Livro 'proibido' de Tiradentes será analisado para confirmar autoria

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Um importante episódio da história brasileira contra o domínio português, a Inconfidência Mineira, tem como grande protagonista Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes. Ele chegou a ser preso, como um dos líderes do movimento, julgado e executado no dia 21 de abril de 1792 — data esta que é feriado nacional até hoje, em sua homenagem.
Agora, mais de 230 anos após a morte do líder revolucionário, o Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, em Brasília, vai analisar o livro 'Recueil des Loix Constitutives des États-Unis de l’Amérique' — conhecido por muitos como "Livro do Tiradentes" — a fim de confirmar a autoria de anotações na obra, considerada proibida na época, como realmente de Tiradentes.
Para isso, a obra deve passar por exames grafológicos no Serviço de Perícias Documentoscópicas (SEP-DOC), que deve verificar se as anotações são de fato de Tiradentes. Esse livro, vale mencionar, é uma das peças mais emblemáticas em acervos de todo o Brasil, e é mantido no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, Minas Gerais.
Livro de Tiradentes
Segundo a CNN Brasil, o que é chamado de "Livro de Tiradentes" é basicamente uma coletânea das leis constitutivas dos Estados Unidos, que foram diretamente influentes na Inconfidência Mineira, segundo Alex Calheiros, diretor do museu. As anotações feitas por Tiradentes em questão estão nos Autos da Devassa, uma série de documentos judiciais da coroa portuguesa que incriminou os inconfidentes, que supostamente foram feitas à mão pelo revolucionário.
O livro, publicado entre 1776 e 1789, foi identificado como influência direta para os conjurados mineiros, e inclusive é mencionado várias vezes nos Autos da Devassa, segundo o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), e é considerado central na história da Conjuração Mineira pelo historiador Kenneth Maxwell.
Segundo os pesquisadores, a obra em questão supostamente esteve com Tiradentes no momento de sua prisão, e as anotações manuscritas teriam sido feitas por ele próprio nesse período, enquanto ele recorria a amigos para traduzir os trechos do francês, e marcava passagens que mais lhe interessavam.
"Se confirmada a autoria das anotações, o valor histórico, patrimonial e afetivo do bem se eleva enormemente, oferecendo novas camadas de entendimento sobre a atuação de Tiradentes e o pensamento iluminista que influenciou a Inconfidência", disse Alex Calheiros, por fim.



