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Justiça retira três crianças de família que vivia isolada na floresta
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Justiça retira três crianças de família que vivia isolada na floresta

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Aventuras Na História
24/11/2025 20h50
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A decisão de um tribunal italiano de retirar três crianças criadas na floresta reacendeu o debate sobre alternativas de vida no país. Nathan Trevallion, britânico e ex-chef de Bristol, e Catherine Birmingham, australiana e ex-professora de equitação, mudaram-se para uma propriedade degradada em Palmoli, na região de Abruzzo, em 2021. O objetivo era simples: criar os filhos — Utopia Rose, de oito anos, e os gêmeos Galorian e Bluebell, de seis — em contato direto com a natureza.

Eles cultivavam alimentos, usavam energia solar e retiravam água de um poço. Além disso, educavam os filhos em casa. As crianças conviviam com cavalos, burros e galinhas. Para mantê-las em contato com o mundo exterior, a família fazia viagens semanais à cidade de San Salvo, no litoral do Adriático.

No entanto, a vida afastada da sociedade passou a ser questionada. Em setembro do ano passado, toda a família foi hospitalizada após ingerir cogumelos venenosos colhidos na floresta. A partir desse episódio, os serviços sociais iniciaram uma investigação mais profunda. Eles concluíram que a casa estava em ruínas, sem condições de higiene e sem serviços básicos. Um documento judicial classificou as condições como extremamente precárias.

Riscos?

Na semana passada, um tribunal de menores em L’Aquila acatou a acusação do Ministério Público. Segundo o juiz, as crianças enfrentavam “violações graves e prejudiciais” de seus direitos devido ao isolamento e à falta de escola. Por isso, foram retiradas do convívio familiar na quinta-feira e levadas a um abrigo administrado por uma igreja. A mãe foi autorizada a ficar com elas, mas o acesso dos pais é limitado.

O tribunal destacou problemas como ausência de interação social, inexistência de renda fixa, falta de instalações sanitárias e educação formal. Enquanto aguardavam a decisão, Trevallion e Birmingham deram entrevistas à imprensa e receberam apoio popular. Uma petição online reuniu milhares de assinaturas a favor da família.

Trevallion classificou a retirada dos filhos como “uma grande dor”. Em entrevista ao Il Centro, disse ter vivido “a pior noite” da sua vida. Ele criticou o abrigo por colocar as crianças para dormir separadas da mãe. “Vivemos fora do sistema. Estão arruinando a vida de uma família feliz”, declarou ao La Repubblica.

Dimensão

O casal promete recorrer. O advogado Giovanni Angelucci afirma que o relatório do juiz contém “falsidades”, especialmente sobre a educação das crianças. Ele reforça que a família sempre buscou criar os filhos em um ambiente alternativo, não em situação de abandono.

O caso, porém, ultrapassou a esfera judicial e entrou no debate político. A primeira-ministra Giorgia Meloni expressou “alarme” com a remoção das crianças e pediu ao ministro da Justiça que analisasse o episódio. O vice-premiê Matteo Salvini chegou a comparar a ação policial a um sequestro.

O sindicato de magistrados ANM criticou a politização do caso e defendeu que a decisão se baseou exclusivamente na segurança e nas condições sanitárias das crianças. Segundo o ‘The Guardian’, a socióloga Chiara Saraceno acrescentou que a educação alternativa não é, por si só, um problema. Para ela, a questão central é o isolamento extremo e a precariedade da moradia.


*Sob supervisão de Fabio Previdelli

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