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Fragmento de carta desafia ideia de casamento infeliz de Shakespeare com Anne
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Fragmento de carta desafia ideia de casamento infeliz de Shakespeare com Anne

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Aventuras Na História
23/04/2025 13h11
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©Divulgação/Catedral de Hereford
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Durante séculos, acreditou-se que o casamento de William Shakespeare com Anne Hathaway foi infeliz. A narrativa tradicional sustenta que o dramaturgo deixou a esposa em Stratford-upon-Avon ao se mudar para Londres, e que seu testamento, no qual deixou a ela apenas a “segunda melhor cama”, seria indício dessa relação fria.

No entanto, essa visão pode estar prestes a mudar. Um fragmento de carta do século XVII, analisado pelo professor Matthew Steggle, da Universidade de Bristol, sugere que o casal pode ter vivido junto na capital inglesa. 

Em entrevista ao jornal The Guardian, o professor explicou que o documento menciona que os “Shakspaire” moravam na Trinity Lane (hoje chamada de Little Trinity Lane, na cidade de Londres), e que ambos estavam envolvidos na guarda de uma quantia destinada a um órfão chamado John Butts.

O que diz a carta?

A carta, endereçada à “Boa Sra. Shakspaire”, relata a morte de um Sr. Butts e de seu filho, John, que ficou “sem pai”. Segundo o texto, a Sra. Butts havia confiado ao “Sr. Shakspaire” a responsabilidade de guardar dinheiro para os filhos até que atingissem a maioridade. 

O conteúdo indica que Shakespeare estaria relutante em devolver o valor devido, enquanto a remetente sugere que a própria Anne poderia pagar a dívida do marido. Steggle observa que a carta não pede que ela interceda, mas que assuma o pagamento por conta própria, sugerindo uma certa independência financeira.

Nos últimos 200 anos, predominou a visão de que Anne Shakespeare permaneceu em Stratford por toda a vida, talvez sem nunca ter ido a Londres. Esse fragmento, porém, contradiz essa suposição. Para os biógrafos de Shakespeare que defendem a narrativa de um ‘casamento desastroso’, o documento de Hereford representa um problema difícil”, afirmou o pesquisador ao jornal.

O documento foi encontrado por acaso, preservado na encadernação de um livro de 1608 da biblioteca da Catedral de Hereford. A obra, uma análise bíblica de Johannes Piscator, foi impressa por Richard Field, primeiro editor de Shakespeare e seu vizinho em Stratford. 

Para Steggle, seria uma "coincidência improvável" que um papel com o nome “Shakspaire” acabasse justamente encadernado junto a centenas de folhas impressas por alguém tão ligado ao dramaturgo.

Segundo o The Guardian, fragmento também faz referência a John Butts como um aprendiz, mencionando que ele receberia o dinheiro “quando cumprisse seu tempo”. Ao cruzar registros entre 1580 e 1650, Steggle encontrou menções a um jovem órfão chamado John Butts, aprendiz sob os cuidados da mãe.

Um registro de 1607 da instituição Bridewell, responsável por disciplinar aprendizes problemáticos, cita seu comportamento desobediente e o fato de ter sido “posto a trabalhar”.

Em documentos posteriores, Butts aparece vivendo em Norton Folgate, fora dos muros de Londres, na Holywell Street (atualmente Shoreditch High Street) — região onde Shakespeare atuou nos anos 1590, nos teatros Theatre e Curtain, bases da companhia Lord Chamberlain’s Men. A área também era frequentada por colegas e sócios do autor, como os irmãos Burbage, que atuavam na área de hospedagem e alimentação.

"O adulto John Butts, morando na mesma rua e trabalhando na indústria de hospitalidade em que os Burbage tinham investimentos... certamente estaria no radar deles. Assim, Shakespeare pode ser ligado a Butts por meio de contatos diversos em Norton Folgate”, concluiu Steggle.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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