Morre Clark Olofsson, o criminoso que inspirou a 'síndrome de Estocolmo'

Clark Olofsson, o lendário assaltante de bancos sueco cuja vida inspirou o termo "síndrome de Estocolmo", morreu aos 78 anos após uma longa doença. A morte ocorreu na última terça-feira, 24, no Hospital Arvika, em Holm, e foi confirmada por sua família ao jornal sueco Dagens ETC.

Figura controversa, Olofsson se tornou um nome conhecido não apenas na Suécia, mas em todo o mundo, após seu envolvimento no infame assalto ao banco Kreditbanken, em Estocolmo, em 1973. Durante o sequestro, transmitido ao vivo pela televisão — o primeiro crime do tipo na história sueca — Clark e seu comparsa Jan-Erik Olsson mantiveram quatro reféns por cinco dias.

O que chocou o mundo não foi apenas a ousadia do crime, mas a reviravolta emocional dos reféns: eles passaram a simpatizar com os sequestradores, chegando a defendê-los contra a polícia. O episódio deu origem ao termo "síndrome de Estocolmo", fenômeno psicológico em que vítimas desenvolvem vínculos afetivos com seus captores.

Aos 23 anos na época, a refém Kristin Ehnmark chegou a protestar contra a ordem da polícia para que os reféns saíssem antes dos criminosos. "Jan e Clark vão primeiro — vocês vão atirar neles se fizermos isso!", gritou ela.

Apesar das ameaças e do clima tenso durante o impasse, a conexão entre reféns e sequestradores intrigou o público e especialistas, e moldou a psicologia criminal nas décadas seguintes. Um relatório policial chegou a mencionar a descoberta de sêmen no carpete do banco, sugerindo relações íntimas durante o sequestro.

Mais crimes

Após o episódio, Olofsson foi condenado por roubo, mas sua carreira criminosa estava longe de terminar. Ele escapou da prisão de Norrköping em 1975, realizou um audacioso assalto em Copenhague empunhando duas pistolas, viajou pelo Mediterrâneo com o dinheiro e passou anos fugindo da polícia. Em 1976, voltou a protagonizar um feito ainda maior: o então maior assalto bancário da Suécia, roubando 930 mil coroas suecas em Gotemburgo. Capturado no mesmo dia, foi condenado a mais 10 anos de prisão.

Segundo o 'New York Post', a trajetória criminal de Clark atravessou décadas. Em 2009, foi preso por tráfico de drogas, cumprindo sua última pena até 2018.

Sua vida serviu de base para diversas obras audiovisuais. Em 2019, foi interpretado por Ethan Hawke no filme 'Estocolmo', ao lado de Noomi Rapace. Anos antes, participou como roteirista do longa sueco 'Clark' (1977), que também retrata suas façanhas.