Médico sírio é condenado à prisão perpétua por crimes contra a humanidade

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Um médico sírio de 40 anos, identificado como Alaa Mousa, foi condenado à prisão perpétua por crimes contra a humanidade cometidos durante os anos de 2011 e 2012 na Síria. O julgamento, realizado no Tribunal Regional Superior de Frankfurt, na Alemanha, durou quase três anos e meio e teve como base relatos detalhados de mais de 50 testemunhas.
Mousa, que trabalhou como médico júnior em um hospital militar e em uma prisão de inteligência nas cidades de Homs e Damasco, foi considerado culpado por duas mortes e oito casos de tortura grave.
Segundo o juiz Christoph Koller, o médico demonstrou comportamento sádico e prazer em infligir sofrimento às vítimas, que eram em sua maioria opositores do regime de Bashar al-Assad, perseguidos durante os levantes da Primavera Árabe. As informações são do portal The Guardian.
Durante o julgamento, as testemunhas relataram episódios de extrema violência, como espancamentos, torturas com fogo e até a administração de substâncias letais. Em um caso, Mousa injetou veneno em um prisioneiro que morreu diante de outros detentos. Em outro episódio, o médico queimou as genitálias de um adolescente de 14 anos.
O Ministério Público alemão pediu a pena máxima: prisão perpétua com detenção preventiva após o cumprimento inicial da pena, o que, na prática, significa que Mousa jamais terá direito à liberdade. Essa medida foi solicitada com base no risco que ele ainda representa para a sociedade. Durante todo o processo, a promotoria destacou a coragem das testemunhas, que, mesmo sob ameaças a elas e a seus familiares na Síria, relataram com riqueza de detalhes os abusos sofridos.
Prisão de Mousa
Mousa, que vivia na Alemanha há uma década e trabalhava como médico ortopédico em diversas clínicas, foi preso em 2020 após ser identificado por vítimas que o reconheceram em um documentário sobre Homs. A partir dessa denúncia, o processo foi iniciado com base no princípio da jurisdição universal, que permite que crimes de guerra sejam julgados em qualquer país, independentemente de onde foram cometidos.
Durante o julgamento, o réu manteve a cabeça baixa na maior parte do tempo e, vestindo um casaco preto com capuz, negou todas as acusações, alegando ser vítima de uma conspiração. Seus advogados tentaram desacreditar as testemunhas e pediram sua absolvição em relação aos assassinatos. O veredicto final ainda aguarda confirmação.


