Estudo revela como elite asteca controlava comércio de obsidiana

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Uma nova pesquisa conduzida pela Universidade de Tulane, em parceria com o Projeto Templo Mayor do México, revelou detalhes inéditos sobre as sofisticadas redes de comércio e uso da obsidiana pelos mexicas (conhecidos popularmente como astecas).
Publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, o estudo analisou 788 artefatos do principal templo de Tenochtitlán, hoje localizado no centro da Cidade do México, e traçou como esse material simbólico e estratégico circulou entre 1375 e 1521 d.C.
Usando tecnologia de fluorescência de raios X portátil (pXRF), os pesquisadores identificaram a origem geológica dos objetos e descobriram que quase 90% da obsidiana usada em contextos religiosos vinha da Serra de Pachuca.
Com sua coloração verde brilhante e associação simbólica com a divindade Quetzalcoatl e a cidade mítica de Tollan, essa obsidiana tornou-se o material preferido da elite para rituais e objetos cerimoniais.
Segundo Diego Matadamas-Gomora, autor principal do estudo e doutorando em antropologia, o uso ritual da obsidiana verde de Pachuca se intensificou a partir de 1430 d.C., após a consolidação do império asteca.
Isso indica uma crescente padronização religiosa e um controle centralizado sobre a produção e distribuição desses itens", afirmou.
Fontes
Ao lado dessa padronização, o estudo identificou a presença de obsidiana de pelo menos outras sete fontes, como Otumba, Tulancingo e Ucareo — este último, pertencente ao território dos Purépecha, rivais dos astecas.
Esses materiais, de menor prestígio, eram mais comuns em ferramentas utilitárias e contextos domésticos, sugerindo que os mercados locais forneciam uma variedade de obsidiana à população comum sem mediação da elite.
Segundo o 'Archaeology News', a análise mostra ainda que, nos primeiros estágios de Tenochtitlán (1375–1430 d.C.), havia uma diversidade maior de fontes utilizadas, mas isso mudou com a expansão do império.
Além disso, os dados sugerem que muitos itens rituais eram produzidos fora da capital, em oficinas especializadas, e trazidos por redes de distribuição controladas pelo Estado.


