Justiça francesa determina remoção de nome ofensivo de bairro 'La Négresse'

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Em uma decisão histórica, o sistema de justiça francês determinou a remoção do nome "La Négresse" de um bairro na cidade de Biarritz, no sudoeste da França. O termo, considerado pejorativo para designar mulheres negras, foi classificado como ofensivo e atentatório à dignidade humana.
A decisão do tribunal administrativo de apelações de Bordéus, repercutida pela AFP, representa uma vitória na luta contra o racismo e o sexismo, e atende ao pedido da associação Mémoires et Partages, que desde 2019 buscava a alteração do nome do bairro e de uma rua.
A prefeita de Biarritz, Maider Arosteguy, do partido conservador Republicanos (LR), tem três meses para acatar a decisão e submeter a questão à votação do conselho municipal.
Como surgiu?
O nome "La Négresse" teria surgido no início do século 19, em referência a uma mulher negra, possivelmente uma ex-escrava ou descendente de escravos, que vivia na região. No entanto, o termo adquiriu uma conotação pejorativa ao longo do tempo, evocando a história da escravidão e da discriminação racial. Outras fontes atribuem a origem do termo à expressão do dialeto gascão "lane grese", em referência ao solo argiloso encontrado nesta parte do município.
A França esteve envolvida no comércio de escravos desde o século 17 até a abolição da escravatura em 1848. A cidade de Bordeaux, localizada a cerca de 170 quilômetros ao norte de Biarritz, foi um dos principais portos negreiros do país.
Divide opiniões
A decisão da justiça francesa foi comemorada por ativistas e defensores dos direitos humanos como um passo importante no combate ao racismo e à discriminação. O fundador da associação Mémoires et Partages, Karfa Diallo, classificou a decisão como "histórica".
"Essa ofensa já durou muito tempo. Era hora de acabar com ela", disse Diallo à AFP.
Por outro lado, a prefeita de Biarritz lamentou a decisão e expressou a intenção de recorrer ao Conselho de Estado, o mais alto tribunal administrativo da França.
"Mesmo que os tribunais nos obriguem a mudar o nosso nome, o povo de Biarritz continua a chamá-lo assim", afirmou Arosteguy à AFP.


