No dia 17 de novembro, às 13h30, o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro) e o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) celebrarão um marco significativo com a assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica inédito. Esta parceria tem como foco a preservação e a divulgação da memória afro-brasileira, por meio da digitalização de mais de 250 cartazes históricos que compõem o acervo do Ipeafro.

O evento, aberto ao público, incluirá a inauguração da exposição “Memória Negra em Cartaz(es)” e um debate intitulado “Evocação dos Ausentes”. Este debate será conduzido pelos pesquisadores Vitor Rafael Limeira da Silva e Julio Menezes Silva, diretor-executivo do Ipeafro, e abordará o apagamento histórico das contribuições de pessoas negras na ciência.

A iniciativa faz parte do Biênio Abdias Nascimento (2024-2025) e busca fortalecer o legado do ativista Abdias do Nascimento, além de reconhecer as contribuições significativas das organizações que ele fundou, como o Teatro Experimental do Negro e o Museu de Arte Negra. A primeira fase deste acordo contempla a digitalização dos cartazes históricos, um trabalho que conta com a supervisão técnica da equipe do MAST.

A exposição “Memória Negra em Cartaz(es)” mostrará obras que retratam momentos cruciais da história brasileira, refletindo as vozes e reivindicações do movimento negro. Entre os destaques estão os cartazes relacionados ao curso de extensão “Sankofa: Conscientização da Cultura Afro-Brasileira”, oferecido pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) entre 1985 e 1995. Este curso foi fundamental para a promoção de debates acadêmicos que culminaram na adoção das cotas raciais como uma política afirmativa na universidade.

Clícea Maria Miranda, diretora de Preservação e Gestão do Acervo Ipeafro, ressaltou a importância da parceria com o MAST: “A parceria com o MAST, uma instituição pública da área da ciência e tecnologia, revela o reconhecimento da atuação dos povos negros na construção da cultura, da história e das ciências no Brasil e no mundo. A iniciativa demonstra ainda o compromisso com a defesa da memória negra através de sua preservação e com a produção de uma narrativa de luta por direitos e cidadania”.

Outro ponto importante é a lembrança das peregrinações à Serra da Barriga, um local emblemático na luta contra a escravidão dos quilombos que formaram a República de Palmares. Os cartazes criados pelo artista visual Jota Cunha entre 1981 e 1983 evocam este movimento histórico que uniu lideranças negras em prol da conscientização sobre a luta por melhores condições de vida para as populações afro-brasileiras.

Everaldo Pereira Frade, chefe do Serviço de Arquivo de História da Ciência (SEAHC-MAST), destacou ainda como “a parceria é importante por focar na preservação do acervo de Abdias Nascimento, um símbolo das lutas pela igualdade, mas também por colocar o MAST como referência na captação e tratamento de arquivos pessoais de cientistas negros, compromisso que a instituição assumiu no seu planejamento plurianual e vem tendo dificuldade em acessar, seja pela pouca visibilidade alcançada ou pelo baixo número de ocupação de cargos desse grupo em espaços de ciência”.

As ações promovidas pelo Ipeafro e MAST enfatizam a urgência em preservar memórias historicamente marginalizadas. Juntas, essas instituições garantem que o patrimônio cultural negro continue vivo, incentivando pesquisas, reflexões e práticas sociais que valorizem essa rica herança cultural.

Quando é?

O evento de lançamento da parceria Ipeafro e MAST, com a exposição “Memória Negra em Cartaz(es)”, acontece no dia 17 de novembro, das 13h30 às 17h. Ele será realizado no Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) — Rua General Bruce, 586, Imperial de São Cristóvão, Rio de Janeiro (RJ) —, e aberto ao público.