa de localizar mais artefatos. As urnas e fragmentos recolhidos passarão por análises laboratoriais detalhadas para determinar datações precisas e entender melhor os contextos culturais associados.

A descoberta não só resgata práticas funerárias e modos de vida antigos, como também contribui para ampliar o conhecimento científico sobre a diversidade das culturas indígenas na Amazônia pré-colonial.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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