Furacões podem 'dançar' no Atlântico e poupar desastre climático
Aventuras Na História

Nesta semana, o Atlântico Norte pode testemunhar um fenômeno meteorológico raro e fascinante: dois furacões girando em torno um do outro em uma espécie de “dança” climática, conhecida como Efeito Fujiwhara. Os protagonistas desse raro espetáculo são o furacão Humberto, já classificado como categoria 4, e a tempestade tropical Imelda, que deve se tornar furacão na próxima terça-feira, 30.
Segundo o Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos, Imelda está atualmente passando pelo noroeste das Bahamas, com ventos máximos sustentados de 85 km/h, e segue em direção ao mar aberto. A previsão é que ela atinja status de furacão ao atingir ventos de pelo menos 119 km/h. Enquanto isso, Humberto, que chegou à categoria 5 no último sábado, 27, continua avançando com ventos de até 260 km/h, embora tenha perdido força nas últimas horas.
Os dois sistemas se aproximarão a uma distância de cerca de 1.100 quilômetros, o suficiente para possibilitar o início do Efeito Fujiwhara. Neste fenômeno, uma tempestade pode ser atraída pela outra e começar a girar ao redor do sistema mais forte, sendo eventualmente absorvida por ele ou repelida em outra direção.
Potencial destrutivo
De acordo com Alex DaSilva, especialista em furacões da AccuWeather, essa “dança” atmosférica pode ser o que salvará a Costa Leste dos Estados Unidos de uma tragédia. “A influência do Humberto, muito mais forte e maior, puxará Imelda e ajudará a afastar a tempestade dos EUA, em direção ao mar”, afirmou em comunicado.
Imelda, caso seguisse rumo direto ao continente, poderia trazer dias de chuvas torrenciais e inundações catastróficas, especialmente entre a Flórida, Carolina do Norte e sul da Virgínia. Com a intervenção indireta de Humberto, no entanto, a expectativa é que essa ameaça seja desviada para alto-mar.
Apesar disso, segundo o ‘Live Science’, os perigos não foram completamente descartados. O NHC alertou para ondas perigosas e correntes de retorno do sul da Flórida até a região do meio-Atlântico, além de chuvas intensas que ainda devem atingir parte da costa sudeste dos EUA.
Riscos
Enquanto o território continental americano pode escapar do pior cenário, as Bahamas e o leste de Cuba ainda estão na zona de maior risco. Humberto já causou inundações repentinas e pode provocar deslizamentos de terra, especialmente em áreas montanhosas de Cuba.
A Organização Meteorológica Mundial lembra que furacões são classificados pela Escala de Vento Saffir-Simpson, que varia de 1 a 5, com base na velocidade dos ventos sustentados. Humberto, após atingir o nível máximo da escala, segue agora como categoria 4, em uma trajetória semelhante à do furacão Erin, de 1995.
Efeito Fujiwhara
Batizado em homenagem ao meteorologista japonês Sakuhei Fujiwhara, o fenômeno ocorre quando duas tempestades tropicais se aproximam o suficiente para começarem a interagir gravitacionalmente. Ao invés de colidirem, elas giram em torno de um centro comum. Em alguns casos, uma pode ser absorvida pela outra; em casos ainda mais raros, podem até se fundir em uma tempestade ainda mais poderosa.
Por enquanto, os modelos meteorológicos indicam que a força superior de Humberto deve dominar a interação, puxando Imelda para longe da costa e dissipando grande parte de seu potencial destrutivo.
*Sob supervisão de Fabio Previdelli
