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Harvard cede fotos de escravizados a museu após disputa com descendente
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Harvard cede fotos de escravizados a museu após disputa com descendente

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Aventuras Na História
28/05/2025 13h38
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16533718/original/open-uri20250528-55-194xnxn?1748441530
©Wikimedia Commons via Domínio Público
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Em 1850, Renty, um homem escravizado, e sua filha Delia foram fotografados até a cintura em um estúdio na Carolina do Sul (EUA). As imagens, registradas em daguerreótipos, foram encomendadas por Louis Agassiz, um zoologista suíço e professor de Harvard.

Defensor da teoria racista da poligênese — que sustentava que negros e brancos tinham origens genéticas distintas — Agassiz usou as fotos como suposta evidência científica da inferioridade racial dos negros.

Cerca de 15 anos atrás, Tamara Lanier descobriu a existência dessas imagens e reconheceu em Renty um ancestral cuja história era preservada oralmente em sua família. A partir daí, ela entrou em contato com Harvard para reivindicar a custódia dos retratos, mas não obteve resposta efetiva, informou o jornal New York Times.

Em 2019, Lanier entrou com uma ação judicial contra a universidade, alegando que Harvard lucrava indevidamente com os daguerreótipos — a imagem de Renty, por exemplo, aparecia em um livro de antropologia vendido por US$ 40 (cerca de R$ 220).

Durante o processo, ela decidiu procurar os descendentes de Agassiz, apesar das dúvidas iniciais: “Se eu os encontrasse, como me tratariam? O que sentiriam por mim?”, questionou. Após uma reportagem do NY Times naquele mesmo ano, foi contatada por um descendente do professor.

O vínculo se estreitou, e as famílias passaram a manter contato constante. Os herdeiros de Agassiz passaram a apoiá-la publicamente, inclusive intercedendo junto à universidade em seu nome.

Fotos cedidas

Dois anos depois, em 2021, um juiz de Massachusetts rejeitou o processo, argumentando que, se Renty e Delia — como pessoas escravizadas — não tinham direito de propriedade sobre as imagens, Lanier também não teria. No entanto, em 2022, a Suprema Corte do estado reverteu essa decisão e reconheceu a legitimidade de sua demanda.

Agora, após uma batalha judicial que durou seis anos, Harvard concordou em abrir mão da posse das imagens, encerrando o processo. As fotografias, porém, não ficarão com Lanier. Elas, junto com os retratos de outras cinco pessoas escravizadas, serão transferidas para o Museu Internacional Afro-Americano, em Charleston, Carolina do Sul — o estado onde os retratados foram escravizados.

Eu estava em conflito com Harvard sobre quem deveria cuidar dos meus antepassados escravizados. Agora, posso ficar tranquila sabendo que eles vão para um novo lar. Eles voltarão ao estado onde tudo começou e serão preservados em uma instituição que celebra sua humanidade”, disse Lanier ao NY Times.

Um porta-voz da universidade afirmou que Harvard sempre teve a intenção de transferir as imagens para um local público apropriado, embora esse local ainda não tenha sido definido.

“Embora agradeçamos à Sra. Lanier por iniciar debates importantes sobre essas imagens, não é correto dizer que Harvard resistiu aos seus pedidos,” declarou James Chisholm ao jornal. “O caso foi complexo, principalmente porque Harvard nunca confirmou que a Sra. Lanier era parente dos retratados.”

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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