Legado de Balmoral: As pirâmides 'secretas' da realeza na Escócia

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Escondidos entre florestas densas e colinas ondulantes, os 11 marcos memoriais de Balmoral permanecem como segredos bem guardados da Escócia.
A propriedade, hoje um dos refúgios preferidos da Família Real Britânica, foi o cenário de uma história de amor, luto e construção de identidade nacional. Entre esses monumentos, destaca-se uma pirâmide de granito com quase 11 metros de altura, uma visão inesperada no coração das Terras Altas.
Origem
Quando a Rainha Vitória chegou ao Castelo de Balmoral, em 8 de setembro de 1848, ficou fascinada com a paisagem de Aberdeenshire: florestas de pinheiros-da-escócia, o rio Dee serpenteando entre vales e um horizonte de montanhas.

Em seu diário, descreveu o lugar como um refúgio de “liberdade e paz”. Logo, Balmoral se tornou muito mais que uma propriedade: tornou-se o porto seguro de uma monarca marcada pelo luto após a morte do príncipe consorte Albert, em 1861.
Memória
Hoje, quem visita Balmoral entre abril e agosto pode explorar o castelo de 167 cômodos, jardins formais, um labirinto em forma de cardo e vastas trilhas. Mas há um encanto mais discreto para quem se aventura além do óbvio: os memoriais espalhados por quase 20 mil hectares.
Eles foram encomendados por Vitória para celebrar casamentos e conquistas de seus nove filhos ou para eternizar perdas profundas. O “Purchase Cairn”, erguido em 1852, marca a compra da propriedade. Outros, como o dedicado à Princesa Louise, refletem alianças familiares com as Terras Altas.

Segundo entrevista à BBC do historiador Ewen Cameron, da Universidade de Edimburgo, esses marcos ajudaram a construir o imaginário romântico da Escócia. A chamada “Balmoralização” traduziu-se em uma visão idealizada do país, reforçada por artistas como Edward Landseer, autor de O Monarca do Vale.
A Escócia sempre foi apresentada como selvagem e vazia, mas isso faz parte de uma construção cultural”, explica Cameron. Os memoriais de Balmoral são a prova física dessa visão.
A maior de todas as estruturas, conhecida como “A Grande Pirâmide da Escócia”, foi erguida no topo do Craig an Lurachain em homenagem a Albert. Para alcançá-la, é preciso enfrentar trilhas íngremes, atravessar florestas silenciosas e ouvir apenas o canto de pássaros e o zumbido de insetos.
Quando as árvores se abrem e a pirâmide aparece no horizonte, com a Royal Deeside ao fundo, a sensação é de descoberta — como um segredo do passado vitoriano que resiste ao tempo.
Visitar Balmoral, portanto, é mais do que explorar um castelo famoso: é seguir rastros de pedra que contam histórias íntimas e silenciosas de uma rainha e de uma nação. Esses marcos, ainda hoje, continuam a surpreender e a inspirar todos que se dispõem a procurá-los.



